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Pressionado a reduzir tarifas, Bradesco aposta em ganho de escala

Banco teve lucro de R$ 6,4 bi e o maior retorno sobre patrimônio em 16 trimestres. Mas tem dificuldade em atingir meta de ganhos com tarifas

Agência do Bradesco em SP: banco teve alta de 25% no lucro líquido recorrente (Marcela Beltrão/Exame)

Agência do Bradesco em SP: banco teve alta de 25% no lucro líquido recorrente (Marcela Beltrão/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 25 de julho de 2019 às 15h11.

Última atualização em 25 de julho de 2019 às 17h12.

Segundo maior banco comercial do país, o Bradesco divulgou resultados trimestrais hoje. Os lucros se mantiveram bilionários, mas ainda assim o banco teve queda na bolsa. Os destaques negativos do balanço ficaram com as receitas vindas de prestação de serviços, pressionadas por um mercado mais competitivo.

O lucro líquido recorrente do trimestre ficou em 6,4 bilhões de reais, alta de 25% em relação ao mesmo período do ano passado. O principal destaque dos resultados do segundo trimestre foi para o retorno sobre patrimônio líquido do banco, o ROE, que foi de 20,6%, o maior dos últimos 16 trimestres. Isso mesmo com aumento de 18% no patrimônio líquido da instituição.

Segundo os executivos do banco, o retorno pode aumentar ainda mais nos próximos trimestres. “Temos conforto em dizer que que podemos incrementar o ROE. Por um lado, observamos um crescimento de base de clientes, com 2 milhões de novos clientes. Por outro, o avanço da reforma da previdência gera um cenário que nos traz otimismo”, disse o presidente do banco Octávio de Lazari Jr, em teleconferência com analistas nesta quinta-feira.

Queda nas receitas

Mas nem tudo saiu de acordo com as projeções do Bradesco no primeiro semestre. Após a divulgação dos resultados, o banco teve queda na bolsa. As receitas obtidas com prestação de serviços, que incluem itens como conta corrente, administração de fundos cobranças e operações de crédito, tiveram alta de apenas 2%, sendo que a projeção para 2019 está entre 3% e 7%. A explicação está principalmente na redução de tarifas de administração de fundos de investimento e em um cenário mais competitivo nos mercados de adquirência e cartões.

“A linha de cartões que está pressionada pelo cenário competitivo”, afirmou Lazari. No caso mercado de adquirência, o banco é um dos controladores da Cielo, a maior empresa do setor e que viu seu lucro cair 33% em relação ao primeiro trimestre.

Para recuperar as tarifas perdidas, a estratégia do Bradesco, assim como a da Cielo, está em captação de mais clientes, gerando ganhos em escala, e no trabalho de inteligência para oferecer o pacote de serviços certo para cada perfil de cliente. O esforço é importante. No entanto, fica a dúvida se será suficiente para manter os ganhos com tarifas em um cenário em que os bancos digitais pressionam o mercado com contas e cartões de tarifa zero. Para o cliente tanto melhor.

Outro segmento pressionado por redução de tarifas no balanço do Bradesco foi o das taxas de administração dos fundos de investimento. Com a queda na taxa básica de juros, as taxas administrativas foram pressionadas para baixo. Com isso, as receitas obtidas via administração de fundos tiveram queda de 7,8% no segundo trimestre de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018. “Foi necessário baixar, sob risco do cliente migrar para outras operadoras”, disse o presidente.

Mais uma vez, é uma mudança que parece ter vindo para ficar, ao menos no médio prazo, uma vez que as projeções indicam manutenção da Selic em 6,5%, com tendência de queda. O que, de novo, beneficia a economia, apesar de arranhar as receitas do Bradesco.

Resultado positivo

Os pontos de ressalva, no entanto, não comprometeram o resultado geral do banco, que inclusive manteve as projeções para o ano no quesito de prestação de serviços. Também não incomodam o investidor. Além do lucro e do retorno sobre patrimônio, já citados acima, a instituição teve crescimento de 66,6% em valor de mercado nos últimos 12 meses e vale hoje cerca de 285 bilhões de reais.

O número de clientes também cresceu, com destaque para os dados de clientes digitais. O banco ganhou 1,9 milhão de clientes na conta digital nos últimos 12 meses, e viu a liberação de crédito via canais digitais saltar 53% no semestre – foram 11,8 bilhões de reais liberados para pessoa física no primeiro semestre de 2019 via canais digitais.

O crédito para pessoa física também teve aumento significativo, com alta de 14,8% na comparação com o ano anterior. Para a diretoria do banco, trata-se de um prelúdio da recuperação da economia, que deve chegar com a aprovação das reformas estruturais, a começar pela previdência. “Não dá para não ser otimista com o futuro do nosso país”, disse Lazari.

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