Kuba Áudio: empresa brasileira já está nos ouvidos de figuras como Pabllo Vittar
Repórter
Publicado em 17 de janeiro de 2025 às 09h56.
Última atualização em 17 de janeiro de 2025 às 11h17.
Os fones de ouvido são nossos fiéis escudeiros no dia a dia: isolam o barulho do mundo, colocam trilha sonora na rotina e até ajudam a disfarçar quando não queremos conversar.
Mas, convenhamos, eles também são um teste diário de paciência. Os fios se enrolam, o bluetooth decide que não vai conectar e, pior, um simples cabo quebrado pode condenar o fone inteiro ao lixo. A boa notícia? Nem todo mundo se conforma com essa lógica.
Foi pensando nesses dramas que o especialista em áudio Leonardo Drummond criou a Kuba Áudio com a sócia, Eduarda Vieira. A marca de fones brasileira promete durar, ser mais justa com o consumidor e — pasme — deixar você substituir apenas o que quebrou, sem precisar começar do zero. Isso faz com que o produto seja, essencialmente, infinito.
“Sempre fui muito crítico em relação à qualidade de som. A ideia da Kuba surgiu porque eu não encontrava produtos que atendiam o que eu buscava em termos de som e durabilidade”, diz o fundador Leonardo Drummond. O carioca é um nome reconhecido no universo do áudio: no YouTube, tem mais de 35 milhões de visualizações e 310 mil inscritos no canal Mind the Headphone, que avalia tudo que envolve o mercado de áudio.
Com faturamento de R$ 6 milhões em 2024, a Kuba cresce lentamente num mercado extremamente competitivo. Para crescer, Drummond apostou na venda de fones sob medida para empresas e artistas. Tem funcionado bem até agora: no último ano, ganhou destaque na mídia ao oferecer seus produtos para figuras como Pabllo Vittar, e Casimiro e, falando de empresas, até para a TV Globo.
O plano final é ser tão grande quanto as gigantes americanas JBL e Sony, que dominam o mercado de fones de ouvido premium. A proposta dessas marcas é um produto de maior durabilidade e com som de qualidade, mas, claro, por um valor de no mínimo R$ 200. Para Drummond, essa lógica está longe de ser sustentável ou justa para o consumidor.
“É um mercado acomodado. As marcas produzem equipamentos que quebram por problemas simples, como um cabo com defeito, forçando o consumidor a comprar um modelo novo. É como se você tivesse que jogar seu carro fora porque furou um pneu”, diz o fundador da Kuba.
A ideia por trás dos fones modulares da Kuba é justamente quebrar esse ciclo das gigantes do setor. Com peças substituíveis e atualizáveis, o consumidor pode reparar ou até melhorar seu equipamento ao longo do tempo, reduzindo custos e evitando o desperdício.
A ideia dos fones modulares também garante clientes fiéis. Quem adquiriu o modelo Disco em 2016, por exemplo, pode transformar o fone com a compra de um arco Bluetooth ou outras peças atualizadas. “Hoje, acessórios e peças de reposição já representam 20% das nossas vendas mensais”, diz o cofundador.
Os fones da Kuba custam a partir de R$ 500. Já as peças separadas que podem ser compradas posteriormente custam entre R$ 45 e R$ 120. O mais caro é o arco com função bluetooth, que custa R$ 799.
A decisão de fabricar no Brasil trouxe desafios. A Kuba depende de importação para cerca de 20% dos componentes, como cabos e alto-falantes, mas desenvolve e monta o restante no país. O objetivo da empresa é aumentar a produção nacional e alcançar a sofisticação desejada com mais de 90% de componentes fabricados localmente.
“Produzir hardware aqui é empreender no modo hard. Enfrentamos custos altos, incertezas no processo de importação e limitações de fornecedores locais”, diz Drummond. Ainda assim, ele destaca que a fabricação nacional permite maior controle sobre a qualidade e um vínculo mais próximo com os consumidores.
Apesar de restrições na escala de produção, a Kuba tem planos ambiciosos para 2025. A empresa pretende explorar o mercado internacional e ampliar sua capacidade para atender à demanda reprimida. “Temos mais gente querendo comprar do que conseguimos atender”, diz Drummond.
Para Drummond, a Kuba não busca apenas competir com gigantes do setor, mas transformar a relação das pessoas com os fones de ouvido. “Nosso produto é mais do que um equipamento de som. Ele é uma ponte entre a música e a vida de quem a escuta”, afirma.
Formado em design de produto, Leonardo Drummond uniu sua paixão por música e qualidade de som à sua formação acadêmica para criar fones que atendem às necessidades de quem valoriza uma boa experiência sonora. O projeto de conclusão do curso, que envolvia o desenvolvimento de um fone de ouvido, foi o ponto de partida para a criação da marca em 2014.
Natural do Rio de Janeiro, Leonardo sempre foi criterioso com o som. Ainda em 2009, antes de iniciar sua empreitada empresarial, começou a fazer resenhas sobre fones de ouvido na plataforma Orkut.
O que era um hobby evoluiu para um blog, depois para um site, até se transformar em um dos maiores canais do mundo no YouTube sobre o tema. O canal Mind the Headphone, que completou 10 anos de existência em outubro de 2023, acumula mais de 35 milhões de visualizações e 310 mil inscritos.
Além de ser uma plataforma de referência para entusiastas de áudio, o canal tem um papel central na jornada de Drummond. Ele mantém um compromisso com a honestidade ao analisar produtos concorrentes, destacando as qualidades e limitações dos fones, inclusive os da própria Kuba. “Eu sempre deixo claro que nossos fones não são para todos. Indico alternativas quando sei que outro modelo será mais adequado”, afirma.