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Queda de lucros da Adidas mostra preocupações além da Copa

A receita da unidade de golfe TaylorMade despencou, e a fortaleza do euro está abrindo um buraco nas vendas e nos lucros


	Adidas lança camisas retrô de seleções da Copa: as previsões de lucro estão mantidas para este ano, mas é 2015 que preocupa os analistas
 (Divulgação/Adidas)

Adidas lança camisas retrô de seleções da Copa: as previsões de lucro estão mantidas para este ano, mas é 2015 que preocupa os analistas (Divulgação/Adidas)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 14h59.

Frankfurt - A Adidas AG, a segunda maior fabricante de bens esportivos do mundo, informou um declínio dos lucros no primeiro trimestre que mostrou que a empresa tem mais motivos de preocupação do que apenas a venda de bens aos torcedores na Copa do Mundo.

A receita da unidade de golfe TaylorMade despencou, e a fortaleza do euro está abrindo um buraco nas vendas e nos lucros em uma empresa que obtém menos de um terço dos seus negócios da Europa Ocidental, segundo cifras publicadas hoje.

“Um declínio de 35 por cento nos lucros por ação em um trimestre que deveria ter se beneficiado pelo menos um pouquinho com a chegada iminente da Copa do Mundo é decepcionante”, disse Michael Kuhn, analista do Deutsche Bank AG, em uma nota para clientes.

Com o início da Copa do Mundo no mês que vem, a Adidas manteve as previsões de vendas e lucros para este ano. É o ano que vem que preocupa os analistas.

A empresa prevê vendas de 17 bilhões de euros (US$ 23,7 bilhões); os analistas esperam somente 15,9 bilhões de euros, segundo a média de 26 analistas compilada pela Bloomberg.

“Consideramos que as metas da empresa para 2015 são muito ambiciosas”, disse Michael Gorny, analista da Bankhaus Lampe, em uma nota de pesquisa publicada em 25 de abril, acrescentando que ele não espera que a empresa cumpra as metas antes de 2016.

A Adidas também prognosticou uma margem de lucros operacionais de 11 por cento para 2015.

A receita da TaylorMade, fonte de quase 9 por cento das vendas do grupo, caiu 38 por cento no primeiro trimestre – resultado de descontos maiores, disse a empresa.

“Ajudamos um pouco os varejistas com reduções de preços e atividades de promoção para vender a totalidade do inventário atual”, disse o CEO da Adidas, Herbert Hainer, em entrevista por telefone.

Encolhimento do mercado

A unidade de golfe está alterando os lançamentos de produtos e as programações de envio numa tentativa de deter a queda, que em parte reflete o encolhimento do mercado nos EUA para esse esporte.

Também foram realizadas diversas mudanças na gestão. No mês passado, o ex-diretor de golfe, Mark King, foi nomeado presidente dos negócios da Adidas na América do Norte e Ben Sharpe se tornou o CEO da TaylorMade.

Ao mesmo tempo, a Adidas está se preparando para enfrentar a rival Nike Inc., de maior tamanho, pela supremacia nas vendas de chuteiras de futebol, uniformes, bolas e roupa esportiva.

A Nike obteve mais de US$ 2 bilhões em vendas de itens de futebol no ano fiscal finalizado em maio do ano passado. A Adidas estabeleceu uma meta de 2 bilhões de euros (US$ 2,8 bilhõe) para este ano.

A Adidas planeja iniciar sua maior “ofensiva” futebolística neste mês com a iminência da Copa, disse o CEO. O campeonato global, que começa em 12 de junho no Brasil, levará a melhores resultados a partir do segundo trimestre, disse ele.

Investidor inquieto

A renda líquida da Adidas, com sede em Herzogenaurach, Alemanha, caiu 34 por cento no primeiro trimestre, para 204 milhões de euros, abaixo da estimativa média de 218,8 milhões de euros em uma pesquisa da Bloomberg.

As vendas caíram 6 por cento para 3,53 bilhões de euros, comparadas com a estimativa média de 3,61 bilhões de euros.

Pelo menos um investidor está ficando inquieto. A Union Investment, que possui um pouco mais de 1 por cento da Adidas, disse nesta semana que planeja retirar seu apoio aos conselhos executivo e supervisor da empresa na reunião anual da Adidas em 8 de maio.

O grupo de investimento disse que quer “sacudir” a empresa e está preocupado com a crescente participação de mercado da Nike na Alemanha e na Europa como um todo.

A Union também disse que é “incompreensível” que a Adidas tenha prolongado o contrato de Hainer até 2017 enquanto procura seu sucessor.

Na entrevista telefônica de hoje com jornalistas, Hainer disse que ele tentará “recuperar a confiança da Union Investment”, mas que estava “surpreso” pelas críticas, dado o forte desempenho das ações, os pagamentos de dividendos e a lucratividade da Adidas nos últimos anos.

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