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Presidente da Caixa assina portaria para substituir VPs afastados

Na terça-feira, o presidente Temer determinou o afastamento, por 15 dias, quatro vice-presidentes do banco que estão sendo investigados por corrupção

Caixa Econômica (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Caixa Econômica (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 15h44.

Última atualização em 17 de janeiro de 2018 às 16h01.

Brasília - Depois de o presidente Michel Temer ceder à pressão de procuradores e do Banco Central para determinar o afastamento de quatro vice-presidentes da Caixa investigados por corrupção, a instituição divulgou nota nesta quarta-feira, 17, informando que o presidente Gilberto Occhi assina nesta quarta-feira uma portaria para substituir por 30 dias os quatro executivos.

"Após os 30 dias, caso haja necessidade, as designações passam a ser de competência do Conselho de Administração do banco", diz o documento.

A Caixa informa ainda que o vice-presidente de Corporativo, Antônio Carlos Ferreira, será substituído interinamente pelo diretor de Banco Corporativo, Luiz Gustavo Silva Portela; a vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias, Deusdina Pereira, será substituída interinamente pelo diretor de Fundos de Governo, Valter Gonçalves Nunes; o vice-presidente de Clientes, Negócios e Transformação Digital, José Henrique Marques da Cruz, será substituído pelo diretor de Clientes e Canais, Ademir Losekann; e o vice-presidente de Governo, Roberto Derziê de Sant Anna, será substituído interinamente pelo diretor de Serviços de Governo, Roberto Barros Barreto.

No comunicado, a instituição informa que "possui uma governança estabelecida em critérios sólidos como demonstrado amplamente nos resultados que a empresa vem alcançando nos últimos anos".

"A Caixa continua fazendo seu trabalho e sua missão, gerando valor aos clientes e sociedade como instituição financeira pública e principal agente de políticas públicas do Estado Brasileiro", diz o texto.

Na terça-feira, após recomendação do Banco Central (BC) e do alerta do Ministério Público Federal (MPF) sobre uma possível punição, o presidente Michel Temer determinou ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e ao presidente da Caixa, Gilberto Occhi, que afastassem, por 15 dias, quatro vice-presidentes do banco que estão sendo investigados por corrupção. Depois da ordem do presidente, a Caixa informou que vai afastar os executivos para que eles possam "apresentar ampla defesa das acusações".

Apesar de o Planalto informar que o prazo de afastamento seria de 15 dias, o decreto publicado nesta quarta no Diário Oficial da União (DOU) que formalizou o afastamento temporário dos quatro vice-presidentes apenas cita que ele se dará "até a conclusão da apuração dos fatos" pelo Conselho de Administração da empresa.

Os quatro executivos são acusados de vazamento de informações privilegiadas para políticos sobre o andamento de pedidos de empréstimos e também de negociar cargo em uma estatal como moeda de troca para liberação de crédito.

Embora o afastamento dos quatro seja temporário, a decisão de Temer significa uma derrota na queda de braço que o governo vinha travando com os procuradores da força-tarefa da Operação Greenfield. Em dezembro, os procuradores responsáveis pela investigação sobre desvios na Caixa recomendaram o afastamento dos 12 vice-presidentes do banco. Em resposta, a Caixa disse que não cumpriria as recomendações porque possui "um sistema de governança adequado à Lei das Estatais".

A orientação do MPF, negada pela Caixa, tinha como base uma investigação independente contratada pela própria Caixa. Como mostrou a edição de terça, 16, do Estado, a auditoria detectou casos de influência política no banco em ao menos quatro vice-presidências. O documento foi produzido pelo escritório Pinheiro Neto e foi anexado aos processos relacionados ao banco para reforçar as denúncias contra políticos e ex-funcionários que atuariam em favor de grandes empresas.

Após a primeira negativa de Temer e da Caixa em afastar os executivos, os procuradores da Greenfield se reuniram com representantes do BC na semana passada para debater a situação dos vice-presidentes. Com base nessa reunião, os investigadores enviaram, no dia 11, um ofício endereçado à Presidência da República no qual alertavam para a possibilidade de punição de Temer por conta da manutenção dos executivos.

Após a reunião com os procuradores, o próprio BC tomou a iniciativa de enviar ofício para a Caixa com a recomendação de afastamento dos vice-presidentes. Meirelles disse que o governo marcou para o dia 19 deste mês reunião da assembleia-geral da Caixa para aprovar o novo estatuto do banco. O MPF deu prazo de 60 dias para o banco tornar mais objetiva e transparente a contratação de vice-presidentes.

E-mail

No relatório final de investigação independente contratado pela Caixa, o escritório Pinheiro Neto cita um e-mail do gabinete do então vice-presidente da República, Michel Temer, para o vice-presidente afastado do banco Roberto Derziê. "Conforme contato telefônico, segue o pleito para Superintendente Regional de Ribeirão Preto-SP", diz a mensagem assinada com: "atenciosamente, Michel Temer."

Como resposta, o VP de Operações Corporativas da Caixa diz que o pleito seria tratado com prioridade. O Palácio do Planalto afirma que Temer não envia e-mails e que funcionários cuidam do correio eletrônico.

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