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Em briga pela Eletropaulo, questionamento da Enel revolta Neoenergia

Segundo fonte, disputa esquentou após Enel acionar a CVM e divulgar carta contra acordo entre a elétrica e uma de suas rivais pelo negócio, a Neoenergia

Eletropaulo: empresa anunciou acordo de investimento pelo qual a Neoenergia comprometeu-se a comprar a totalidade de uma emissão primária de ações (Germano Lüders/EXAME/Exame)

Eletropaulo: empresa anunciou acordo de investimento pelo qual a Neoenergia comprometeu-se a comprar a totalidade de uma emissão primária de ações (Germano Lüders/EXAME/Exame)

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Reuters

Publicado em 23 de abril de 2018 às 20h40.

Última atualização em 5 de junho de 2018 às 10h34.

São Paulo - A disputa pela aquisição da distribuidora de energia paulista Eletropaulo esquentou ainda mais após uma das interessadas, a italiana Enel, acionar a Comissão da Valores Mobiliários (CVM) e divulgar uma carta pública contra um acordo entre a elétrica e uma de suas rivais pelo negócio, a Neoenergia, disse à Reuters uma fonte próxima às tratativas.

A Eletropaulo anunciou em 16 de abril um acordo de investimento pelo qual a Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, comprometeu-se a comprar a totalidade de uma emissão primária de ações em preparação pela empresa e ainda lançar uma oferta pública de aquisição do controle ou até da totalidade das ações da distribuidora.

A Enel apresentou no mesmo dia uma oferta pública para aquisição das ações da Eletropaulo, mas no último domingo a empresa divulgou um anúncio em grandes jornais brasileiros em que acusou o acordo entre a distribuidora e a Neoenergia de conferir "tratamento privilegiado a um participante" na disputa pela compra da empresa, o que segundo ela "frustra o processo competitivo".

A italiana também acionou a CVM, que chegou a enviar um ofício à Eletropaulo para questionar o sentido econômico de a empresa preparar uma oferta de ações em um momento em que há uma forte disputa por sua aquisição.

Além de Enel e Neoenergia, a brasileira Energisa também chegou a fazer uma oferta pública de aquisição pela elétrica paulista, embora inferior ao das rivais.

"A Enel poderia ter sido a âncora e não foi, ela apresentou uma proposta para participar da oferta primária da Eletropaulo... eles (da Iberdrola e da Neoenergia) estão revoltados porque entendem que ela está tentando mudar a regra depois de perder o jogo", afirmou a fonte, que falou sob a condição de anonimato porque não tem autorização para discutir o assunto em público.

A fonte adicionou que o posicionamento publicado pela Enel na imprensa foi visto como "desleal" e "pouco profissional" e acirrou uma disputa entre a italiana e o grupo espanhol Iberdrola que tem contornos globais, com as empresas disputando posições em diversos países.

Quem vencer a concorrência pela compra da Eletropaulo deverá se consolidar como líder em distribuição de eletricidade no Brasil no lugar da atual primeira colocada, a CPFL, controlada pela chinesa State Grid.

A Eletropaulo disse nesta segunda-feira, em resposta ao questionamento da CVM, que a Enel apresentou uma oferta para participar de sua emissão primária, analisada na mesma reunião do Conselho de Administração da companhia que optou por assinar acordo com a Neoenergia.

"Convém destacar, que a Enel formulou proposta similar... que não foi aceita... por seus termos e condições serem menos vantajosos para os acionistas da companhia do que a proposta da Neoenergia", afirmou a distribuidora, que ressaltou ainda avaliar ser "perfeitamente justificada" sua opção de seguir adiante com a oferta primária.

A Reuters publicou em 23 de março que a Enel Brasil havia apresentado uma proposta para eventual participação em oferta primária da Eletropaulo.

Procurada, a Enel não comentou de imediato.

A Neoenergia disse que não iria comentar por estar em período de silêncio. A companhia adicionou que irá se posicionar sobre o tema por meio de fatos relevantes.

A maior oferta na mesa pela compra da Eletropaulo atualmente é a da Neoenergia, que ofereceu comprar a totalidade da oferta primária da distribuidora por 25,51 reais por papel e lançar posteriormente uma proposta de 29,40 reais por ação para os demais acionistas, para ficar com o controle da companhia.

A Enel ofereceu 28 reais por ação para comprar até a totalidade das ações da Eletropaulo, além de um compromisso de injetar ao menos 1,5 bilhão de reais na empresa em uma operação similar à oferta primária em preparação, mesmo que não tenha sucesso em sua oferta de aquisição.

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