Negócios

Qual o futuro do Facebook após 160 marcas boicotarem anúncios?

Marcas são fundamentais para a sobrevivência da rede social, uma vez que em 2019 99% de seu faturamento de 70,7 bilhões de dólares veio de anúncio

MARK ZUCKERBERG: ele dizia que a rede social não deveria se posicionar como um "árbitro da verdade" (Leah Millis/Reuters)

MARK ZUCKERBERG: ele dizia que a rede social não deveria se posicionar como um "árbitro da verdade" (Leah Millis/Reuters)

Felipe Giacomelli

Felipe Giacomelli

Publicado em 29 de junho de 2020 às 06h47.

Até onde vai o boicote dos anunciantes ao Facebook? E qual será o impacto para o valor de mercado, e para o futuro, da empresa fundada por Mark Zuckerberg em seu quarto de faculdade? Estas são algumas das grandes dúvidas de analistas, investidores, anunciantes, clientes e especialistas em redes sociais para esta segunda-feira.

No fim de semana, gigantes como Coca-Cola e Pepsi engrossaram a lista de 160 companhias que decidiram retirar anúncios do Facebook numa campanha para que a plataforma adote uma política clara e eficaz para combater discursos de ódio. Agora, os organizadores do boicote começarão uma pressão para que companhias com sede na Europa entrem na onda.

A pressão começou após a morte de George Floyd pela polícia americana. Outras redes sociais, como o Twitter, tomaram medidas contra postagens até do presidente americano, Donald Trump. Zuckerberg afirmava que o Facebook não deveria se posicionar como um "árbitro da verdade" sobre o que é dito e compartilhado por pessoas, políticos e empresas.

O boicote em massa reforça a discussão sobre o papel das redes sociais em monitorar seu conteúdo -- até que ponto é sua obrigação, e quando começa uma indesejada influência no livre debate? No domingo, o Facebook reconheceu que deve se aproximar mais de movimentos civis para combater o discurso de ódio, e que suas ferramentas de inteligência artificial detectam mais de 90% do conteúdo de ódio.

Marcas terão que se posicionar cada vez mais política e socialmente, e o Facebook terá que adotar uma postura mais incisiva a esse respeito. É questão fundamental para a sobrevivência da rede social, uma vez que em 2019 99% de seu faturamento de 70,7 bilhões de dólares veio de anúncio.

O Facebook não pode prescindir de anunciantes. Mas as empresas também não podem se dar ao luxo de ficar fora da maior rede social do mundo, o que leva a discussões sobre outras motivações do boicote. Um Facebook menos poderoso pode mudar de novo a dinâmica do mercado publicitário? Empresas de jornalismo podem voltar a ser foco dos anunciantes?

Zuckerberg já perdeu 7 bilhões de dólares com a pressão dos anunciantes, e deixou de ser a terceira pessoa mais rica do mundo. As ações do Facebook, que acumulavam alta de 18% este ano, agora sobem apenas 5,3% após uma queda de 8,3% na sexta-feira.

Os índices futuros nos Estados Unidos abriram a semana em alta, apesar no recorde de casos de coronavírus. Mas o Facebook estará em volta com seus próprios problemas nos próximos dias.

Acompanhe tudo sobre:FacebookRedes sociaismark-zuckerbergPublicidadeExame Hoje

Mais de Negócios

Floripa é um destino global de nômades digitais — e já tem até 'concierge' para gringos

Por que essa empresa brasileira vê potencial para crescer na Flórida?

Quais são as 10 maiores empresas do Rio Grande do Sul? Veja quanto elas faturam

‘Brasil pode ganhar mais relevância global com divisão da Kraft Heinz’, diz presidente