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Rei do fast-fashion apoia revelação de empréstimos do BNDES

Flávio Rocha disse que o BNDES deveria revelar os empréstimos subsidiados fornecidos a empresas controladas por muitos bilionários do país

Flávio Rocha, presidente da Riachuelo: “eu não entendo por que um banco que lida com recursos do Tesouro deve ter sigilo bancário” (Studio Fernanda Calfat/Getty Images)

Flávio Rocha, presidente da Riachuelo: “eu não entendo por que um banco que lida com recursos do Tesouro deve ter sigilo bancário” (Studio Fernanda Calfat/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2015 às 16h53.

O rei do fast-fashion no Brasil, Flávio Rocha, disse que o BNDES deveria revelar os empréstimos subsidiados fornecidos a empresas controladas por muitos bilionários do país.

O Grupo Guararapes, império têxtil da família Rocha, estava entre os beneficiários dos empréstimos, tendo contratado pelo menos R$ 585 milhões em créditos do BNDES desde 2007, segundo dados divulgados na semana passada pelo banco de propriedade do Tesouro Nacional.

“Eu não entendo por que um banco que lida com recursos do Tesouro deve ter sigilo bancário”, disse Rocha, que é presidente da Riachuelo, braço varejista da empresa, em entrevista por telefone, de São Paulo. “Eu acho que é uma iniciativa muito boa do banco se abrir”.

Os detalhes dos empréstimos do banco -- R$ 320 bilhões (US$ 102 bilhões) no Brasil desde 2012, além de US$ 11,9 bilhões para empréstimos no exterior desde 2007 -- foram divulgados na semana passada em meio a uma pressão cada vez maior para revelação dos detalhes dos financiamentos.

O Grupo Guararapes planeja garantir novos empréstimos do BNDES para financiar pelo menos 18 por cento dos R$ 550 milhões que poderá investir neste ano, disse Rocha.

A participação majoritária da família Rocha na Guararapes Confecções SA, que tem capital aberto, está avaliada em cerca de US$ 1,1 bilhão.

A assessoria de imprensa do BNDES não respondeu imediatamente a um e-mail e a um telefonema para comentar o assunto.

Linhas de crédito

A divulgação de dados do banco, em 2 de junho, mostrou que mais de duas dezenas de bilionários do Brasil têm participações em empresas que receberam empréstimos ou investimentos do banco, sendo que a maior parte daqueles que tomaram empréstimos contaram com taxas abaixo do mercado pelo menos uma vez. Isso inclui a maior parte dos brasileiros que compõem o Bloomberg Billionaires Index.

Entre os empréstimos da Guararapes houve linhas de crédito com taxas de apenas 3,5 por cento, segundo dados divulgados pelo BNDES.

O dinheiro foi usado para expandir fábricas, centros de distribuição, lojas e escritórios.

Rocha disse que os empréstimos do BNDES ajudaram a empresa a contratar mais trabalhadores, levando sua folha de pagamento a 40.000 funcionários, muitos deles na região Nordeste, a mais pobre do Brasil. Neste ano a empresa planeja expandir seu centro de distribuição e seu espaço de armazenamento.

“Nos abrimos uma exceção a nossa regra de não endividamento bancário por causa dos juros mais atrativas do BNDES”, disse Rocha.

“Nossa expansão tem o potencial de criação de 100.000 empregos entre nossos fornecedores.”

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