Negócios

Auditoria resiste a aprovar balanço da Petros

A Petros informou em janeiro à Petrobras que faltam US$ 6 bilhões em seu caixa para dar conta do compromisso firmado com os empregados da petroleira


	PwC: empresa de auditoria está sendo cautelosa com balanço da Petros por causa de rombo de R$ 6 bilhões declarado em janeiro.
 (Divulgação/Piti Reali/Divulgação)

PwC: empresa de auditoria está sendo cautelosa com balanço da Petros por causa de rombo de R$ 6 bilhões declarado em janeiro. (Divulgação/Piti Reali/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2016 às 16h09.

Rio de Janeiro - Assim como ocorreu com a Petrobras em 2014, a Petros, sua fundação de seguridade social, está com dificuldade de fechar o balanço financeiro anual porque a empresa de auditoria PwC resiste a assinar o documento.

A contabilidade foi concluída, mas investimentos duvidosos, questionados em investigação interna da Petros, estão levando a PwC a ser mais rigorosa.

A Petros informou em janeiro à Petrobras que faltam US$ 6 bilhões em seu caixa para dar conta do compromisso firmado com os empregados da petroleira nos próximos anos.

Parte do rombo decorre de maus investimentos no mercado financeiro e em participações em empresas de alto risco, como a operadora de plataformas Sete Brasil, que entrou com pedido de recuperação judicial na semana passada.

De olho nas possíveis irregularidades e temerosa de ter sua credibilidade questionada, segundo fontes, a auditora PwC tem sido minuciosa na análise do balanço da Petros e exigido muitos documentos para evitar questionamentos. Procurada, a PwC não comentou o assunto.

A Petros, tradicionalmente, conclui seu balanço anual em abril. Neste ano, corre contra o tempo para cumprir o prazo de 31 de julho imposto pela Superintendência de Previdência Complementar (Previc), reguladora dos fundos de pensão.

Oficialmente, a Petros afirma que não há atraso na conclusão das demonstrações de 2015, "que serão divulgadas dentro do prazo planejado e da data limite".

O cronograma de publicação, no entanto, chegou a ser tratado em reunião entre representantes do conselho fiscal da Petros e do conselho de administração da Petrobras no dia 15 de abril.

Diante do apelo, os conselheiros da Petros receberam da patrocinadora a indicação de que uma mensagem seria enviada à diretoria da fundação pedindo que, daqui para a frente, seu balanço financeiro seja publicado antes do da Petrobrás, para evitar distorções em sua contabilidade.

Se o número final a ser divulgado pela Petros for muito diferente do informado à petroleira em janeiro, a Petrobras será obrigada a republicar o balanço aprovado por acionistas em assembleia realizada neste mês.

"A Petrobras dificilmente terá de republicar o seu resultado de 2015, o que seria uma medida traumática para a empresa. Provavelmente, qualquer mudança ou aporte (na fundação) serão remetidos ao balanço de 2016, a tempo suficiente do dólar e do mercado acionário se recuperarem", avaliou o especialista em seguridade Ricardo Weiss, da consultoria Rweiss.

A Petrobras admite, porém, falhas no cálculo atuarial da Petros que podem exigir novos aportes. No relatório 20-F, em que comenta suas demonstrações de 2015 e os riscos do negócio à agência reguladora dos EUA (SEC), a petroleira admite que o compromisso com o plano de pensão e com o seu plano de assistência médica (AMS) "pode ser maior do que o previsto, e podemos ser obrigados a fazer contribuições adicionais de recursos para Petros".

Se for o caso, um novo aporte deverá ser negociado com a Previc 60 dias após a apresentação do balanço da Petros. O pagamento pode ser parcelado em décadas.

Nota da Petros à EXAME.com:

Em nota à EXAME.com, a Petros nega que a PwC estaria resistindo a assinar o balanço da Fundação e que a auditoria iniciou suas atividades na Petros somente no segundo semestre de 2015 – "o que, naturalmente, demandou mais tempo para o entendimento do universo da Fundação".

A Petros nega tamém que, tradicionalmente, conclui seu balanço em abril. "Desde o ano passado, quando a Previc alterou para 31 de julho o prazo para envio das demonstrações contábeis, a Petros vem exercendo esse direito".

Ainda segundo a empresa, "a Fundação não recebeu qualquer manifestação da patrocinadora em relação à eventual mudança na data de divulgação dos resultados".

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEstatais brasileirasEmpresas estataisPetrobrasCapitalização da PetrobrasPetróleoIndústria do petróleoCombustíveisBalançosPwCFundos de pensãoPetros

Mais de Negócios

38 franquias baratas a partir de R$ 4.990 para trabalhar em cidades pequenas (e no interior)

Quais são os maiores supermercados do Rio Grande do Sul? Veja ranking

Brasileiro mais rico trabalhou apenas um ano para acumular fortuna de R$ 220 bilhões

Quais são os maiores supermercados do Nordeste? Veja quanto eles faturam