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Praga da inadimplência pode piorar situação de Dilma

A presidente teve que passar por mais inadimplências corporativas no paós do que qualquer um dos seus predecessores


	Dilma Rousseff: a incapacidade de Dilma de estimular o crescimento na maior economia da América Latina e domar a inflação ajuda a explicar algumas das onze inadimplências durante seu mandato
 (AFP/Getty Images)

Dilma Rousseff: a incapacidade de Dilma de estimular o crescimento na maior economia da América Latina e domar a inflação ajuda a explicar algumas das onze inadimplências durante seu mandato (AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 23h24.

São Paulo - A Presidente Dilma Rousseff pode acrescentar outra distinção duvidosa a seus tumultuosos três anos e meio de mandato: durante sua presidência, ela teve que passar por mais inadimplências corporativas no Brasil do que qualquer um dos seus predecessores.

A decisão da fabricante de peças para carros Sifco SA de suspender os pagamentos em seus títulos denominados em dólares, na semana passada, empurrou a quantidade de dívida sem pagamento para US$ 8 bilhões durante o primeiro mandato de Dilma, que termina neste ano.

A soma corresponde a pelo menos o dobro da quantia durante os dois mandados das presidências de seus predecessores, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, de acordo com a Moody’s Investors Service.

A incapacidade de Dilma de estimular o crescimento na maior economia da América Latina e domar a inflação, que excedeu a meta desde que ela assumiu o cargo, ajuda a explicar algumas das onze inadimplências durante seu mandato, disseram Sterne, Agee Leach Inc. e Credit Suisse Group AG.

Embora empresas como a OGX Petróleo Gás Participações SA tenham sido inadimplentes porque não conseguiram cumprir suas promessas, a Sifco responsabilizou a “repentina desaceleração econômica do Brasil” por sua falência, e a produtora de etanol Aralco SA Açúcar Álcool disse que foi prejudicada pelos subsídios governamentais de combustível.

“É possível ver claramente a correlação entre alguns desses nomes e as políticas do governo de Dilma”, disse Revisson Bonfim, diretor de análises sobre mercados emergentes internacionais da Sterne, Agee Leach, em entrevista telefônica de Nova York.

“A inadimplência do açúcar é, sem dúvida, um reflexo das políticas de preço do governo. A inadimplência da Sifco foi provocada pelo crescimento mais lento, que é possível vincular às políticas do governo”.


Títulos da Sifco

A Sifco, com sede em Jundiaí, São Paulo, entrou com um pedido de falência nos EUA perante a corte de Manhattan, no dia 23 de abril, para impedir que os credores tomem medidas legais contra os ativos da empresa enquanto ela se reorganiza no Brasil.

A empresa disse que possui ativos de mais de US$ 100 milhões e dívidas de mais de US$ 500 milhões.

Os US$ 75 milhões em títulos com vencimento em 2016 da empresa caíram 3 por cento para US$ 0,12 desde o dia 23 de abril.

A Sifco, que fornece eixos dianteiros para caminhões e ônibus, disse em um comunicado em seu site que uma desaceleração econômica provocou uma redução da receita e do fluxo de caixa.

Gonzalo Borja, gestor de recursos no Credit Suisse Asset Management, disse que vendeu seus títulos da Sifco anteriormente porque o mau gerenciamento da empresa e a desaceleração econômica aumentaram a probabilidade da falência.

“Nossa exposição atual aos nomes brasileiros de alto rendimento é muito baixa”, disse Borja, em entrevista telefônica de Zurique. “Observamos uma desaceleração no Brasil e, essencialmente, é um dos países em que temos menos otimismo”.

Taxa de recuperação

Borja disse que reduziu as posses de dívida brasileira classificada como junk porque as taxas de recuperação no País tendem a ser baixas.


As insolvências no Brasil levam em média quatro anos para serem resolvidas, com uma taxa de recuperação de 19,5 por cento, frente a um período de 1,7 ano e uma taxa de recuperação média de 70,6 por cento entre os 34 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, de acordo com o Banco Mundial.

A Aralco, com sede em Araçatuba, São Paulo, deixou de pagar US$ 250 milhões em dívida no mês passado depois de realizar o pagamento de apenas um cupom, pois os subsídios do governo para a gasolina, que têm o objetivo de controlar a inflação, reduziram a demanda doméstica por biocombustíveis e provocaram um aumento do excedente global de açúcar.

Em um comunicado após o registro de falência, em 5 de março, a empresa citou os custos crescentes da tomada de empréstimos e a política de preços de Dilma Rousseff para os combustíveis.

‘Má situação’

Frederico Tebechrani, analista de pesquisa de crédito corporativo do Banco Pine, disse que as falências durante o mandato de Dilma não são tanto um resultado das políticas econômicas da presidente, mas dos “problemas” específicos das empresas.

“As falências que ocorreram nos últimos anos têm mais a ver com problemas específicos de cada caso do que com um panorama econômico mais amplo”, disse Tebechrani por telefone, de São Paulo.

“Empresas como OGX, Aralco e Sifco estavam em má situação em comparação com seus pares. Outras empresas do mesmo setor que possuem razões de alavacagem inferiores estão em situações muito melhores e não enfrentaram dificuldades nos últimos anos. Cada caso deve ser analisado separadamente”.

As altas taxas de juros, a inflação galopante e o baixo crescimento estão prejudicando a capacidade das empresas brasileiras para gerar fluxo de caixa, de acordo com Renato Donatti, diretor adjunto da Fitch Ratings, em São Paulo.

“A Sifco teve uma concentração de dívida no curto prazo e vinha conseguindo adiá-la, mas a um custo muito alto”, disse Donatti. “Ante uma situação mais desafiadora para o setor automobilístico como um todo e taxas mais altas de juros, ficou mais difícil para eles renegociar a dívida”.

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