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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
O presidente mundial da Renault, Carlos Ghosn, anunciou nesta quinta-feira (9/2), um amplo plano de reestruturação da montadora, com o objetivo de elevar as vendas e as margens de lucro. Batizado de "Plano Renault Contrato 2009", uma das metas do documento é elevar em 800 000 unidades as vendas da companhia até 2009. No ano passado, a empresa comercializou 2,533 milhões de veículos, um incremento de 1,7% sobre o ano anterior. Para tanto, uma das ações previstas é o lançamento de 26 modelos durante o período. O Brasil deve receber cinco deles, fabricados na unidade paranaense de São José dos Pinhais.
Durante a apresentação do plano, Ghosn justificou as medidas lembrando que a montadora encontra-se numa posição delicada. "A Renault não está em crise, mas permanece numa situação frágil. Sem uma resposta forte na direção correta, sua vulnerabilidade poderia levar a uma situação mais perigosa e, portanto, inaceitável", afirmou.
O comportamento das vendas é um exemplo. Na Europa, elas caíram 1,2% no primeiro semestre e 7,3% no segundo. Segundo o executivo, o resultado refletiu uma decisão da montadora de não entrar numa guerra de preços com as concorrentes, capaz de prejudicar sua imagem e os lucros. Fora da Europa, porém, as vendas cresceram à taxa de 21%, graças, em parte, ao sucesso do Logan - veículo criado para ser um produto mundial da empresa. Os mercados não europeus representaram 27% do total das vendas do grupo.
Embora o lucro líquido da companhia em 2005 - 2,252 bilhões de euros - tenha sido o maior de sua história, a receita líquida consolidada cresceu apenas 1,9%, para 41,3 bilhões de euros. Um ponto que incomodou particularmente Ghosn foi a pequena margem de lucro operacional de 3,2%, abaixo da média mundial do setor automotivo (3,6%). No ano passado, a Renault havia conseguido 5,2%.
Diversificação e operação enxuta
A reestruturação baseia-se em quatro pontos. O primeiro é a revitalização de seus principais modelos: Megane, Twingo, Kangoo e Master. O segundo é a ampliação da presença no segmento de veículos de luxo, com o lançamento de oito produtos nessa categoria. A empresa espera, assim, dobrar o número de carros vendidos na faixa de preço a partir de 27 000 euros - o piso da categoria luxo na Europa.
O terceiro ponto é diversificar o portfólio de produtos. A empresa espera lançar opções em segmentos nos quais ainda não atua, como veículos leves de carga, veículos com tração nas quatro rodas, modelos fora-de-estrada, entre outros. "Nosso leque de produtos é pequeno e não garante uma equilibrada fonte de lucros. O Megane representa mais de 50% do lucro da Renault. Essa forte dependência de um único produto é um fator de vulnerabilidade para a companhia", afirmou Ghosn.
O último ponto é a criação de veículos voltados para mercados não europeus. Dos 26 modelos a ser lançados, dois chegarão ainda em 2006; e outros oito, em média, serão apresentados ao mercado, por ano, entre 2007 e 2009. O Brasil receberá cinco modelos, mas não há previsão de quando começarão a chegar ao mercado. Sabe-se, apenas, que serão fabricados no Paraná, cuja planta atualmente opera com 60% de sua capacidade. No ano passado, a unidade brasileira fabricou 75 306 veículos.
Com essas medidas, Ghosn espera reduzir a dependência da Renault do mercado europeu. A meta é que, em 2009, a participação das vendas extra-Europa atinja 37% do total, contra os atuais 27%. Outra meta ambiciosa é a elevação da margem de lucro operacional para 6%, um nível nunca alcançado pela empresa. Sendo 2006 um ano de transição, porém, a expectativa é que a margem caia ainda mais até dezembro - para 2,5%.