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Programação da Netflix em 2016: gastar agora, lucrar depois

A Netflix tem planos ambiciosos para este ano que lhe permitirão produzir algo novo no ano seguinte: grandes lucros


	Aplicativo do Netflix: investidores estão aceitando os lucros ínfimos porque o CEO Reed Hastings prometeu que a situação mudará
 (Andrew Harrer/Bloomberg)

Aplicativo do Netflix: investidores estão aceitando os lucros ínfimos porque o CEO Reed Hastings prometeu que a situação mudará (Andrew Harrer/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 20h45.

A Netflix Inc., que ofereceu o melhor retorno entre as ações no S&P 500 no ano passado, tem planos ambiciosos para este ano que lhe permitirão produzir algo novo no ano seguinte: grandes lucros.

Os investidores estão aceitando os lucros ínfimos porque o CEO Reed Hastings prometeu que a situação mudará depois que a empresa terminar sua expansão mundial. Isso deve acontecer em 2016, com o lançamento do serviço de vídeo on-line em mais de 100 novos mercados, como China, Índia e Indonésia.

Ao mesmo tempo, a Netflix investirá cerca de US$ 5 bilhões na programação, mais que duas vezes o orçamento estimado da HBO e o dobro de sua produção de seriados originais. Se tudo acontecer conforme o planejado, Wall Street projeta que a receita líquida poderia disparar para mais de US$ 500 milhões em 2017.

A popularidade dos conteúdos próprios – a Netflix baseia seu discurso de exclusividade em seriados como “Making a Murderer” e “Jessica Jones” – será fundamental para que Hastings consiga cumprir a promessa de lucros. A Netflix precisa atrair uma quantidade suficiente de clientes novos para conseguir pagar a conta e registrar ganhos que convençam quem duvida da visão do CEO de que a primeira rede de televisão internacional on-line pode dar certo.

“Muitos desafios esperam por eles, como a quantidade de dinheiro que eles reservaram para a produção de conteúdo. É surpreendente”, disse Paul Verna, analista da eMarketer Inc. O lançamento internacional neste ano “poderia gerar muitos lucros – mas é uma aposta”.

Lucros magros

Talvez Hastings revele detalhes durante o Salão Internacional de Eletrônica de Consumo (CES), em Las Vegas, onde ele dará uma palestra na quarta-feira.

A Netflix já atua em mais de 60 países depois do lançamento no Japão, na Austrália e na Europa meridional no ano passado. A empresa não confirmou o número de assinantes, mas tinha projetado em outubro que conquistaria cerca de 6 milhões nos EUA, seu mercado doméstico, e 11 milhões no exterior em 2015, chegando ao total de 74,3 milhões.

Os lucros, no entanto, têm sido relativamente magros desde a abertura de capital, há quase 14 anos. Neste ano, a receita líquida será de US$ 137 milhões, segundo a média das estimativas compiladas pela Bloomberg. Depois, Wall Street projeta que ela subiria para US$ 535 milhões em 2017 e que seria de mais de US$ 1 bilhão em 2018 – se a expansão funcionar conforme o planejado.

Os gastos sem dúvida estão aumentando; a companha dedicará oito vezes o valor que o Showtime, da CBS Corp., reservará aos conteúdos de entretenimento neste ano, de acordo com dados da empresa de pesquisa MoffettNathanson LLC.

A Netflix teve o melhor desempenho no Standard Poor’s 500 Index no ano passado, quando ganhou 134 por cento, em contraste com a perda de 0,7 por cento do índice de referência. Na segunda-feira, a Netflix caiu 3,9 por cento e fechou a US$ 109,96 em Nova York em meio à queda mundial dos mercados e a um rebaixamento da Robert W. Baird Co.

China

A maior parte do orçamento da Netflix era dedicada à compra de filmes e programas mais antigos, mas a proporção de conteúdos originais em relação aos importados está começando a mudar. A Netflix registra seu maior nível de eficiência quando o dinheiro é dedicado a seus próprios seriados, filmes, programas de comédia stand-up e mais, disse o diretor de conteúdo Ted Sarandos em uma conferência com investidores em dezembro.

Para cobrir os custos, além de atrair novos clientes, a Netflix terá que continuar aumentando os preços, disse Anthony DiClemente, analista da Nomura Securities International Inc. que recomenda comprar a ação. A Netflix aumentou os preços para novos clientes nos EUA e na Europa no ano passado. As assinaturas mensais nos EUA custarão de US$ 7,99 a US$ 11,99. Hastings insinuou os aumentos, dizendo que a companhia vai “poder pedir mais aos consumidores” a fim de continuar investindo nos produtos originais que eles adoram.

O número total de assinantes poderia chegar a 150 milhões em 2020, de acordo com projeções de DiClemente, e a receita cresceria a uma taxa anual de 24 por cento para quase US$ 20 bilhões.

A Netflix só conseguirá chegar a esses números se a expansão na Ásia for bem-sucedida.

O elemento imprevisível é a China, onde o governo exige que os empreendimentos estrangeiros de mídia tenham parceiros locais. Muitos dos potenciais aliados já têm empresas concorrentes. A Alibaba Group Holding Ltd. adquiriu recentemente o controle total da Youku Tudou, um dos maiores serviços de streaming de vídeo na China, e tanto Baidu Inc. quanto Tencent Holdings Ltd. têm serviços populares de vídeo

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