Apesar de ter construído uma gigante da moda a partir de estratégia de marketing e mídia, o bilionário não é nada midiático (Jade Gao/AFP/Getty Images)
Repórter de Negócios
Publicado em 14 de abril de 2023 às 15h37.
Última atualização em 14 de abril de 2023 às 16h49.
O fundador da Shein, Xu Yangtian, é considerado um bilionário self-made, aqueles que constroem a sua fortuna do zero, sem heranças envolvidas. Com 39 anos, o chinês é dono de um império que reúne várias marcas dentro do ecossistema do Shein Group.
A empresa de moda está no centro da polêmica da semana - ao lado da Shopee e do AliExpress - com a decisão do governo brasileiro de apertar a fiscalização, fechar a brecha e coibir o drible à legislação feito pelas plataformas em relação à isenção a pessoas físicas para compra de até 5o dólares. Hoje, há práticas nos e-commerces de usar artifícios e colocar pessoas jurídicas como se fossem físicas para evitar a tributação.
No levantamento de bilionários da Bloomberg, o patrimônio do bilionário é estimado em 23,5 bilhões de dólares. O estudo considera que o executivo detém 34% de participação no negócio.
Outra parte está com fundos que investiram na operação e com três executivos da companhia: Miao Miao, Gu Xiaoqing e Ren Xiaoqing, cada um com 7,6%.
Eles trabalharam no primeiro empreendimento de Xu, um e-commerce de roupas e acessórios femininos que não deu certo. Quando Yangtian decidiu abrir a Shein em 2012, lá estavam eles. Hoje, ocupam posto de liderança em áreas de desenvolvimento de mercadorias e gerenciamento da cadeia de suprimentos.
Antes da empreitada como empreendedor uma passagem marcante na trajetória do executivo, também conhecido como Chris, foi o trabalho em uma empresa de marketing online. Lá, tinha como função ajudar a aumentar o tráfego de pesquisa em sites e promover as vendas.
Com o lançamento da Shein, Yangtian procurou unir os dois universos, o marketing digital e o comércio internacional, área em que se graduou. A Shein comercializa os seus produtos para mais de 150 países e tem nos Estados Unidos o seu maior mercado. Na China, onde nasceu, tem pouca representatividade.
Com investimento em inteligência artificial e dados para entender o comportamento do consumidor e produzir com alta escala, agilidade e baixo custo, o negócio se tornou um fenômeno nos últimos anos, especialmente para o público da geração Z.
Em 2018, a empresa tinha um valuation em US$ 2,5 bilhões, segundo a Bloomberg. Quatro anos mais tarde, a estimativa foi de US$ 100 bilhões, em rodada de captação em abril de 2022. A cifra supera o valor de mercado combinado da H&M e Zara, marcas há muito tempo estabelecidas no mercado de moda. Em faturamento, a companhia saiu de US$ 10 bilhões em 2020 para US$ 16 bilhões em 2022.
A velocidade de crescimento de negócio foi impulsionada na pandemia. Com mais acesso à internet e “presos” em casa, os consumidores foram impactados pelas estratégias agressivas de marketing digital, tendências e os preços super competitivos.
Apesar de ter construído uma gigante da moda a partir de estratégia de marketing e mídia, o bilionário adota uma postura bem diferente como profissional. Desde o lançamento do negócio, nunca deu entrevistas e é considerado uma figura misteriosa pela mídia internacional.
Oficialmente, a Shein desembarcou no Brasil em novembro de 2022 com a inauguração de uma loja temporária (pop-up store) em São Paulo.
Os seus produtos já inundavam as ruas do país bem antes disso, no entanto.
Um relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), divulgado no fim de janeiro deste ano aponta que a varejista de moda registrou faturamento de 8 bilhões de reais, crescimento de 300% em relação aos números de 2021.