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RedeTV! quer dominar o YouTube para atrair mais jovens

A divisão é voltada para jovens e conteúdo moderno, mas grande parte dos vídeos abusam do apelativo formato televisivo de exibir mulheres com pouca roupa

Raphael Ferreira e Daniela Tomé durante a gravação do piloto de um programa sobre maternidade, que estreará em breve no canal da RedeTV! no Youtube. (RedeTV!/Divulgação)

Raphael Ferreira e Daniela Tomé durante a gravação do piloto de um programa sobre maternidade, que estreará em breve no canal da RedeTV! no Youtube. (RedeTV!/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 19 de julho de 2018 às 08h00.

Última atualização em 19 de julho de 2018 às 08h41.

São Paulo – Os meios de comunicação mais tradicionais sofrem há anos com a competição das redes sociais na preferência dos mais jovens. Para recuperar o espaço perdido, a RedeTV! criou uma nova companhia para centralizar seus negócios e canais digitais.

A divisão digital, chamada Peanuts, irá contratar youtubers, produtores de conteúdo e influenciadores para criar programas voltados a um público mais jovem.

“A empresa já começa grande”, afirma Marcelo de Carvalho, apresentador, sócio e vice-presidente da RedeTV!. Todas as plataformas digitais da rede de televisão, como canais no YouTube, portal e redes sociais, serão transferidas para a nova unidade.

O investimento no projeto foi de 35 milhões de reais , com construção de estúdios, equipamento e contratação de pessoas. Nos últimos seis meses, a divisão digital cresceu cerca de 25% ao mês, em números de views e de usuários.

O primeiro programa feito especialmente para os canais digitais será o Entubados, um reality show em que youtubers ficarão confinados em uma casa. O lançamento será em setembro.

Há 4 milhões de inscritos no canal da RedeTV! no Youtube e os vídeos recebem cerca de 700 milhões de visualizações por mês.

Os novos canais serão voltados a entretenimento, culinária, viagens, futebol, entre outros.  Entre as playlists formadas pelo canal, estão notícias, programas esportivos e culinários. Algumas listas de vídeos, como a que organiza os episódios do programa Encrenca, a Tarde é Sua ou o jornal RedeTV News, tem centenas de vídeos.

Apesar de tentar atrair jovens com linguagem e conteúdo moderno, os vídeos que mais fazem sucesso usam e abusam do velho e apelativo formato televisivo de exibir mulheres com pouca roupa. Grande parte dos vídeos mostra "pegadinhas" do programa João Kléber. São mais de 1.800 vídeos, bem mais que em outras playlists.

Entre os títulos, estão "Chapeuzinho vermelho sexy anda só de lingerie e enfurece a mulherada" e "Loira tira a roupa para procurar brinco perdido e exibe bumbum perfeito".

Divisão digital

"Para as novas gerações, os principais canais de entretenimento e informação são online. Em vez de combater esse novo meio, precisamos agregar o formato digital à televisão aberta", afirma Carvalho.

A divisão entre o meio online e a televisão aberta é necessária, segundo ele, porque os dois meios têm estratégias de produção e divulgação, assim como objetivos econômicos, muito diferentes.

A principal diferença é em relação à concorrência. Ainda que a televisão aberta ainda seja destino da maior parte da publicidade no Brasil, há poucas empresas no segmento e a Globo recebe a maioria dos gastos publicitários. Já na internet, há milhares de canais, páginas e contas para seguir e já não importa mais tanto ter uma grande empresa por trás para produzir conteúdo.

Outra diferença é na produção do conteúdo. Enquanto um cenário para a televisão pode levar até três meses para ficar pronto, a produção de um cenário para o YouTube não leva mais de 30 dias (no caso das pegadinhas, alguns minutos). Os contratos firmados com youtubers também são, atualmente, mais baratos que os fechados com atores e apresentadores da casa.

Em dois anos, o faturamento dos canais digitais deverá ultrapassar o da televisão aberta, prevê o sócio da rede.

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