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Quem é o bilionário chinês que lucrou com a crise da carne de porco

Patrimônio de Qin Yinglin quadruplicou em 2019 para US$ 8,6 bi devido à alta no valor da carne de porco na China

Porcos: preço do porco no varejo mais do que dobrou este ano, segundo dados do Ministério do Comércio da China, impulsionando a mais alta taxa de inflação para o consumidor em sete anos no país (Daniel Acker/Bloomberg)

Porcos: preço do porco no varejo mais do que dobrou este ano, segundo dados do Ministério do Comércio da China, impulsionando a mais alta taxa de inflação para o consumidor em sete anos no país (Daniel Acker/Bloomberg)

AO

Agência O Globo

Publicado em 16 de dezembro de 2019 às 07h43.

Última atualização em 16 de dezembro de 2019 às 07h46.

Hong Kong/ Nova York — A crise no mercado de carne de porco na China, em decorrência à peste que derrubou a produção de suínos no país, levou preocupação aos consumidores por ter impulsionado a inflação a sua maior alta em anos no mês passado, mas ainda tem grandes vencedores. O maior deles é Qin Yinglin, que fez fortuna criando porcos.

Presidente da Muyuan Foodstuff, ele viu seu patrimônio líquido mais do que quadruplicar de valor este ano para US$ 8,6 bilhões, levando o empresário a ser classificado como a fortuna que cresce mais rápido no Índice de Bilionários da Bloomberg, ranking que lista as 500 pessoas mais ricas do mundo.

O preço do porco no varejo mais do que dobrou este ano, segundo dados do Ministério do Comércio da China, impulsionando a mais alta taxa de inflação para o consumidor em sete anos no país, enquanto uma epidemia da febre africana suína levou à morte milhões de animais.

O lucro da Muyuan saltou 260% no terceiro trimestre, na comparação com igual período de 2018, puxado principalmente pela alta no preço dos suínos. A empresa e outros grandes produtores do setor ganharam participação de mercado na medida em que os negócios menores foram forçados a encerrarem suas atividades em meio a grandes prejuízos, segundo a Fitch Ratings.

"Algumas empresas estão em grande dificuldade porque não conseguem ampliar seus rebanhos", disse Li Chen, analista da Fitch. "Mas há empresas que estão obtendo enorme lucro."

Qin não é o único lucrando com a crise. Outros avançando são o Grupo WH, listado na Bolsa de Hong Kong, o maior produtor de suínos do mundo, e o New Hope, criador de porcos e fabricante de ração para esses animais.

O presidente deste último grupo, Liu Yonghao, tem agora uma fortuna de US$ 11 bilhões, quase o dobro do que dispunha no fim de 2018.

A maior parte da fortuna de Qin vem de uma fatia de 60% do capital da Muyuan. Ele detém as ações, juntamente com a mulher dele, por meio do Grupo Industrial Muyuan, de acordo com o relatório financeiro do terceiro trimestre de 2019 da companhia.

Qin, natural de Henan, nasceu em 1965 e tem um diploma em criação animal pela Universidade Agrícola da província, segundo informações da página da companhia na internet.

Ele trabalhou para uma empresa estatal logo após se formar, mas deixou esse emprego após três anos para começar um negócio de criação de porcos em sua cidade natal, Nanyang. Ele iniciou a empresa com apenas 22 animais. Hoje, sua companhia abate aproximadamente cinco milhões de porcos por ano.

A Muyuan vinha desinfetando caminhões, esterilizando a ração dos animais no calor e filtrando o ar nas fazendas para prevenir o contágio pela febre africana suína, disse Qin ao “South China Morning Post” em uma entrevista concedida em março.

A doença, para a qual não existe vacina aprovada, pode ser falta para os porcos mas não afeta a saúde humana.

"A febre suína traz tando benefício quanto dano", declarou Qin na entrevista. "Temos de enfrentar esse violento furacão e transformá-lo em uma grande oportunidade para o nosso desenvolvimento."

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