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Rappi ou Amazon? O plano por trás das 8 aquisições do Magazine Luiza

Aquisições tornam o Magalu muito mais que uma varejista e um dos objetivos é criar um superaplicativo, para ser acessado com frequência pelos consumidores

Magalu: Para aumentar ainda mais a interação e a frequência de compras, o Magalu adquiriu o AiQFome, plataforma de delivery de refeições (Leandro Fonseca/Exame)

Magalu: Para aumentar ainda mais a interação e a frequência de compras, o Magalu adquiriu o AiQFome, plataforma de delivery de refeições (Leandro Fonseca/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 17 de outubro de 2020 às 08h00.

Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 12h54.

Logística, meios de pagamento, marketing e até delivery de refeições. O Magazine Luiza está incorporando cada vez mais serviços dentro de sua plataforma, para desenvolver o seu ecossistema de lojas físicas, comércio eletrônico e marketplace. 

Com oito compras nos últimos meses meses, as aquisições tornam o Magalu muito mais que uma varejista. Um dos objetivos é criar um superaplicativo, para ser acessado com frequência pelos consumidores - a exemplo do que acontece com o Rappi, startup colombiana que incorpora serviços de delivery a profissionais de beleza e aluguel de apartamentos. O Magalu incorpora cada vez mais categorias de produtos - o auge da diversificação ocorreu com a compra do AiQFome, plataforma de delivery de refeições.

Outro alto é trazer mais eficiência e rapidez para a empresa, por exemplo, ao eliminar a necessidade de se dirigir ao caixa para fazer pagamentos, com a aquisição de uma empresa de meios de pagamento. Com a entrada de milhares de vendedores em seu marketplace, a empresa também expandiu sua capacidade logística, com outras duas aquisições. Assim, se aproxima da Amazon, conhecida pela eficiência das entregas de seu marketplace. 

As possibilidades não param por aí. Com uma posição robusta de caixa e apetite para compras, o ecossistema do Magazine Luiza deve ficar cada vez mais forte. 

Delivery

Parte do segredo do Magalu está no desenvolvimento do super aplicativo. Para aumentar ainda mais a interação e a frequência de compras, o Magalu adquiriu o AiQFome, plataforma de delivery de refeições que opera em 350 cidades e tem volume geral de vendas de 700 milhões de reais. São 2 milhões de clientes e 17.000 restaurantes cadastrados.

“O objetivo é transformar o aplicativo em um superapp. Temos mais de 30 milhões de usuários ativos mensais no nosso app Magalu, e nessa estratégia temos investido em aumento de sortimento. Sabemos que o pedido de comida no delivery é cada vez mais recorrente e a aquisição do AiQFome reforça a frequência de uso”, disse, na ocasião da compra, Roberto Bellissimo, CFO do Magazine Luiza. 

Indústria

Uma das aquisições do Magalu para fortalecer seu marketplace é a plataforma Hubsales, que permite que indústrias vendam diretamente ao consumidor, um segmento conhecido como Factory to Consumers (F2C). Assim, as indústrias ganham um contato mais próximo com o consumidor por um custo menor e com menos intermediários, podem listar seu catálogo no site e fazer a gestão dos pedidos e até de marketing. Em troca, o Magalu recebe uma comissão pelo serviço além da taxa por vendas. O Hubsales já gerencia mais de 700.000 pedidos anualmente, com volume geral de vendas de 100 milhões de reais.

Publicidade

Para permitir que os vendedores encontrem ainda mais facilmente os consumidores por meio do marketing, o Magalu adquiriu duas empresas de mídia. Com a compra  das empresas Unilogic Media Group e Canal Geek Internet (Canaltech) e da plataforma Inloco Media, unidade de negócio da Inloco Tecnologia da Informação, entra no segmento de publicidade online.

Dentro da ferramenta de anúncios online Magalu Ads, o Canaltech criou a CT Lab, uma agência publicitária focada em criação de conteúdo e projetos especiais para grandes empresas. A companhia está trazendo profissionais jovens, fluentes na linguagem usada na internet, para criar peças publicitárias para todas as empresas do grupo, como Netshoes e Época Cosméticos. 

Uma consequência pode ser reduzir a dependência do Magalu de plataformas digitais como Google e Facebook. Com a novidade, o Magalu passa a ter fôlego para construir um ecossistema completo entre anúncios online e offline e conversão de venda por meio de conteúdo, marketing e geolocalização.

Meios de pagamento

Depois de lançar o MagaluPay, meio de pagamento usado por consumidores e vendedores, a empresa traz ainda mais serviços para sua plataforma. Um exemplo de serviço que passou a ser oferecido aos vendedores por meio de uma aquisição é o da Stoq, que oferece diversas opções de pagamento para pequenos e médios varejistas - e fortalece ainda mais sua divisão de pagamentos MagaluPay. Em lojas físicas, é possível receber o pagamento de qualquer lugar, onde o cliente estiver, para diminuir filas e eliminar a fricção do processo de compra. Em 2019, mais de 250 milhões de reais passaram pelas soluções de PoS da Stoq.  

Logística

Com milhares de vendedores entrando em seu marketplace, o Magalu aumenta a oferta de serviços de logística para seus parceiros - também por meio de aquisições. A GFL Logística, plataforma de logística para o comércio eletrônico, e a SincLog, tecnologia usada por ela, passaram a fazer parte do portfólio da varejista. As empresas, que atendem 600 municípios com 850 motoristas, serão usadas para acelerar os prazos de entrega, com a coleta de itens para os vendedores e o "last mile", delivery na casa do consumidor. 

Educação

Por fim, o Magalu anunciou esta semana a compra da plataforma de cursos ComSchool, buscando ampliar e fortalecer a capacidade de negócios dos 32.000 vendedores cadastrados em seu marketplace. Fundada em 2008, a ComSchool oferece cerca de 200 cursos nas áreas de marketing digital, e-commerce e redes sociais.

As aquisições não param por aí. Com uma posição de caixa de 7,5 bilhões de reais, outras compras devem ser anunciadas. Em agosto, na divulgação de resultados do segundo trimestre, o presidente executivo do Magazine Luiza, Frederico Trajano, disse para o mercado não se surpreender com as futuras aquisições. “É muito amplo o espectro [de alvos de aquisição] quando se tem visão tão abrangente quanto a nossa. Não é qualquer peça que se encaixa no quebra-cabeça, mas podemos comprar todo tipo de empresa. Não se surpreendam”, disse. 

O executivo citou exemplos de rivais como a Amazon.com, que fez aquisições de empresas em áreas que incluem robótica e rede de mercearias. “Em toda a crise tem uma seleção natural. É oportunidade para quem tem operação redonda”, afirmou Trajano.

 

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