Negócios

Potenciais compradores avaliam patentes da BlackBerry

Companhia construiu um tesouro de propriedade intelectual que agora é central nos seus esforços para atrair compradores.


	Smartphones BlackBerry Z10: fabricante recebeu 986 patentes no ano passado, 49 por cento a mais que em 2011
 (Pawel Dwulit/Bloomberg)

Smartphones BlackBerry Z10: fabricante recebeu 986 patentes no ano passado, 49 por cento a mais que em 2011 (Pawel Dwulit/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2013 às 21h50.

Toronto/Washington - Apesar de que as vendas da BlackBerry Ltd. despencaram nos últimos anos, a companhia continuou criando patentes, construindo um tesouro de propriedade intelectual que agora é central nos seus esforços para atrair compradores.

A fabricante de smartphones, que está em apertos, recebeu 986 patentes no ano passado, 49 por cento a mais que em 2011, conforme dados compilados pela Associação de Donos de Propriedade Intelectual. As patentes da BlackBerry têm valor entre US$ 1 bilhão e 3 bilhões dependendo de quantas já foram licenciadas, segundo estimam analistas especialistas em patentes.

Em favor da Blackberry está o fato de que as patentes abrangem tecnologias similares às da propriedade intelectual da Apple Inc. e que boa parte da carteira tem apenas uns poucos anos de antiguidade. Em contra, que o mercado para tais ativos desacelerou. Antigos compradores de patentes, como a Apple e a Google Inc., desenvolveram amplas carteiras em acordos de patentes há dois anos.

“É um mercado incrivelmente volátil”, afirmou Ron Laurie, diretor de gestão da Inflexion Point Strategy, sediada em Palo Alto, Califórnia, que presta assessoria sobre patentes às companhias. “Tudo depende da demanda percebida e do valor estratégico”.

Um maior valor das patentes ajudaria a companhia enquanto procura ofertas superiores à proposta tentativa da Fairfax Financial Holdings Ltd., de US$ 4,7 bilhões, ainda que implique dissolver a BlackBerry para obter o maior valor para seus ativos.

A Apple, cujo iPhone é atualmente o smartphone mais vendido, menciona a tecnologia da BlackBerry 1.295 vezes nos seus formulários de inscrição de patentes, conforme o MDB Capital Group LLC, banco de investimento de patentes, sediado em Santa Monica, Califórnia. As rivais se creditam entre si mais do que quaisquer outros dois fabricantes norte-americanos de dispositivos. Exige-se às companhias identificarem a tecnologia dos concorrentes para garantir que não estejam reclamando algo já patenteado.

Lisette Kwong, porta-voz da Blackberry, baseada em Waterloo, Ontário, e Kristin Huguet, porta-voz da Apple, não quiseram fazer comentários.


Potenciais compradores

A Fairfax, a principal acionista da BlackBerry, está tentando alinhar financiamento e parceiros na sua oferta para privatizar a companhia. Os cofundadores da Blackberry, Mike Lazaridis e Douglas Fregin, que juntos controlam 8 por cento das ações da companhia, anunciaram neste mês que também estão cogitando realizar uma oferta. Lazaridis possui 178 patentes da BlackBerry, segundo o MDB.

As patentes duram 20 anos a partir da data de inscrição, tornando atrativa a média de 3-4 anos de antiguidade das patentes da BlackBerry, disse Erin-Michael Gill, diretor de gestão do MDB.

“É uma carteira com mais de quinze anos de vida útil, o que é muito”, afirmou Gill. “Quem se importar com a Apple se importará com essa carteira – incluindo a Apple”. Nem todas as patentes são iguais. Em uma carteira típica, 5 por cento das patentes tem valor real encaixando com outras companhias, afirmou Laurie. Isso dificulta a previsão do preço definitivo de venda da BlackBerry, acrescentou Laurie.

Tecnologia QNX

Embora o sistema operativo BlackBerry 10 não tenha conseguido atrair os consumidores, sua tecnologia QNX é uma plataforma para dispositivos de gestão de centrais nucleares, sistemas de informação e entretenimento para carros e veículos aéreos não tripulados do exército americano. Entre os clientes que utilizam QNX encontram-se a Porsche, a Cisco, a General Electric Co. e a Caterpillar Inc.

Mesmo com esses ativos, é improvável que a BlackBerry consiga obter o mesmo prêmio que a Nortel ou a Motorola Mobility Holdings Inc. obtiveram por suas patentes em 2011 porque o mercado mudou, disse Laurie. Naquela época, a Apple, o Google e a Microsoft Corp. estavam litigando pela tecnologia dos smartphones. Recentemente, elas têm evitado entrar com processo umas contra outras porque estão resolvendo antigas disputas. Disso resulta que elas talvez não precisem comprar mais patentes, disse Laurie.

“Ainda que compradores estratégicos como a Apple, o Google e a Samsung não exibam o mesmo entusiasmo que podiam ter há dois anos, o valor mínimo que um comprador financeiro colocaria nos ativos implica que o montante continuará sendo importante”, disse Gill.

Acompanhe tudo sobre:BlackBerryEmpresasIndústria eletroeletrônicaPatentesSmartphones

Mais de Negócios

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'

Martha Stewart diz que aprendeu a negociar contratos com Snoop Dogg

COP29: Lojas Renner S.A. apresenta caminhos para uma moda mais sustentável em conferência da ONU