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Quem é o grupo paulista que comprou a rede de varejo da Paquetá por R$ 90 milhões

Calçadista gaúcha está em recuperação judicial e colocou suas 63 lojas em uma unidade produtiva isolada para levantar recursos

Loja da Paquetá: 63 unidades de varejo foram vendidas para Grupo Oscar (Paquetá/Divulgação)

Loja da Paquetá: 63 unidades de varejo foram vendidas para Grupo Oscar (Paquetá/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 18 de agosto de 2023 às 12h33.

Última atualização em 18 de agosto de 2023 às 15h10.

Empresa paulista com 40 anos de atuação e sede em São José dos Campos, o Grupo Oscar comprou o braço de varejo da calçadista gaúcha Paquetá. O negócio de Sapiranga, a 60 quilômetros de Porto Alegre, está em recuperação judicial e separou suas 63 lojas em uma unidade produtiva isolada (UPI). Com isso, conseguiu colocar as operações à venda para levantar recursos para a companhia. 

A compra aconteceu por leilão. O Grupo Oscar ofereceu 90 milhões de reais em uma modalidade chamada de stalking horse, quando já há um comprador de referência. Inclusive, a empresa já tinha financiado parte deste valor à Paquetá e estabelecido em contrato que, caso a compra não se realizasse, poderia reaver a parcela emprestada com um acréscimo. 

A aquisição deve somar entre 20% e 25% do faturamento do grupo paulista, que passa a ter 2.800 funcionários e 178 unidades. 

Quem é o Grupo Oscar

O Grupo Oscar completou 40 anos em 2022 e possui uma rede com mais de 110 lojas. São quase 2.000 funcionários. Atualmente, as lojas do Grupo Oscar estão espalhadas pelo interior de São Paulo, Vale do Paraíba, Triângulo Mineiro, Joinville (SC), Alagoas e Paraíba.

Entre as marcas de lojas do Grupo Oscar estão Oscar Calçados, Constantino e Diadora.

Com a aquisição da rede da varejo do Grupo Paquetá, ganhará novos mercados, principalmente no Sul do país, onde a Paquetá tem forte presença. Além da marca Paquetá, há também outras duas redes que também entraram na venda: Paquetá Esportes e Gaston.

“O Grupo Paquetá é muito forte no Sul e faz parte da memória afetiva do consumidor, os clientes reconhecem todas as marcas do grupo, além da ampla linha de produtos”, diz Bruno Constantino, CEO do Grupo Oscar Calçados. “O nosso objetivo agora é garantir a eficiência da operação e executar o plano de integração da marca”.

Além da expansão via aquisição, o Grupo Oscar também está apostando em tecnologia e startups. Conforme a EXAME noticiou, um grupo liderado pela Oscar Calçados vai investir R$ 20 milhões em startups que curam dores do varejo.

Como foi a compra

A compra aconteceu por leilão, mas em uma modalidade diferenciada. Como a Paquetá está em recuperação judicial, ela precisou separar a operação de varejo em uma unidade produtiva isolada (UPI), um mecanismo que permite a venda de ativos durante a reestruturação da empresa.

Além disso, o leilão já aconteceu com o Grupo Oscar como comprador de preferência. Isso porque a calçadista paulista financiou parte dos 90 milhões de reais antecipadamente para a Paquetá manter suas operações, e garantiu a preferência na hora de fazer a aquisição. Não houve outros lances.

Grupo Oscar foca no Sul

A ação faz parte da estratégia de expansão e fortalecimento da varejista no Sul do Brasil. “A região, em termos mercadológicos, é muito importante para o setor calçadista e a Paquetá é um dos principais players locais", comenta Constantino. "O nosso objetivo é seguir com a expansão nas regiões Sul e Sudeste e nos tornarmos um dos maiores varejistas de calçados do Brasil”.

Como está a recuperação judicial da Paquetá

A Paquetá entrou em recuperação judicial em 2019. À época, declarou dívidas de 638,5 milhões de reais. Na petição inicial, disse que enfrentou aumento nos custos de produção, o que afetou o volume de seu lucro bruto e determinou que a empresa operasse em nível inferior àquele necessário para cobrir a totalidade de seus custos. Também disse que não conseguia repassar todos os custos para consumidores pelo cenário de recessão do país.

Nos últimos meses, a empresa também apresentou dificuldades para pagar salários em dia, situação que começou a contornar com o início do processo de venda do braço de varejo. Com isso, a companhia focará na indústria. Hoje, tem fábricas no Sul e no Nordeste do país.

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