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Quem é a Temu, a varejista chinesa que ameaça o reinado da Shein

A plataforma de vendas on-line de produtos muito baratos se tornou um fenômeno de vendas no mercado americano

Tamu: plataforma lidera no mercado americano por conta da ampla variedade de produtos (Lam Yik/Bloomberg)

Tamu: plataforma lidera no mercado americano por conta da ampla variedade de produtos (Lam Yik/Bloomberg)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 13 de novembro de 2023 às 14h44.

Última atualização em 13 de novembro de 2023 às 16h29.

Ainda pouco conhecida no Brasil e até pouco tempo ignorada por muitos consumidores nos Estados Unidos, a Temu, plataforma de vendas on-line de produtos muito baratos – de roupas e acessórios a eletrônicos e utilidades domésticas – se tornou um fenômeno de vendas no mercado americano.

Segundo dados da Bloomberg, que mede as transações com cartão de crédito e débito nos EUA, o site movimentou o dobro em vendas do que a Shein em setembro passado.

Quem são os investidores por trás da Temu?

A Temu é a versão internacional do Pinduoduo, uma das maiores plataformas de e-commerce da China. A receita de sucesso combina preços extremamente baixos com uma presença vibrante em redes sociais.

Em maio deste ano, as vendas da Temu nos EUA superaram as da Shein pela primeira vez, com uma dianteira de 20% frente à rival. Quatro meses depois, em setembro, o faturamento da Temu já era o dobro da Shein no mercado americano.

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Por que a Tamu se tornou um fenômeno de vendas?

A ampla variedade de produtos oferecidos é "indiscutivelmente o fator mais significativo" para impulsionar a Temu à frente da Shein, avalia Fatima Linares, analista da Euromonitor International:

- Em um momento em que a crise contínua do custo de vida exige compras mais conscientes do orçamento, os utensílios de cozinha e eletrônicos da Temu, com preços entre US$ 5 e US$ 10, têm forte apelo.

Segundo o Morgan Stanley, a empresa vende itens que vão de robô aspirador a conjuntos de tintas aquarela por preços até 70% mais baixos do que produtos semelhantes oferecidos na Amazon. E ainda oferece, nos EUA, frete grátis sem exigência de valor mínimo de compra.

Com essa estratégia agressiva, a empresa ainda opera no vermelho. Segundo projeção da consultoria Sanford C. Bernstein, o prejuízo operacional da Temu deve chegar a US$ 3,65 bilhões este ano, apesar das vendas globais estimadas em US$ 13 bilhões.

A Shein, que tem uma presença global muito maior, relatou US$ 22,7 bilhões em vendas no ano passado. E, estimam analistas, teve rentabilidade recorde no primeiro semestre.

Marketplace da Shein conta com 10.000 lojistas e representa 50% das vendas no Brasil

Embora sejam sempre comparadas, as duas empresas têm perfil distintos. A Shein vinha operando até agora principalmente sob sua própria marca e se especializa em moda, enquanto a Temu atua como intermediária, permitindo que os consumidores comprem de jeans a facas e fones de ouvido diretamente dos fornecedores.

Ambas, no entanto, dependem de extensas redes de cadeia de suprimentos na China e estão em uma batalha constante por talentos, fornecedores e influenciadores. A Temu tem contratado funcionários da Shein, oferecendo triplicar sua compensação.

Lingyi Zhao, analista-chefe de varejo e e-commerce na SWS Research, acredita que há muito espaço para tanto Temu como Shein crescerem, diante da ainda baixa penetração dos e-commerces chineses no mercado global. Mas, no caso da Temu, após 12 meses fenomenais, devem começar a surgir, entre os consumidores, preocupações com a qualidade dos produtos, prevê Zhao.

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A empresa também está se aventurando em cenários legais e políticos drasticamente diferentes ao que está acostumada à medida que se expande para mais países, acrescenta Zhao.

A Temu foi um dos principais aplicativos baixados nos dispositivos da Apple na maioria dos dias este ano, em outro termômetro do sucesso da plataforma. A disputa acirrada com a Shein coincide com uma mudança no perfil da varejista de moda, que começa a oferecer produtos além dos obtidos em sua própria rede de fornecedores.

A Shein também oferece encomendas mais robustas à sua cadeia de produção. Segundo um veterano que atua no mercado de suprimentos a vestuário em Guangzhou, na China, é comum ver um fabricante receber um pedido anual de US$ 50 milhões da Shein, enquanto aqueles que trabalham com a Temu geralmente garantem nada mais que US$ 15 milhões.

Nos EUA, a Shein tenta estabelecer uma presença em lojas físicas e comprou recentemente uma participação na Forever 21.

A Temu, por sua vez, enfrenta um escrutínio crescente de autoridades governamentais dos Estados Unidos em relação aos potenciais riscos de segurança de dados para os consumidores americanos. Montana, o primeiro estado a proibir o uso do TikTok pela sua população, recentemente proibiu também a Temu. E o Google suspendeu o aplicativo Pinduoduo depois de descobrir malware em versões não autorizadas do software.

E há críticas tanto para a Temu quanto para a Shein pelo aumento do desperdício produzido pela chamada moda descartável. Lidar com tais preocupações será "uma das tarefas mais desafiadoras", avalia Fatima Linares, da Euromonitor.

- Em algum momento, o modelo atingirá sua maturidade e o aspecto de novidade que inicialmente atraiu os consumidores diminuirá.

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