Pedro Lourenço, fundador do Supermercados BH: rede supera R$ 21 bilhões em vendas (Pedro Silveira/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 13h58.
Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 17h04.
O varejo brasileiro é liderado pelos supermercados, mas o setor segue com forte apelo regional, mostra o levantamento do Instituto Retail Think Tank (IRTT), que dá sequência aos estudos divulgados Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Os supermercados movimentaram R$ 658,6 bilhões em 2024, o equivalente a 52,6% do faturamento das 300 maiores varejistas do país.
Dois dos dez maiores supermercados do Brasil foram criados em Minas Gerais.
Das 156 empresas supermercadistas que aparecem no ranking TOP 300, 129 operam em apenas um estado e 130 possuem menos de 50 lojas.
Apenas seis grupos têm presença em mais de 20 estados — e, em boa parte deles, o alcance nacional se deve a lojas de conveniência, geralmente no modelo de franquias.
“Não é correto dizer que o varejo brasileiro está se tornando concentrado. O que temos é um movimento de mais empresas crescendo e atingindo relevância, mas a diversidade regional permanece”, diz o consultor Alberto Serrentino.
A liderança do setor é do Supermercados BH, fundado em 1996 por Pedro Lourenço. A rede alcançou mais de R$ 21 bilhões em vendas no último ano, com 338 lojas em operação. No ranking nacional, a empresa é o 4º maior supermercado do Brasil.
Na segunda posição aparece o Mart Minas, que faturou R$ 11,4 bilhões com 86 unidades. Logo atrás vem a DMA Distribuidora (Epa Supermercados), com 170 lojas e receita de R$ 8,3 bilhões.
Confira o ranking completo a seguir:
Empresa | Faturamento (R$ bilhões) | Número de Lojas |
---|---|---|
Supermercados BH | 21.2 | 338 |
Mart Minas | 11.4 | 86 |
DMA Distribuidora (Epa Supermercados) | 8.3 | 170 |
Grupo ABC (Abc Atacado e Varejo) | 4.9 | 74 |
Grupo Supernosso | 4.7 | 60 |
Supermercado Bahamas | 4.3 | 84 |
Villefort | 3.3 | 34 |
Supermercados Alvorada | 1.8 | 32 |
Verdemar | 1.4 | 16 |
Super Luna | 1 | 23 |
A rede BH, como é conhecida, cresceu "comendo pelas beiradas", abrindo lojas onde havia pouca concorrência. Inicialmente, focou na periferia de Belo Horizonte e, depois, em pequenas cidades do interior de Minas Gerais, sempre com produtos de marcas mais acessíveis. Esse movimento foi impulsionado pelo aumento do poder aquisitivo das classes C e D desde 1996.
Nesses locais, a competição vem principalmente de pequenos mercadinhos, mas o BH se destaca pela sua escala, que permite negociar melhores condições com os fornecedores.
O fundador Pedro Lourenço deixou sua cidade natal aos 18 anos para buscar trabalho na capital. Com apenas o 8º ano do ensino fundamental, começou sua trajetória em supermercados como encarregado do depósito, depois carregador, repositor e vendedor.
Com o tempo, subiu na hierarquia, tornando-se gerente e, mais tarde, supervisor de vendas no atacadista Ferreirão. Em 1996, aos 40 anos e com alguma economia guardada, decidiu investir e abrir uma mercearia em um bairro periférico de Santa Luzia, cidade vizinha de Belo Horizonte.
Com os lucros, ampliou a loja e abriu filiais em bairros e cidades próximas. Em 2004, vendeu 40% da empresa para dois sócios e usou os recursos para expandir ainda mais, comprando mercadinhos que estavam em dificuldades financeiras.
"Meus amigos diziam que não ia dar certo vender na periferia, e minha esposa queria que eu desistisse. Mas eu não ligo para o que os outros pensam", afirmou Lourenço em entrevista à EXAME, em 2017.
Torcedor fanático do Cruzeiro, ele comprou as ações da SAF do Cruzeiro que estavam nas mãos do jogador de futebol Ronaldo.