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Principal esperança da BlackBerry é eliminar os BlackBerrys

Companhia poderá descobrir que sua maior possibilidade de sobrevivência consiste em abandonar smartphones e focar seu futuro no software


	Smartphones Blackberry Z10: presidente interino poderia fechar a unidade de smartphones, que está devorando o caixa da companhia
 (Pawel Dwulit/Bloomberg)

Smartphones Blackberry Z10: presidente interino poderia fechar a unidade de smartphones, que está devorando o caixa da companhia (Pawel Dwulit/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2013 às 21h17.

Nova York/Toronto - A BlackBerry Ltd., rejeitada pelos compradores mesmo com uma cotação para aquisição no seu mínimo histórico, poderia descobrir que sua maior possibilidade de sobrevivência consiste em abandonar os smartphones e focar seu futuro no software.

Uma compra da BlackBerry por US$ 4,7 bilhões foi cancelada esta semana e a acionista Fairfax Financial Holdings Ltd. optou em vez disso em dar dinheiro à companhia para enfrentar uma taxa de consumo que estava no ritmo para acabar a maior parte do seu caixa para o final do ano que vem. O Jefferies Group LLC afirmou que também é improvável que a BlackBerry, sediada em Waterloo, Ontario, encontre compradores para qualquer uma das suas partes.

John Chen, seu presidente interino, poderia fechar a unidade de smartphones, que está devorando o caixa da BlackBerry, e focar-se no software empresarial, que poderia tornar-se rentável mesmo sendo a menor parte da companhia, afirmou a William Blair Co. O múltiplo da mediana da receita para os fabricantes de software é de aproximadamente 3,3 por cento, comparado ao equivalente a 17 por cento das vendas que a Fairfax estava disposta a pagar pela BlackBerry, segundo dados compilados pela Bloomberg. Enquanto o negócio de celulares não parar de perder dinheiro e clientes, não há motivos para conservar as ações, considerou a Nomura Holdings Inc.

“Eles deveriam abandonar o negócio de celulares”, disse em entrevista por telefone Anil Doradla, analista da William Blair, sediado em Chicago. “Pareceria mais uma companhia de software. Não há garantias de sucesso para a BlackBerry se embarcar nisso e tudo depende da execução, mas tal opção parece ser a mais lógica”.

“Sem crédito”

Depois que o acordo por US$ 9 por ação com a Fairfax colapsou, a BlackBerry pôs fim a seu processo de venda e substituiu o presidente Thorsten Heins por Chen, ex-presidente da Sybase Inc. A BlackBerry arrecadará US$ 1 bilhão vendendo títulos conversíveis e a Fairbax investirá US$ 250 milhões na dívida, que pode ser transformada em ações por US$ 10 cada. Ontem, as ações fecharam a US$ 6,66.


A venda de títulos manterá a BlackBerry com vida, porém Michael Genovese da MKM Partners LLC opina que se trata de um conserto temporário.

“Consideramos este aumento de capital como algo mais simbólico do que importante”, afirmou o analista sediado em Stamford, Connecticut, em um relatório publicado em 4 de novembro. “Assumimos que todo o dinheiro no balanço será finalmente consumido e não damos crédito para caixa à BlackBerry na nossa ponderação”.

Vendas decrescentes

A receita da BlackBerry no último trimestre, de US$ 1,57 bilhão, foi metade do esperado pelos analistas e a menor desde meados de 2007. O custo dos produtos vendidos ultrapassou as vendas em US$ 374 milhões e a companhia realizou uma redução de valor de US$ 934 milhões antes de impostos por celulares não vendidos. A BlackBerry também demitiu cerca de 40 por cento dos seus funcionários.

Embora houvesse gastos ligados com o fechamento do negócio de celulares, focar-se no software poderia acabar restabelecendo a rentabilidade e o crescimento, afirmou Doradla da William Blair. Isso implicaria eliminar uma unidade que gerou US$ 6,65 bilhões ou 60 por cento da receita da BlackBerry no ano fiscal finalizado em março. O software gerou apenas US$ 261 milhões e US$ 3,91 bilhões foram obtidos com serviços.

Uma recuperação bem sucedida dos melhores ativos da BlackBery poderia deixar Chen em uma boa posição para vendê-los se ele quisesse, sendo que tais ativos já possuem valor, disse Alexander Peterc, analista da Exane BNP Paribas, em Londres.

“Deveria haver atores interessados na parte de e-mail corporativo e a plataforma de gestão de dispositivos móveis”, acrescentou Peterc em entrevista por telefone. “Não há interesse nenhum no seu setor de hardware” tal como ele é agora.

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