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Próxima de IPO, Smart Fit vê a concorrência ganhar músculos

Rivais como Bluefit e Just Fit copiam modelo de negócio da maior rede de academias do país, e recebem investimentos milionários

ACADEMIA DA SMART FIT: entre os concorrentes há até ex-diretor geral da rede  / Leo Martins

ACADEMIA DA SMART FIT: entre os concorrentes há até ex-diretor geral da rede / Leo Martins

AJ

André Jankavski

Publicado em 9 de dezembro de 2018 às 17h29.

Última atualização em 10 de dezembro de 2018 às 11h32.

A rede de academias Smart Fit pode definir o seu futuro na bolsa de valores nesta segunda-feira 10. Uma assembleia geral extraordinária foi convocada para discutir, entre outros temas, a abertura de capital da empresa (IPO) e sua migração para o Novo Mercado, segmento da bolsa de valores com regras mais rígidas.

Com mais de 558 unidades espalhadas pela América Latina, a Smart Fit abriu mais de 200 unidades este ano (metade fora do Brasil), e planeja manter a sua expansão acelerada. “Para o ano que vem pensamos em manter o mesmo ritmo”, afirmou a EXAME Edgard Corona, fundador da Smart Fit, em novembro.

Até então, Corona dizia que tinha dinheiro suficiente para continuar a expansão por 2019 e que a dívida estava equacionada. Agora, a mudança de estratégia pode ter sido motivada por rivais que também traçaram ambiciosos planos de investimento – e receberam financiamento para acelerar. A Bluefit, vice-líder do em número de unidades, com 60 unidades, é um exemplo. A companhia, que já recebeu 80 milhões de reais em aportes, pretende fazer de 2019 o ano com mais aberturas de sua breve história de três anos.

O modelo de negócio da Bluefit é bem parecido com o criado pela Smart Fit: academias com mensalidades mais em conta, a partir de 79,90 reais (sem contar o preço da anuidade e da matrícula), e equipamentos robustos. O diferencial, segundo o presidente Fernando Nero, é a gama de serviços – aulas de dança, lutas, pilates e até ioga. “Percebemos que há um espaço a ser ocupado entre a Smart Fit e as academias mais caras”, diz Nero. “As pessoas querem pagar barato, mas também ter acesso a outras aulas além da musculação”. A empresa também tem a maioria de suas academias funcionando 24 horas, ao contrário da Smart Fit - a rede de Corona possui apenas 4 unidades abertas durante todo o dia.

Segundo Nero, a Blueft possui caixa suficiente para chegar a 100 academias no ano que vem. Até fevereiro, no entanto, ele espera assinar um acordo com um fundo europeu para injetar 140 milhões de reais – tudo direcionado para a expansão. Com isso, a meta fica mais robusta. A Bluefit espera ter 200 unidades até 2020, sendo algumas delas na Colômbia, país em que espera iniciar a sua expansão internacional.

Outra empresa que deve partir para uma expansão mais acelerada é a Just Fit. Neste caso, o modelo é ainda mais similar ao da Smart Fit. Isso não é por acaso. Um dos fundadores da empresa é Marco Lara, que foi diretor geral da Smart Fit de 2009 até 2012. Ele também trabalhou durante dez anos na Bio Ritmo, empresa fundada por Corona e que criou o modelo da Smart Fit.

Lara, agora, terá o auxílio do fundo LGT Capital, de Liechtenstein, para aumentar o ritmo de crescimento. Desde agosto, executivos ligados ao fundo estão ajudando na operação da companhia, que possui 31 unidades. Procurada, a Just Fit não quis dar entrevista.

Bolha?

Um negócio em crescimento tão acelerado tem como se sustentar no médio prazo? Ou estamos diante de uma bolha? Exemplos não faltam: já houve febre de frozen iogurte, paletas mexicanas, hamburguerias, entre outros. O caso das academias pode ter destino diferente, segundo especialistas em varejo. “As academias têm uma expansão parecida com as das farmácias”, diz Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail. “Elas precisam de capilaridade”.

O especialista se apoia no fato de que as academias não são um negócio novo. Ao contrário. Mas que só está tendo um processo de expansão nos últimos anos. Além disso, a adoção de um estilo de vida mais saudável por parte da população ajuda na expansão – e no interesse dos investidores.

Segundo dados do Ministério da Saúde, 52,5% da população está acima do peso e apenas 8 milhões estão matriculados em academias, segundo dados da Associação Brasileira de Academias (Acad). Ainda segundo a Acad, o faturamento do setor no país é de 2,5 bilhões de reais.

Após muito tempo no prejuízo, a Smart Fit só chegou ao azul este ano, quando alcançou mais de 500 unidades. Para as novatas, é um lembrete de que até há espaço para crescer, mas a aventura sai cara – ainda mais com uma série de “Fits” de olho nos saradões.

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