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Próteses são caras e nada brasileiras. Essa dupla gaúcha atraiu Domo e Unimed para mudar isso

A Limbx acaba de receber R$ 500 mil para finalizar o desenvolvimento do produto, que utiliza sensores de contração muscular para detectar os movimentos das mãos

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 1 de outubro de 2025 às 11h52.

Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 11h55.

A LimbX, startup brasileira que desenvolve próteses biônicas acessíveis, anuncia a captação de R$ 500 mil em rodada liderada pela Unimed VTRP, com investimento da gestora de venture capital Domo, que já investiu em empresas como Loggi, Wellhub (antigo Gympass), Hotmart e Descomplica.

O aporte será usado para finalizar o desenvolvimento do produto, avançar em pesquisas de conforto e peças modulares, reduzir peso e aumentar resistência, além de iniciar o processo de certificação regulatória junto à Anvisa.

Como tudo começou?

A ideia de criar uma prótese biônica funcional surgiu de uma imagem. Não de um esboço futurista, nem de um projeto grandioso, mas de uma gravação.

"Vi um homem usando uma prótese que não funcionava", diz Natã Vargas, fundador da LimbX. "Ele tinha perdido a autonomia. A prótese era meramente estética".

E foi ali que o sulista, então com 23 anos, sentiu a 'chave' virar.

O estudante de engenharia percebeu que a experiência na área de robótica poderia transformar próteses como aquelas em algo funcional.

"É sobre conseguir escovar os dentes ou segurar um copo", resume. "Uma prótese convencional [que permite movimento] pode custar entre R$ 150 mil e R$ 500 mil, o que torna o acesso impossível para grande parte da população".

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Por aqui, players internacionais dominam e deixam o preço das próteses salgado. A única outra empresa brasileira que desenvolve próteses é a Cycor Cibernética, e ela aposta principalmente no desenvolvimento de exoesqueletos.

Natural de Santa Cruz do Sul (RS), Vargas estava na faculdade quando começou a trabalhar com impressão 3D.

"Ela nos deu uma flexibilidade que nenhuma outra tecnologia tem. Percebi que ela poderia devolver autonomia para muitas pessoas, e fazer isso de forma acessível", explica Vargas.

O jovem empreendedor se juntou com o ortopedista José Carlos Salomão, hoje diretor médico da Limbx.

Ao longo de 2022 e 2023, a dupla foi atrás de eventos, incubadoras e outros hubs de inovação no Rio Grande do Sul para desenvolver o primeiro protótipo da Limbx.

Como funciona a prótese da Limbx?

Dois anos depois, a LimbX tem um produto totalmente funcional, capaz de executar movimentos intuitivos, controlados pela contração muscular do paciente.

A prótese utiliza sensores de contração muscular para detectar os movimentos que o usuário deseja fazer.

Quando o paciente contrai o músculo, o sensor capta o sinal e o transmite para a prótese, que executa o movimento, como abrir a mão ou apontar.

A adaptação ao dispositivo é rápida. Em questão de minutos, o paciente começa a realizar movimentos naturais, graças à resposta imediata dos sensores.

A prótese também é modular (ou seja, se um dedo quebrar, pode ser rapidamente substituído) vem em tamanhos padronizados (P, M e G), o que facilita a produção em maior escala e a manutenção.

Além disso, o design compacto, com a maioria da eletrônica concentrada na mão, torna o produto mais funcional e econômico, sem comprometer a qualidade.

A LimbX combina essas tecnologias com a impressão 3D, que possibilita a produção de peças sob demanda, reduzindo custos e tornando a prótese mais acessível.

A empresa também usa materiais nacionais sempre que possível, o que ajuda a diminuir as despesas com importação e frete.

Projeções futuras

Francisco Pontillo, da Domo, vê o produto da Limbx como um divisor de águas.

"É uma solução que custa 20% do valor das próteses convencionais e entrega 80% dos resultados", diz. "Com esse primeiro investimento, garantimos chance de participação nos próximos aportes da Limbx".

Além disso, a empresa está trabalhando para nacionalizar ainda mais sua produção, com a intenção de reduzir a dependência de importações e aumentar a autonomia da tecnologia no Brasil. Também vai concluir o processo de certificação junto à Anvisa, primeiro passo para a comercialização em larga escala.

A LimbX quer atender 3 mil pacientes até 2030 (hoje, o produto já foi testado em cerca de 30 pessoas), com uma redução do custo das próteses de R$ 150 mil para R$ 15 mil.

"Estamos mirando em um mercado de mais de 200 mil pessoas que aguardam esse tipo de tecnologia no Brasil", diz Vargas.

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