Negócios

Quem é o empresário que perdeu a disputa pela TAP

Germán Efromovich formou um império na água e no ar, com as empresas Marítima e Avianca, comprando companhias à beira da falência e aviões abandonados

German Efromovich, presidente da Avianca, antiga OceanAir, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (Germano Luders/EXAME/Exame)

German Efromovich, presidente da Avianca, antiga OceanAir, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (Germano Luders/EXAME/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 12 de junho de 2015 às 17h47.

São Paulo - Depois de anos tentando comprar a TAP, o empresário Germán Efromovich perdeu a disputa para David Neeleman, dono da Azul.

Efromovich, dono da Avianca, estava há quase três anos tentando abocanhar a companhia aérea portuguesa, em processo de privatização. A compra seria bem do seu perfil. O dono da Avianca tem um faro especial para empresas quebradas ou em dificuldade. 

Formou um império na água e no ar, com as empresas Marítima e Avianca, comprando companhias à beira da falência e aviões abandonados.

Mesmo sem dinheiro, hospedava-se em hotéis cinco estrelas para impressionar clientes e firmava compromissos que não conseguia cumprir.

Hoje, sua holding Synergy Group é um conglomerado industrial com base no Rio de Janeiro, que atua em exploração de petróleo, companhias aéreas, geração de energia e no setor de telecomunicações.

Origem

Apesar de atualmente ser dono de grandes empresas, a história de Efromovich começou em uma família pobre, fugindo da guerra.

Seus pais, judeus poloneses, escaparam do país europeu após a Segunda Guerra Mundial, em direção à América do Sul. Primeiro, vieram para a Bolívia, onde Germán Efromovich nasceu em 1948, e depois para o Chile.

Quando ele estava com 14 anos, a família se mudou para São Paulo, no Brasil, onde finalmente se estabeleceu. Efromovich naturalizou-se brasileiro e começou a trabalhar ainda adolescente, vendendo enciclopédias e como dublador de filmes e como professor.

Formou-se na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), em engenharia mecânica e abriu uma escola em São Bernardo do Campo, onde oferecia cursos de supletivo. Um de seus alunos de matemática foi, inclusive, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Império no mar

Na década de 1990, criou a Marítima. Até 1994, a pequena empresa fazia vistorias em equipamentos submarinos. Segundo reportagem da revista Veja, a empresa funcionava numa casa ao pé de uma favela num subúrbio do Rio de Janeiro.

Menos de um ano depois, a insignificante Marítima, cujo patrimônio não chegava a 1 milhão de dólares, começar a ganhar quase todas as concorrências da Petrobras para a construção de plataformas de perfuração e exploração de petróleo, afirma a reportagem.

Sem experiência em grandes contratos, Germán Efromovich montou um império na área de petróleo, ao lado de seu irmão José Efromovich.

Em 2001, no entanto, o império marítimo ficou manchado por conta de um acidente. Em março de 2001, a plataforma P-36, que tinha sido entregue à Marítima, sofreu duas explosões. 11 pessoas morreram e 1500 toneladas de óleo afundaram na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.

As disputas judiciais pela responsabilidade do acidente se estenderam por anos. Por esse motivo e por atrasos nas entregas, a Petrobras cancelou os contratos com a companhia.

Hoje, a Marítima estende os braços por outros nove países. É apenas uma das companhias do Synergy Group.

A vida no ar

Seu interesse pela aviação começou por causa de uma dívida. Para não receber um calote, ele recebeu dois aviões como pagamento.

Com eles, transportava funcionários das petrolíferas para Macaé, no norte do Estado do Rio de Janeiro. A OceanAir nasceu em 2002, tendo seu irmão José Efromovich como sócio. Em 2010, a companhia foi renomada para Avianca Brasil. Atualmente, o presidente é seu irmão, José.

Elevar a OceanAir de uma companhia de táxi aéreo a uma empresa de aviação regular foi uma pechincha. Comprou aviões Fokker-100, que estavam parados no deserto nos EUA, por um preço muito baixo, apesar dos conselhos de que o avião tinha má fama por estar associado a diversos acidentes.

Ele também adquiriu modelos depreciados e fora de linha de empresas como a antiga Rio Sul, da extinta Varig.

O empresário comprou a Avianca, uma companhia colombiana que estava na falência, em 2004. "Pegamos essa empresa na lona", disse ele, em entrevista à Folha de S.Paulo. Fundiu-se com a Taca, de El Salvador, cinco anos mais tarde.

A um jornal português, afirmou que "a crise é o melhor momento para se iniciar um negócio".

Apesar de ter sua imagem manchada no Brasil, a Colômbia o vê de maneira completamente diferente. Lá, ele é o empresário que Avianca da falência. Ganhou do ex-presidente Álvaro Uribe mais uma cidadania, a colombiana.

Além das cidadanias colombiana e brasileira, o empresário também conseguiu a polonesa, país de origem de seus pais, em 2012.

A naturalização foi um movimento para melhorar sua posição na concorrência pela TAP, disputa que acabou perdendo.

Acompanhe tudo sobre:AviaçãoAviancaAzulcompanhias-aereasEmpresasEmpresas portuguesasEnergiaPetróleoSetor de transporteTAP

Mais de Negócios

“Reputação é o que dizem quando você não está na sala”, reflete CEO da FSB Holding

EXAME vence premiação de melhor revista e mantém hegemonia no jornalismo econômico

Clube dos bilionários: quem tem mais de US$ 100 bilhões em patrimônio?

Ele fatura R$ 500 milhões ao colocar Floripa na rota do luxo discreto