Negócios

Quem é Steve Yang, o homem que levou a Hyundai ao topo

Executivo, que renunciou à presidência da montadora, conseguiu fazer a sul-coreana sair da crise global como uma ameaça às grandes

O ex-presidente Steve Yang: por motivos pessoais, executivo deixa a empresa onde trabalhou por 34 anos (Sam Greenwood/Getty Images)

O ex-presidente Steve Yang: por motivos pessoais, executivo deixa a empresa onde trabalhou por 34 anos (Sam Greenwood/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2011 às 17h30.

São Paulo - Um dos setores que mais sofreram com a quebradeira americana iniciada após a falência do Lehman Brothers, no final de 2008, foi o automotivo. Até então hegemônicas, General Motors, Chrysler e Ford começaram a perder força e entrar em colapso. Outras grandes também viram suas margens encolherem.

No meio desse caos, a sul-coreana Hyundai era uma das poucas que conseguia manter a estabilidade e até sair ganhando em meio à crise. À frente da empresa estava Steve Yang, que tinha assumido o posto de presidente em 2009, quando a crise se acentuava. Nesta sexta-feira, Yang anunciou sua saída da empresa por motivos pessoais.

O anúncio dividiu opiniões. Nem sempre “motivos pessoais” querem dizer isso mesmo – em muitos casos, escondem possíveis divergências internas. Outra possibilidade é o fechamento de um ciclo comum à Hyundai, que costuma manter seus presidentes por um período de dois ou três anos – Yang ficou por dois anos no cargo.

Ultrapassagem - Fato é que o executivo de 57 anos – 34 deles na Hyundai – fez com que a montadora deixasse de ser mera coadjuvante no setor. Uma das ações mais controversas de Yang, durante o auge da crise, foi aceitar de volta carros de cliente que por ventura perderam o emprego nos Estados Unidos, além de generosos pacotes de garantia para incentivar o consumo.

A empresa também se beneficiou da fraqueza de sua moeda, o won, que fez com que seus produtos tivessem um preço mais competitivo do que outros países. Yang continuou com a expansão agressiva: novos carros e novas fábricas, principalmente em mercados emergentes como China, Rússia e Índia.

A combinação dessas estratégias fez da Hyundai uma das poucas a encontrar uma brecha para crescer em meia às incertezas do cenário global. A montadora coreana entrou no mercado americano apenas em 1986, inicialmente dedicada à produção de carros pequenos e baratos, pouco atraentes para os americanos. No entanto, na última década, a Hyundai melhorou a qualidade e o design de seus veículos. Com isso, a participação da Hyundai e da Kia no mercado dos Estados Unidos passou de 3,3%, em 2001, para 7,7%, em 2010.


Em dobro - No primeiro semestre do ano, a Hyundai teve lucro recorde de 3,8 bilhões de dólares (justiça seja feita, parte se deve à Kia, adquirida pela ex-rival em 1998). As exportações saltaram 11%. Em março, Yang disse numa entrevista que a Hyundai estava dando uma pausa no forte crescimento dos últimos anos, antes de embarcar numa nova etapa de expansão de fábricas.

No Brasil, por exemplo, a chegada de uma planta ainda está nos planos da empresa, apesar da alta do IPI. “Agora é hora de olhar os erros no nosso sistema. Acreditamos que estamos operando bem, mas precisamos checar”, disse ele na ocasião.

Yang começou a carreira na Hyundai Heavy Industries, hoje a maior fabricante de embarcações do mundo. Antes de assumir o cargo de presidente, comandou as operações da siderúrgica Hyundai Steel, a quarta maior da Coréia do Sul. Agora, o posto de Yang será dividido entre Kim Choong-ho e Kim Seung-tack, que cuidarão dos negócios nacionais e internacionais, respectivamente.

O conselho da Hyundai escolherá um novo presidente-executivo. A divisão de cargos mostra que Yang valia por dois, o que torna a missão de encontrar um executivo à altura bem difícil.

Acompanhe tudo sobre:AutoindústriaEmpresasEmpresas coreanasgestao-de-negociosHyundaiIndústriaIndústrias em geralMontadorasSucessão

Mais de Negócios

Esta startup capta R$ 4 milhões para ajudar o varejo a parar de perder dinheiro

Ele criou um tênis que se calça sozinho. E esta marca tem tudo para ser o novo fenômeno dos calçados

30 franquias baratas a partir de R$ 4.900 com desconto na Black Friday

Ela transformou um podcast sobre namoro em um negócio de R$ 650 milhões