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Proposta de Trump sobre imigração preocupa setor de tecnologia

Depois que Trump baniu refugiados e viajantes de 7 países de maioria muçulmana, Google, Facebook, Microsoft e outras empresas se opuseram à medida

Trump: o governo de Trump esboçou uma ordem executiva para reformular os programas de visto de trabalho de que dependem as empresas de tecnologia (Carlos Barria/Reuters)

Trump: o governo de Trump esboçou uma ordem executiva para reformular os programas de visto de trabalho de que dependem as empresas de tecnologia (Carlos Barria/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 18h20.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2017 às 17h21.

Nova York/Bangalore - O atrito do presidente dos EUA, Donald Trump, com o Vale do Silício por causa da imigração está prestes a se tornar ainda mais conflituoso.

Depois que o novo presidente baniu refugiados e viajantes de sete países de maioria muçulmana, Google, Facebook, Salesforce, Microsoft e outras empresas se opuseram à medida, afirmando que ela viola os princípios do país e ameaça perturbar seu motor de inovação.

Os próximos passos de Trump poderiam afetá-las ainda mais diretamente: seu governo esboçou uma ordem executiva para reformular os programas de visto de trabalho de que dependem as empresas de tecnologia para contratar dezenas de milhares de funcionários a cada ano.

Se forem implementadas, essas reformas poderiam provocar mudanças integrais em empresas da Índia, como Infosys e Wipro, e mudar o modo como companhias dos EUA como Microsoft, Amazon e Apple recrutam profissionais.

As companhias teriam que tentar contratar cidadãos americanos primeiro e, caso recrutem trabalhadores estrangeiros, teriam que dar prioridade aos de salários mais altos.

“As políticas de imigração de nosso país deveriam ser elaboradas e implementadas para atender, acima de tudo, ao interesse nacional dos EUA”, afirma-se no esboço da proposta, de acordo com uma cópia analisada pela Bloomberg.

“Os programas de visto para trabalhadores estrangeiros… deveriam ser administrados de modo a proteger os direitos civis dos trabalhadores americanos e dos atuais residentes legais e a dar prioridade à proteção dos trabalhadores americanos -- nosso povo trabalhador esquecido -- e os cargos que eles ocupam.”

Os vistos de trabalho para estrangeiros foram estabelecidos originalmente para ajudar companhias dos EUA a recrutar trabalhadores no exterior quando não conseguiam mão de obra local qualificada.

Mas nos últimos anos surgiram denúncias de abuso do programa com o objetivo de recrutar trabalhadores mais baratos do exterior para preencher vagas que poderiam ser destinadas a americanos.

Os principais receptores dos vistos H-1B são trabalhadores terceirizados, principalmente da Índia, que administram os departamentos de tecnologia de grandes corporações cuja maioria dos funcionários chegou de outros países.

O governo Trump não respondeu a um pedido de comentário sobre a proposta, que é condizente com os comentários feitos publicamente pelo presidente sobre pressionar as empresas a adicionar mais empregos aos EUA, do setor automotivo ao de tecnologia.

As companhias de tecnologia da Índia, encabeçadas por Tata Consultancy Services, Infosys e Wipro, argumentaram que ajudam as corporações a se tornarem mais competitivas administrando suas operações de tecnologia com funcionários especializados.

Elas também afirmam que os programas de visto permitem manter empregos nos EUA e que, se tiverem que pagar mais pela mão de obra, manejarão uma parte maior do trabalho remotamente, em mercados menos caros como a Índia.

“Inspeções e investigações realizadas anteriormente não revelaram casos de irregularidades por parte das empresas indianas de serviços de TI, que sempre cumpriram integralmente a lei”, disse R Chandrashekhar, presidente da Nasscom, o grupo do setor de tecnologia da informação da Índia.

“A indústria está aberta a quaisquer tipos de verificação no sistema, mas elas não devem criar nenhum obstáculo ao bom funcionamento das companhias.”

Wipro e TCS preferiram não fazer comentários para esta reportagem.

Uma porta-voz da Infosys disse que a companhia está monitorando as propostas de visto dos EUA, mas ainda é muito cedo para avaliar o impacto porque não se sabe o que será aprovado.

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