Thermas dos Laranjais, em Olímpia: “Se você não apresenta uma grande obra por ano, você não mantém o público", diz o presidente Jorge Noronha (Thermas dos Laranjais/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 17h58.
Todos os anos, milhões de pessoas atravessam o mundo em busca de experiências aquáticas.
Toboáguas com looping, piscinas com ondas artificiais, atrações temáticas.
É um mercado bilionário que movimenta mais de 60 milhões de visitantes por ano — e que vem sendo transformado por destinos improváveis.
É o caso do Brasil.
Em meio a esse fluxo global, dois parques nacionais não só entraram na lista dos mais visitados do mundo como superaram nomes tradicionais dos Estados Unidos e Europa.
O Thermas dos Laranjais, em Olímpia (SP), foi o segundo parque aquático mais visitado do planeta em 2023, à frente de todos os parques da Disney e da Universal.
Já o Hot Park, em Rio Quente (GO), também entrou no top 10 global.
O crescimento dos parques brasileiros é sustentado por um turismo doméstico mais forte, um modelo de gestão próprio e investimentos consistentes em novas atrações.
Nada de Estados Unidos ou Europa. O segundo parque aquático mais visitado do mundo fica no interior de São Paulo, em uma cidade com pouco mais de 60.000 habitantes.
Fundado em 1987, o Thermas dos Laranjais nasceu como clube social, em uma cidade voltada à citricultura.
O ponto de virada veio com a descoberta de águas termais. O que começou com piscinas aquecidas virou um complexo com mais de 60 atrações e 240 milhões de reais em receita anual.
Boa parte da verba é reinvestida todos os anos em expansão. O projeto mais ambicioso é o Nações, um dos maiores complexos de toboáguas do mundo, com 33 metros de altura e tecnologia canadense. O brinquedo recebeu 60 milhões de reais em investimento e será inaugurado em breve.
“É o primeiro do tipo no Ocidente. Desenvolvido sob medida. Não existe nada igual no mundo”, diz Jorge Noronha, CEO do parque.
A estratégia é clara: lançar uma grande atração por ano para manter o interesse do público. “Se só 5% dos nossos 2 milhões de visitantes vierem por causa do brinquedo novo, são 100 mil pessoas a mais. Isso paga o investimento rapidinho.”
A história do Hot Park, em Goiás, começou por acaso. Um pecuarista comprou uma fazenda na região, mas teve de vender o terreno ao descobrir que os bois se recusavam a beber da água — quente demais para o gado, perfeita para o turismo.
Décadas depois, o parque integra uma das operações mais estruturadas do setor. Em 2024, o grupo Aviva, dono do Hot Park, Rio Quente Resorts e Costa do Sauípe, faturou 1,4 bilhão de reais. A projeção para 2025 é atingir 1,7 bilhão.
O crescimento da empresa tem como motor o programa de fidelidade. Hoje, 60% da receita da Aviva vem de clientes recorrentes, seja por clubes de acesso aos parques, planos de hospitalidade ou produtos premium.
A novidade é o InCasa, projeto de casas de alto padrão dentro dos resorts, com venda fracionada. Cada comprador tem direito a duas semanas por ano, com serviços completos de resort. O projeto já vendeu 20 casas e captou 220 milhões de reais em investimentos.
“O cliente já está no nosso ecossistema e quer exclusividade. Com o InCasa, ele vira sócio da experiência”, diz Cunha.
Chimelong Water Park, China – 2.007.000 visitantes
Thermas dos Laranjais, Brasil – 1.954.000
Atlantis Aquaventure, Emirados Árabes – 1.800.000
Sunway Lagoon, Malásia – 1.500.000
Caribbean Bay, Coreia do Sul – 1.500.000
Typhoon Lagoon (Disney), EUA – 1.498.000
Volcano Bay (Universal), EUA – 1.450.000
Aquatica (SeaWorld), EUA – 1.437.000
Hot Park, Brasil – 1.360.000
Hacienda Nápoles Theme Park, Colômbia – 1.200.000