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Quem são os (desconhecidos) novos donos da Alpargatas

Novos controladores estão relacionados aos investimentos da família Moreira Salles

ALPARGATAS: companhia foi vendida pelo grupo J&F por 3,5 bilhões de reais  / Germano Lüders/EXAME.com (Alpargatas/Divulgação)

ALPARGATAS: companhia foi vendida pelo grupo J&F por 3,5 bilhões de reais / Germano Lüders/EXAME.com (Alpargatas/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 13 de julho de 2017 às 16h28.

Última atualização em 14 de julho de 2017 às 10h08.

São Paulo – A Alpargatas, dona da Havaianas, foi vendida pela J&F, holding controladora da JBS, por 3,5 bilhões de reais.

Os novos controladores da companhia são a Itaúsa – Investimentos Itaú S.A., Cambuhy Investimentos e a Brasil Warrant Administração de Bens Empresa S.A (BW).

A vendedora, J&F, é bastante conhecida do mercado. Dona da JBS, Vigor, Banco Original e Eldorado Celulose, entre outros, seus sócios estão envolvidos em escândalo de corrupção e buscam vender ativos.

A Alpargatas também é reconhecida como dona dos chinelos Havaianas, além da marca Osklen e licença exclusiva da marca Mizuno no Brasil e em alguns países da região. Com quatro fábricas no país e sete na Argentina, a companhia teve receita líquida de 4 bilhões de reais no ano passado.

Entre os novos controladores está a Itaúsa, holding que concentra decisões financeiras do Itaú Unibanco e de outras empresas. Por ser uma empresa de capital aberto, o mercado acompanha de perto as decisões e o desempenho trimestral da companhia. Já sobre o fundo Cambuhy e a BW, pouco se sabe.

As histórias das três empresas compradoras se misturam e se encontram em diversos pontos, costuradas por investimentos da família Moreira Salles, fundadores do banco Unibanco, que se fundiu com o Itaú em 2008.

Itaúsa

A Itaúsa é uma holding que concentra as decisões financeiras de um grupo de empresas em áreas como os setores financeiro, indústrias de painéis de madeira, louças e metais sanitários, química e eletrônica. As empresas do grupo são a Duratex, Elekeiroz, Itautec, Itaú Unibanco, Itaú BBA, Itaú Cultural, Itaú Sustentabilidade, Itaú Numismática e Fundação Itaú Social.

O braço de investimentos do Itaú foi criado em 1966 como Banco Federal Itaú de Investimentos S.A.. Com sua expansão, passou a ser a empresa líder das instituições financeiras do Itaú.

Foi em 1991 que incorporou definitivamente o nome Itaúsa. Em 2008, o Itaú se uniu ao Unibanco, tornando-se Itaú Unibanco.

No ano passado, teve lucro de 8,2 bilhões de reais e 59 bilhões de ativos sob sua gestão.

Brasil Warrant Administração de Bens e Empresas S.A. (“BW")

A Brasil Warrant é uma empresa com origem bem mais antiga. Há mais de 100 anos, em 1909, foi criada a Brazilian Warrant Company, uma empresa de capital inglês com atividade no país.

Além de operações financeiras, a empresa atuava na agropecuária, com plantações e comercialização de arroz, açúcar, café, entre outros. Era dela a Companhia Agrícola e Pastoril d’Oeste de São Paulo (CIAPOSP).

Em 1924, comprou, do político Carlos Leôncio de Magalhães, conhecido como Nhonhô Magalhães, uma fazenda no interior de São Paulo, na região de Matão, chamada de Fazenda Cambuhy.

Segundo o livro de Luiz Marques Bueno, "Memórias da Fazenda: A História da Fazendas do Cambuhy", a região chegou a abrigar mais de 2 milhões de pés de café, gado e plantação de algodão e mais de 4 mil trabalhadores.

Em 1956, a BW foi adquirida pela família Moreira Salles. Em 1971, o grupo criou a "Brasil Warrant Administração de Bens e Empresas S.A." e, em 1998, a "BW Gestão de Investimentos".

Fundo Cambuhy

A gestora de investimentos Cambuhy nasceu em 2011, mas o nome é bem mais antigo. Ela foi batizada em homenagem à fazenda onde foi selado o acordo de sua criação, a mesma citada no item anterior.

O comitê de investimentos da empresa reúne os fundadores da companhia.

Marcelo Medeiros, ex-sócio do banco Garantia, têm 31,4% de participação. Pedro Moreira Salles, ex-presidente do Unibanco e copresidente do conselho do Itaú, também possui 31,4%. Marcelo Barbará, com 12,6%, é ex-CEO da RB Capital e Pedro Bodin, também com participação de 12,6%, é sócio da Icatu Holding S.A. e da Ventor Investimentos.

A Cambuhy "é uma companhia de investimento cuja proposta é comprar empresas ou participações de companhias com oportunidades de crescimento, sempre com horizonte no longo prazo", diz ela. Hoje, ela agrega sete sócios.

Incluindo a transação de Alpargatas, companhia já alocou cerca de R$ 2 bilhões em participações em empresas.

 

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