A Vai de Bet é apenas uma das casas dentro de guarda-chuva batizado de Betpix N.V, com mais quatro empresas no setor (Agência Corinthians/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 16h54.
Última atualização em 17 de janeiro de 2024 às 10h34.
O anúncio do novo patrocinador máster do Corinthians veio com um mix de otimismo e surpresa. Em meio a discussões sobre quem arrecada os maiores valores em patrocínio no futebol brasileiro, o alvinegro paulista comunicou que um novo parceiro investirá R$ 360 milhões ao longo dos próximos três anos. O contrato coloca o time paulista na liderança do posto neste momento.
A surpresa com o valor foi acompanhada pelo nome da parceira, a Vai de Bet. A empresa está longe de nomes conhecidos entre as casas de apostas, como Betano, Bet365, Sportingbet.
Até mesmo da Pixbet, patrocinadora com a qual o Corinthians está rompendo para fechar com a nova marca. A Vai de Bet vai cobrir a multa de R$ 20 milhões.
No novo contrato, o time do Parque São Jorge receberá R$ 10 milhões por mês, mais R$ 10 milhões de luvas, somando R$ 370 milhões ao longo de 36 meses.
O desconhecimento em relação ao novo patrocinador levou até o presidente do Corinthians a garantir que o contrato tinha passado pelo escrutínio das áreas jurídicas e de compliance do clube.
“Não vamos fazer nada sem o jurídico aprovar, sendo que nosso departamento de inteligência aprovar. Vai ser diferente. Tudo o que for feito vai ser para errar o menos possível ou não errar. Foi depositado ontem R$ 20 milhões. Começa-se o primeiro dia de cada mês e deposita R$ 10 milhões", afirmou Augusto de Melo, em coletiva neste domingo, 7.
Procurada pela EXAME, a assessoria de imprensa alegou conflitos de agenda para os executivos não concederem entrevista.
No mercado desde setembro de 2022, a empresa está sediada em Curaçao, tradicional destino para as casas de apostas criadas por brasileiros. Como o Brasil não permitia até recentemente a operação dessas empresas em território nacional, os empresários encontraram na ilha holandesa no Caribe o espaço de onde operar.
Para se posicionar no mercado, a Vai de Bet escalou o cantor sertanejo Gusttavo Lima, embaixador da plataforma desde os primeiros dias e quem estará nas ativações do patrocínio ao Corinthians. Ele não tem participação societária, de acordo com a assessoria da empresa.
O investimento para a criação da Vai de Bet tem origem em Campina Grande, na Paraíba. Quem está por trás do negócio é José André da Rocha Neto.
O empresário é herdeiro do ramo imobiliário e tem mais de 30 empresas vinculadas ao seu nome, 27 delas ativas entre aquelas descritas como matriz e filiais. Segundo o site Transparência, a razão social das empresas soma R$ 19,3 milhões.
A mais antiga é a Torre Forte Construções, um empreendimento na área de incorporação imobiliária, de 2011, e a mais recente a Celiforte Construções e Incorporações, criada em 2020, ambas com atuação na capital paraibana.
Na esteira do crescimento do mercado de apostas esportivas, a partir de 2019, o empresário de 36 anos procurou ampliar as áreas de atuação e investir no setor.
A Vai de Bet é apenas uma das casas dentro de um guarda-chuva batizado de Betpix N.V. O grupo inclui ainda as marcas Betpix365, Betpix, Obabet e Pix365.
Há ainda outras operações para apoiar a nova frente, como a Join US. Criada em janeiro de 2023, a empresa funciona como um call center para atender os usuários das plataformas e responder eventuais dúvidas.
Um mês antes, o empresário tinha fundado a Supreme Marketing e Publicidade. A agência é a única criada fora do estado natal do empresário e está sediada em Barueri, município do estado de São Paulo.
Desconhecida de muitos apostadores, a Vai de Bet e o seu fundador foram lembrados pela CPI da manipulação das partidas de futebol, realizada ao longo ano passado.
Rocha Neto teve um pedido de convocação pela comissão para prestar esclarecimentos sobre o emprego de tecnologia para evitar fraudes no uso da plataforma.
No período, o deputado Luciano Vieira, do PL do Rio de Janeiro, solicitou a quebra do sigilo das contas bancárias da Vai de Bet e uma prestadora de serviços, a ZenetPay, "a fim de investigar, possíveis práticas criminosas na movimentação bancária das apostas". O pedido não prosperou. No relatório final da CPI, nenhuma das empresas é citada, assim como não aparecem outras casas de apostas.