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Presidente da Companhia das Letras divulga carta em apoio a Haddad

O editor e fundador da editora, Luiz Schwarcz, afirmou em carta que candidatura de Bolsonaro é "irmã de tempos tenebrosos de nossa vida política e cultural"

O presidente da Comapnhia das Letras, Luiz Schwarcz. (Companhia das Letras/Divulgação)

O presidente da Comapnhia das Letras, Luiz Schwarcz. (Companhia das Letras/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 14h40.

Última atualização em 17 de outubro de 2018 às 14h49.

São Paulo – O editor e presidente da editora de livros Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, divulgou ontem uma carta ao mercado editorial em apoio ao candidato à presidência da República Fernando Haddad (PT).

No documento, direcionado a autores, editores e livreiros, Schwarcz sugere “a todos os colegas editores que prezam a liberdade de expressão que votem em Fernando Haddad, se posicionando contra o discurso difusamente preconceituoso, contra o autoritarismo e a intolerância”.

O texto classifica a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) como “irmã de tempos tenebrosos de nossa vida política e cultural”.

O editor afirma ainda que tem uma visão “pouco positiva” sobre os governos do PT. Porém, destaca a atuação de Haddad como ministro da educação. “Ele coloca a educação entre as prioridades do país, e não podemos aceitar menos que isso de nenhum candidato”, diz o empresário.

Contatada, a Companhia das Letras afirmou que a carta é um posicionamento pessoal de Luiz Schwarcz.

Leia a íntegra do documento:

Carta aos autores, editores e livreiros

Não costumo me manifestar publicamente e nunca pedi voto ou sugeri votar em qualquer candidato. Posicionei a linha editorial do Grupo Companhia das Letras com independência em relação às minhas opções políticas, mas com ênfase clara em causas justas, publicando livros de apoio a minorias, que refletem a pluralidade e são contra a discriminação racial e a favor da liberdade de expressão.

Tenho uma visão pouco positiva sobre parte importante do legado dos anos do PT no poder, e espero que Fernando Haddad ainda mostre que a esquerda é capaz de fazer autocrítica, que a volta do partido ao poder seria embasada no reconhecimento de erros pregressos, oriundos da associação a formas viciadas e incorretas da prática política no Brasil, em proporções inimagináveis e contrárias à origem e vocação de um verdadeiro partido dos trabalhadores.

Por acreditar na possibilidade de que um PT renovado se apresente numa nova gestão nacional, se comprometendo, por exemplo, com políticas de equilíbrio fiscal, sugiro a todos os colegas editores que prezam a liberdade de expressão que votem em Fernando Haddad, se posicionando contra o discurso difusamente preconceituoso, contra o autoritarismo e a intolerância, símbolos do outro polo que se anuncia como alternativa no segundo turno desta eleição. A candidatura de Bolsonaro é falsamente nova e é irmã de tempos tenebrosos de nossa vida política e cultural.

Construímos nas últimas décadas um mercado editorial vigoroso, tivemos governos comprometidos com a educação e especificamente com a formação de leitores e de bibliotecas públicas, que levaram o livro a quem não pode comprá-lo devido ao histórico fosso social de nosso país. Isso foi feito de maneira criativa e inédita por governos como o de Fernando Henrique Cardoso e o de Lula, que acreditavam na educação. ­­­. Seu perfil moderado dentro do partido nos permite viver a esperança de que os inúmeros equívocos do PT, em várias áreas, não se repitam e que o partido volte aos compromissos que marcaram sua origem.

Autores, editores e livreiros têm força para pedir a todos que prezam a democracia que contribuam, criticamente, se unindo em favor da tolerância e da liberdade de expressão, que estão ameaçadas. Falta um gesto mais claro do PT em busca de um governo de coalização, mas os futuros danos à democracia têm sido verbalizados pelos seguidores do PSL continuamente e são graves.

Temos que afastar o grande risco de retroceder décadas em aspectos fundamentais da nossa vida pessoal e profissional. Desejo um bom voto a todos.

 

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