Raia Drogasil: maior farmacêutica varejista do país nega discurso de crise e está otimista para 2017 (EXAME)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de dezembro de 2016 às 09h54.
São Paulo - Líder no varejo farmacêutico do País, a Raia Drogasil, resultado da fusão entre as redes Raia e Drogasil, em 2011, tem um discurso otimista para o ano que vem, contrariando o cenário sombrio pintado pela maior parte das empresas.
"Vamos manter nosso plano de expansão para 2017. A crise não está afetando os nossos negócios", diz Marcilio Pousada, presidente da varejista.
Em 2017, a rede prevê ampliar a bandeira Farmasil, voltada para a classe C, e apostará na prestação de serviço na farmácia, como medição de pressão, teste de glicemia e aplicação de vacinas. Para isso, ainda aguarda o aval definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo:
Muitas empresas passaram por forte crise em 2016 e estão cautelosas para 2017. Como foi para a Raia Drogasil?
Vamos manter nosso plano de expansão. Como em toda a fusão, há um processo de melhoria em curso. Focamos nisso nos últimos anos e tivemos um 2016 muito bom. Tínhamos um plano de expansão para realizar, que era abrir 200 lojas no ano, e vamos seguir no mesmo ritmo (de abertura de lojas) em 2017.
Mas o ano foi de recessão, que foi agravado pela crise política. A Raia Drogasil passou ilesa?
Digo novamente: o vetor de crescimento do nosso negócio é o envelhecimento das pessoas. Não tem crise econômica que mude isso. Já passamos por várias recessões. O fato é que as pessoas estão se cuidando mais. Na crise, compram mais medicamento genérico (mais barato), por exemplo.
Mas o grupo está apostando na bandeira Farmasil, voltada à classe C. Isso é reflexo da crise?
Não. Criamos essa bandeira há quatro anos para atender os consumidores das classes menos favorecidas. Nas lojas Raia e Drogasil, há outras preocupações, como oferecer estacionamento e maior conveniência, por exemplo. A Farmasil é para atender à classe C2, cuja renda ainda está crescendo, longe dos grandes centros. Temos 18 lojas (4 abertas em 2016). E é nossa aposta para atender a esse segmento de mercado. Não é por causa de crise. É que não tínhamos um formato claro para atender a esse mercado. Hoje, essa bandeira está só em São Paulo, mas expandiremos.
É para concorrer com bandeiras independentes?
Não. É para estar lá (marcar presença). Tem produtos específicos para esse mercado. Podemos até oferecer marcas de primeira linha, mas vamos priorizar preço. Já nas bandeiras Raia e Drogasil, estamos trabalhando o formato de lojas. Em 2016, abrimos, no caso da Raia, duas lojas de 350 metros quadrados, com mais opção de perfumaria - uma na Avenida Paulista e outra em Alphaville.
Nenhum plano foi revisado por causa da crise?
Não revisamos a meta para 2017. Para abrir 200 novas lojas, já temos 200 gerentes e 200 supervisores bem treinados. Por isso passamos pela crise: temos uma maneira única de operar. Somos cerca de 29 mil funcionários, com 1,4 mil lojas em 18 Estados.
Pretendem ir para Estados onde não estão presentes?
Ainda não temos presença na região Norte. No Nordeste, não estamos no Maranhão, no Piauí e no Ceará. Abrimos um centro de distribuição no Recife para atender a região.
Qual a principal diferença entre as bandeiras Raia e Drogasil?
Ambas são voltadas a saúde e beleza. A Raia tem vocação para experiência do consumidor, para a mulher que busca novidade. Por isso, aumentamos a linha de beleza e maquiagem. Já a Drogasil tem expertise em medicamentos. É na Drogasil que passaremos a vender serviços farmacêuticos: tirar pressão, testes de glicemia e vacinas. Estamos esperando a regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Começamos esse atendimento na Drogasil em seis lojas e vamos expandir.
Há grupos farmacêuticos, como a BR Pharma, do BTG, à venda. A Raia vai participar da nova consolidação do setor?
Fizemos o movimento que tínhamos de fazer e nosso crescimento será orgânico. Não há muitas oportunidades para aquisição no momento.
E a entrada de estrangeiros? A CVS (dona da Onofre) não expandiu como o esperado...
O modelo de negócio no Brasil é diferente. Nossa referência não é a CVS. É mais a Boots (rede inglesa).
O que deu errado para eles?
O varejo, para quem olha de fora, parece simples, mas não é. O ciclo de controle de estoque, por exemplo, é rigoroso.
Como é a convivência com acionistas controladores?
A gente tem uma governança toda única. Todos têm visão clara de longo prazo. Todo mundo olha não para o agora, mas a longo prazo. Mas houve assédio pela rede...
Todo mundo olha. Tem grandes fundos entrando e outros saindo (ele nega negociação).
Como será a farmácia do futuro no Brasil?
O cliente vai usar mais aplicativos. Ao sair do médico, vai poder reservar seu medicamento pela internet e buscar na loja e terá seu prontuário.