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Postalis pode vender carteira de R$2 bi de créditos vencidos

O Postalis, um dos alvos da operação Greenfield da Polícia Federal na semana passada, tem um buraco de 7 bilhões de reais em seu principal fundo


	Correios: o Postalis, um dos alvos da operação Greenfield da Polícia Federal na semana passada, tem um buraco de 7 bilhões de reais em seu principal fundo
 (Tânia Rêgo/ABr)

Correios: o Postalis, um dos alvos da operação Greenfield da Polícia Federal na semana passada, tem um buraco de 7 bilhões de reais em seu principal fundo (Tânia Rêgo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2016 às 17h11.

Florianópolis - O Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, deve decidir nos próximos meses se vende parte de uma carteira de empréstimos vencidos com valor de face de 2,2 bilhões de reais, disse à Reuters o presidente da instituição, André Motta.

No ano passado, o Postalis chegou a contratar a PricewaterhouseCoopers para avaliar a carteira e apresentar alternativas para rentabilizá-la.

Na época, a melhor das ofertas recebidas por empresas especializadas em recuperação de crédito ficou ao redor de 5 por cento do valor de face.

O plano de vender os ativos foi engavetado na época. Agora, o Postalis avalia inclusive a opção de não se desfazer de toda a carteira, já que alguns devedores manifestaram interesse em pagar pelo menos parte da dívida, afirmou Motta, sem citar nomes.

“Possivelmente não vendamos tudo”, disse Motta às margens do 37º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, na capital catarinense. Ele assumiu o comando do Postalis há pouco mais de um mês.

Símbolo de um ciclo de prejuízos bilionários dos fundos fechados de previdência complementar no país, que misturou investimentos fracassados e denúncias de fraudes, o Postalis, um dos alvos da operação Greenfield da Polícia Federal na semana passada, tem um buraco de 7 bilhões de reais em seu principal fundo.

Dentre os problemas acumulados pelo Postalis, segundo maior fundo de pensão do país em número de participantes (143 mil), estão 42 empréstimos feitos a empresas e já vencidos.

Os tomadores incluem empresas citadas na CPI dos fundos de pensão, como a elétrica Raesa/Multiner, a construtora Conspar, além de instituições financeiras quebradas, como o Cruzeiro do Sul e o BVA.

Além da venda de parte da carteira vencida para empresas de recuperação de crédito, o Postalis também avalia outras alternativas, afirmou Motta. "Podemos fazer um FDIC (fundo de direitos creditórios), empacotar num fundo de ativos podres (...) Estamos olhando todas as opções."

Segundo ele, com a tendência de queda da taxa básica de juros do país, o Postalis deve começar a avaliar ativos que ofereçam maior rentabilidade. “Vemos boas oportunidades em setores como agronegócio e telecomunicações”, disse Motta.

BNY Mellon

Tentar tirar o máximo de carteiras inadimplentes e mover processos judiciais bilionários contra seu gestor de recursos têm sido alguns dos caminhos usados pelo Postalis para tentar aliviar os efeitos de anos de decisões duvidosas de gestão e que levaram o fundo a implementar neste ano um plano de readequação, que obrigará seus participantes a fazerem contribuições adicionais por mais de 23 anos para cobrir o rombo.

O Postalis espera receber até 5 bilhões de reais como resultado de seis processos que está movendo contra o banco BNY Mellon por participação nas bilionárias perdas sofridas pelo fundo ao investir, entre outros ativos, em títulos da dívida da Argentina e da Venezuela.

O processo mais adiantado está no Superior Tribunal de Justiça (STJ), após um colegiado de instância inferior ter decidido a favor do Postalis, determinado o bloqueio de 250 milhões de reais do BNY Mellon.

“Em valores atualizado, esse processo é superior a 1 bilhão de reais”, disse Motta.

O banco norte-americano argumentou à CPI que, como administrador, apenas executava ordens recebidas de seu cliente. O Postalis defende que, por contrato, o BNY Mellon não pode se eximir de culpa por investimentos fracassados.

Apesar do conflito, o BNY Mellon continua como único gestor do Postalis, devido a um contrato de exclusividade.

CADÊ A GOVERNANÇA? Motta foi diretor de investimentos do Postalis entre novembro de 2013 e março último, antes de ser conduzido à presidência da entidade pelo atual ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab.

Segundo o executivo, as decisões equivocadas de gestão foram tomadas antes de sua entrada em 2013 e, desde então, o fundo tem sido o mais conservador do mercado, aplicando recursos novos todos em títulos públicos.

Para Motta, somente nos últimos três anos o instituto, criado em 1981, passou a ter práticas de boa governança aplicadas por outras instituições do setor, como ter uma gerência de riscos e um estatuto que prevê diretores eleitos pelos participantes do fundo.

A carteira mais nova, de contribuição variável e composta em 60 por cento do patrimônio por títulos públicos, acumula no ano até julho rentabilidade de 10,05 por cento, acima da meta atuarial de 9,48 por cento para o período.

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