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Queda das bolsas não abala EBX, diz Eike

Eike afirmou que as empresas do grupo EBX estão sendo punidas por investidores porque a maior parte delas ainda está no estágio de implantação

As empresas do grupo EBX, que devem investir 15,5 bilhões de dólares em 2011 e 2012, estiveram entre as maiores baixas registradas na Bovespa (Andre Valentim/EXAME)

As empresas do grupo EBX, que devem investir 15,5 bilhões de dólares em 2011 e 2012, estiveram entre as maiores baixas registradas na Bovespa (Andre Valentim/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2011 às 23h32.

São Paulo - O bilionário Eike Batista disse na segunda-feira que o seu grupo EBX, que atua nos setores de energia, mineração e transporte, continua sólido e possui um caixa "abundante" para realizar seus investimentos, apesar da queda no valor das suas ações nos últimos dias.

Eike, homem mais rico do Brasil e oitavo do mundo, afirmou que as empresas do grupo EBX estão sendo punidas por investidores porque a maior parte delas ainda está no estágio de implantação, sem gerar faturamento.

O grupo EBX tem cinco empresas operando na Bovespa, e o valor somado delas diminuiu cerca de 7,3 bilhões de reais na segunda-feira, quando o índice caiu 8,08 por cento. Foi a maior queda desde 22 de outubro de 2008.

Eike, dono de mais de dois terços das ações da EBX, disse que está encarando os prejuízos com naturalidade. A EBX e suas subsidiárias têm 11,5 bilhões de dólares em caixa, afirmou ele numa entrevista telefônica, e devem começar a produzir petróleo e eletricidade até o final do ano.

"Não há nada que eu possa fazer a respeito do fato de estarmos pré-operacionais", disse Eike. "Mas, embora ainda não tenhamos produção, não somos exatamente uma empresa júnior, e pretendemos levar nossos investimentos adiante."

As empresas do grupo EBX, que devem investir 15,5 bilhões de dólares em 2011 e 2012, estiveram entre as maiores baixas registradas na Bovespa. A OGX teve queda de 16,3 por cento, com forte volume de ações negociadas. Em uma semana, essa empresa, que representa mais de dois terços da capitalização de mercado do grupo, perdeu quase um terço do seu valor.

A LLX, de logística, registrou baixa de 14,6 por cento, enquanto a MMX Mineração e Metálicos, voltada para a produção de minério de ferro, teve queda de 9,7 por cento.


Eike disse que essa queda nas ações seria um momento ideal para as companhias do grupo EBX recomprarem ações, impulsionando o valor de mercado e recompensando os investidores. As regras do Novo Mercado da Bovespa, no entanto, proíbem esse tipo de operação para empresas que não estejam tendo lucro.

"Eu adoraria comprar minhas próprias ações", afirmou. "A OGX tem 5 bilhões de dólares em caixa, seria ótimo se eu pudesse comprar 1 bilhão de ações ao longo de 90 dias, mas não posso."

Petróleo em Outubro

Em longo prazo, ele diz que a OGX é uma boa aposta porque poderá produzir petróleo a baixo custo em águas rasas, em contraste com os altos custos envolvidos na exploração de campos petrolíferos em águas profundas, área de atuação da estatal Petrobras.

Ele espera iniciar em outubro a produção em 20 mil barris de petróleo por dia, a um custo médio de 18 dólares por barril.

"Mesmo que o preço mundial do petróleo caia a 30 dólares por barril, ainda vamos ganhar muito dinheiro", disse Eike.

Na segunda-feira, o barril do tipo Brent teve queda de 5,63 dólares, fechando a 103,74, num reflexo dos temores de que a atual crise pode afetar a demanda internacional por petróleo.

Eike disse que o seu produto poderá ser vendido por um valor entre 5 e 7 dólares abaixo da cotação do Brent, e estimou que sua produção até 2013 será de 730 mil barris por dia.

"Alguém vai dar risada no final deste ano", disse ele, comentando o pessimismo do mercado. "Alguém vai estar errado a respeito da sua avaliação."

Eike disse ver um "lado bom" na crise econômica, pois ela pode ajudar a arrefecer a superaquecida economia brasileira, facilitando a contratação de mão de obra, atualmente escassa.


Ele afirmou que na segunda-feira, apesar da queda nas bolsas, concedeu um aumento salarial de 8,5 por cento aos seus empregados, conforme já estava planejado.

"Estamos sofrendo no Brasil de uma falta de trabalhadores e de uma incapacidade de cumprir planos de gastos de capital", disse. "Seja como for, continuamos dentro das metas com nossos planos."

Ainda na opinião de Eike, os mercados emergentes têm cada vez mais capacidade para crescerem por conta própria, dependendo menos do mundo desenvolvido. Ele acrescentou que um declínio no crescimento dos EUA e da Europa não deve abalar a trajetória brasileira de expansão.

"O mundo em desenvolvimento se desvinculou da Europa e dos Estados Unidos", afirmou ele. "Os dados têm demonstrado claramente que o Brasil tem crescido e que a China vai continuar a crescer."

Eike iniciou sua fortuna trabalhando em garimpos na década de 1980. Desde então, já recebeu investimentos de grandes atores do cenário global, incluindo a siderúrgica chinesa Wisco e a firma nova-iorquina de gestão de capitais BlackRock.

Alguns investidores e analistas, no entanto, questionam a valorização do grupo EBX. A OGX, por exemplo, às vezes alcança um valor de mercado equivalente ao da espanhola Repsol, uma empresa consolidada, com operações petrolíferas no mundo todo.

"Tenho certeza de que o mercado afinal me dará o que eu mereço", disse o empresário.

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