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Preço do querosene de aviação já subiu 40% e impacta retomada do turismo

Custo em dólar, concentração de mercado e impostos pesam no valor do combustível, afetando o desempenho das aéreas

O efeito do alto custo respinga nas companhias aéreas e no consumidor (Leandro Fonseca/Exame)

O efeito do alto custo respinga nas companhias aéreas e no consumidor (Leandro Fonseca/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 16h41.

Com a diminuição de pessoas circulando na pandemia, o turismo foi um dos mais afetados, com reflexos nos restaurantes, pousadas e passagens aéreas. De acordo com representantes do setor, a retomada enfrenta entraves não apenas relacionados ao novo aumento de casos de Covid, como também a alta do preço do querosene de aviação, que já subiu 40% neste ano.

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Para discutir o assunto nesta manhã, a Editora Globo realizou o webinar “Os impactos dos custos do combustível de aviação no turismo e na economia do país”. Patrocinado pela Refit, o evento foi transmitido pelos sites e redes sociais dos jornais O GLOBO e Valor, com mediação dos colunistas Ancelmo Gois, do GLOBO, e Guilherme Amado, da Época.

Um dos pontos mais sensíveis discutidos foi o custo elevado do combustível dos aviões, que pesa cerca de 40% no valor da passagem aérea. Para Alexandre Barreto, presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o problema começa na formação dos preços:

— Isso decorre da estrutura de mercado que temos. Hoje, no Brasil, temos uma estrutura de refino monopolizada.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, acrescentou que a dolarização do querosene também prejudica. Segundo ele, no mercado internacional, o combustível de aviação corresponde a cerca de 18% a 22% do valor da passagem. No Brasil, chega a 40%.

— O querosene de avião está 40% mais caro neste ano por causa da paridade de preços com o mercado internacional. É importante enfrentar isso. Em 1980 fazia sentido, hoje, não, pois 88,4% do querosene usado no Brasil são produzidos aqui mesmo. Além disso, as linhas internacionais não pagam ICMS, o que acaba onerando o turismo nacional.

O efeito do alto custo, dizem, respinga tanto nas companhias aéreas quanto para quem está trabalhando na ponta, além do consumidor.

— É um milagre as companhias aéreas ainda estarem funcionando. Nós estamos em uma indústria global concorrendo com empresas estrangeiras que recebem dinheiro do governo e têm menos custo. Como operador, eu não estou investindo milhões de dólares em uma frota nova no Brasil por causa do combustível mais alto. É um absurdo que tenhamos um dos combustíveis mais caros do mundo — pontuou John Rodgerson, CEO da Azul.

Magda Nassar, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), ponderou na discussão que o problema é anterior à pandemia:

— Como vamos ser mais competitivos se hoje as companhias nacionais têm ICMS, PIS, Cofins e outros impostos e as internacionais, não? — indagou. — O que a gente precisa hoje é de ações imediatas para sobreviver.

Como medidas para conter esses problemas, o diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, Juliano Noman, disse que a agência vem flexibilizando algumas regras, para aumentar a capacidade de investimento, o que deve impactar na concorrência e nos preços.

— Antes da pandemia, estávamos em negociação com empresas low cost. Vamos aumentar a capacidade de investimento e deixar o mercado definir o modelo de negócios, e atacar a questão dos custos com isso.

Ronei Glanzmann Secretário nacional de Aviação Civil (SAC) do Ministério da Infraestrutura defende que um caminho é aumentar a competição na distribuição para quebrar o monopólio do refino.

— Construir uma refinaria nova pode não fazer sentido, mas importar pode ser. O caminho é abrir o mercado.

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