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Quem é Leo Kryss, bilionário brasileiro que processa imobiliária por não revelar nome de Jeff Bezos

Ex-presidente da fabricante de eletrônicos Evadin, Kriss foi sócio da TecToy e da holding financeira Tendências

Kryss afirma que não ter sido informado de que Bezos era o comprador, o que o fez vender o imóvel por um valor inferior ao que poderia ter conseguido (Andrew Harrer/Bloomberg/Getty Images)

Kryss afirma que não ter sido informado de que Bezos era o comprador, o que o fez vender o imóvel por um valor inferior ao que poderia ter conseguido (Andrew Harrer/Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 14h40.

Última atualização em 12 de setembro de 2024 às 15h02.

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Conhecido pelo modelo discreto e avesso a aparições, o empresário brasileiro Leo Kryss voltou a ganhar os holofotes com a divulgação de que está movendo um processo contra a corretora imobiliária Douglas Elliman, responsável pela venda de sua mansão em Indian Creek, Miami, para Jeff Bezos, fundador da Amazon

Faz alguns anos que o nome de Kryss não circulava tanto na mídia. 

Nascido na Alemanha, Kriss se mudou com 10 anos para o Brasil, onde morou e comandou negócios por algumas décadas. Desde 2013, o empresário mora em Miami com a esposa e os quadrigêmeos. 

A trajetória no mundo empresarial começou em um negócio familiar, criado nos anos 1950. O pai fundou a fabricante de eletrônicos Evadin, uma das primeiras empresas a se instalar na Zona Franca de Manaus. Entre as atividades, a companhia montava os televisores da Mitsubishi e celulares da Motorola. 

Após a morte do pai na década de 1970, Kriss, recém-formado em economia no Illinois Institute of Technology, nos EUA, assumiu o comando do negócio. Uma reportagem do Estado de S. Paulo chegou a registrar o empresário sendo premiado como o Homem do Ano pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em 1996, ano em que a Evadin faturava US$ 1 bilhão.

Neste período, o empresário já dividia o tempo com investimento em outras operações. O bilionário entrou como sócio da fabricante TecToy, conhecida por produtos como videogame e o karaokêEm paralelo, foi um dos controladores da Tendência, holding financeira com gestora e banco.

Além de empresário, Kriss construiu fama e era considerado uma “lenda” entre os operadores do mercado de capitais. Nos anos 1980, ele duelava Naji Nahas, conhecido pela quebra da Bolsa de Valores do Rio, como um dos maiores especuladores da Bolsa brasileira.

Uma reportagem do GLOBO de junho de 1989 registrava que Kriss, em apenas uma operação de exercício de opções, tinha lucrado US$ 10 milhões com ações da Vale em fevereiro daquele ano.

O que aconteceu?

Kryss afirma que não ter sido informado de que Bezos era o comprador, o que o fez vender o imóvel por um valor inferior ao que poderia ter conseguido. A propriedade, inicialmente listada por R$ 480,1 milhões (US$ 85 milhões), foi vendida por R$ 447 milhões (US$ 79 milhões), resultando em uma diferença de R$ 33,96 milhões (US$ 6 milhões).

De acordo com a Business Insider, a mansão, localizada em uma das áreas mais exclusivas de Miami, foi vendida em junho de 2023, meses após Bezos adquirir uma outra propriedade ao lado por R$ 384,88 milhões (US$ 68 milhões). Indian Creek, conhecida como "Billionaire Bunker" por abrigar algumas das pessoas mais ricas do mundo, incluindo Tom Brady e Jared Kushner, é uma ilha privada com segurança reforçada e propriedades avaliadas em dezenas de milhões de dólares. Ao todo, a ilha conta com 41 lotes ao redor do Indian Creek Golf Club.

Kryss colocou sua propriedade à venda em maio de 2023. A casa, com sete quartos, incluía diversas comodidades, como cinema particular, adega, biblioteca e piscina. Apesar de suspeitar que Bezos estava interessado no imóvel, Kryss foi informado pela Douglas Elliman que o comprador não era o fundador da Amazon e que a oferta máxima seria de R$ 447 milhões (US$ 79 milhões). Com a venda concluída por esse valor, Kryss alega que a omissão da intenção de Bezos de adquirir propriedades vizinhas o privou de obter um preço mais elevado.

Não é incomum que compradores de alto patrimônio, como Bezos, ocultem suas identidades em negociações imobiliárias para evitar que o valor do imóvel seja inflacionado. Indian Creek, que foi considerada em 2021 o bairro mais caro dos Estados Unidos, é um exemplo dessa prática comum no mercado de luxo. Com forte segurança e lotes exclusivos, o local é altamente cobiçado por bilionários que buscam privacidade e conforto em um dos destinos mais caros do mundo.

Leo Kryss busca, no tribunal, compensação financeira pela suposta perda de valor causada pela falta de transparência na negociação. Bezos, que agora possui três propriedades na ilha, incluindo uma adquirida por R$ 509,4 milhões (US$ 90 milhões) em abril de 2024, segue expandindo suas posses em Indian Creek, enquanto a disputa judicial entre Kryss e a corretora Douglas Elliman avança.

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