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Como reciclar produtos ‘não recicláveis’ com 7 programas gratuitos de reciclagem

Consumidor pode juntar produtos em casa ou no trabalho e enviá-los de graça para os programas oferecidos em parceria com fabricantes

Cápsulas de café: reciclagem está entre os programas ativos na TerraCycle atualmente. (TerraCycle/Divulgação)

Cápsulas de café: reciclagem está entre os programas ativos na TerraCycle atualmente. (TerraCycle/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2022 às 12h30.

Última atualização em 24 de novembro de 2022 às 12h35.

Bitucas de cigarro, gomas de mascar, fralda usada, esponja doméstica: tudo isso para você é… lixo, certo? Mas não para a TerraCycle, empresa global que também opera no Brasil, especializada em materiais considerados difíceis de reciclar

O propósito da companhia, que tem escritório em São Paulo, é exatamente eliminar a ideia de lixo, reciclando aquilo que aparentemente não é reciclável. Aparentemente. Porque, segundo a organização, a maior parte dos resíduos que geramos é tecnicamente reciclável – o problema é que apenas aquilo que dá lucro acaba sendo, na prática. 

Até as embalagens que têm o símbolo de reciclável estampado e são devidamente recolhidas na coleta seletiva, onde há esse serviço, vão parar em aterros ou lixões no país, por questões meramente econômicas ou de infraestrutura, como explica Renata Ross, gestora de marketing e relacionamento da empresa. 

“O material só será reciclado se a soma do custo de coleta e do custo de processamento for menor do que o valor de venda do material reciclado”, diz. Caso contrário, não há interesse do setor e ele será descartado junto com o lixo comum. 

“Além disso, para que um material seja reciclado é necessário que o consumidor o descarte adequadamente, que o município disponibilize algum sistema de coleta ou pontos de entrega, que exista na região uma cooperativa de reciclagem para separação e venda do material, que existam indústrias de reciclagem”, prossegue Renata.

Como funciona a TerraCycle?

A TerraCycle, entretanto, consegue implementar soluções específicas para evitar esse descarte porque trabalha com fabricantes e empresas que financiam o processo de reciclagem. 

O foco são produtos e embalagens pós-consumo complexos, isto é, feitos com diferentes tipos de materiais que dificultam seu processamento e, por isso, não possuem valor no mercado de resíduos.

TerraCycle: sede da empresa em Trenton, nos Estados Unidos (TerraCycle/Divulgação)

7 programas gratuitos de reciclagem: como participar?

Para o consumidor, o grande destaque da empresa são os programas gratuitos, em que qualquer pessoa pode enviar, de forma simples e sem custo, embalagens e produtos classificados como de difícil reciclabilidade. Atualmente, há sete programas em andamento: 

Cada programa tem suas especificações (peso mínimo, por exemplo) e, para participar, basta criar uma conta no site da empresa, se inscrever no programa selecionado, usar uma caixa para coletar os itens e, quando ela estiver cheia, baixar e imprimir uma etiqueta de remessa pré-paga para enviar a caixa pelo correio. 

Seguindo o mesmo processo, todo cidadão pode criar um ponto público de coleta desses materiais no trabalho, no condomínio em que mora, na escola dos filhos, entre amigos. Como administrador, a pessoa escolhe o local, decide de quais programas de reciclagem vai participar, gerencia o ponto de coleta e envia os resíduos coletados para a TerraCycle com as etiquetas de envio pré-pagas. 

O que acontece com os materiais coletados?

Renata conta que, recebidos os resíduos, o processo começa com o setor de pesquisa e desenvolvimento, formado por cientistas internos e especialistas em aplicação de materiais.

“Esta equipe analisa os materiais para determinar a maneira correta de processá-los em algo novo. Isso inclui como decompor os resíduos, separá-los em categorias de composição e, em seguida, reciclar esses materiais para novas aplicações”.

Após garantir que os resíduos sejam reciclados e transformados em matéria-prima, eles são direcionados para empresas que fabricam produtos finais, completando o ciclo da reciclagem. 

Esses produtos finais podem ser, por exemplo, regadores, lixeiras, móveis para exteriores e decks, pallets de transporte de plástico, recipientes para armazenamento, ladrilhos, pisos emborrachados para atletismo, playgrounds, tubos para aplicações em construção e muitas outras coisas. 

“Ao reciclar, apoiar a produção de itens a partir de conteúdo reciclado, você reduz a necessidade de extração de materiais virgens do planeta. Esse impacto evitado não é pequeno; para um produto médio, mais de 90% do impacto ambiental vêm da extração e refinamento das matérias-primas das quais é feito”, ressalta a gestora de marketing e relacionamento.

Pás feitas de esponjas Scotch-Brite recicladas: resíduos de difícil reciclagem são transformados em matéria-prima para novos produtos. (TerraCycle/Divulgação)

Impacto ambiental e social 

Além de destinar para a reciclagem esses materiais que não são aproveitados na coleta seletiva tradicional dos municípios, beneficiando o meio ambiente, quem envia os resíduos para os projetos de logística reversa da empresa ainda colabora com instituições sem fins lucrativos e escolas públicas por meio de um programa de pontos, que são convertidos em doações. 

“Atualmente, nossos programas impactam cerca de 2,3 milhões de pessoas de maneira direta e já garantiram que mais de 37 milhões de unidades de resíduos fossem encaminhadas para reciclagem, itens que, por serem complexos, fatalmente seriam depositados em lixões, aterros sanitários ou mesmo na natureza. E já propiciaram a doação de mais de R$ 660 mil para escolas públicas e instituições”, compartilha Renata.

No mundo, o impacto direto da TerraCycle é de cerca de 203 milhões de pessoas: já reciclou cerca de 7,8 bilhões de resíduos classificados como não recicláveis e doou aproximadamente US$ 45 milhões para escolas e instituições.

A gestora lembra, por fim, que a empresa está contribuindo na resolução da crise dos resíduos por meio de soluções inovadoras de reciclagem e reutilização, mas que a solução definitiva é que as pessoas comprem menos e apoiem uma economia circular.“O consumidor tem um poder enorme nas mãos. À medida que percebe que, ao comprar um produto ou serviço, está colaborando para a manutenção de um determinado modelo de negócios, ele se coloca como protagonista nessa relação”, diz.

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