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Positivo mostra se conseguiu aproveitar oportunidade da crise

Os investidores vêm apostando que a companhia se beneficiou da corrida para o home office na pandemia -- as ações subiram 146% desde 23 de março

Logo da Positivo (Positivo/Divulgação)

Logo da Positivo (Positivo/Divulgação)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 8 de junho de 2020 às 06h49.

Em todo o mundo, as empresas de tecnologia são as que estão se saindo melhor na crise do novo coronavírus. A vida à distância tem acelerado a digitalização de trabalhadores e famílias, favorecendo fabricantes de equipamentos, operadoras de telecomunicações e provedores de conteúdo. Há poucas representantes do setor na bolsa de valores brasileira, mas uma das mais importantes divulga nesta segunda-feira, 8, após o fechamento do mercado, seus resultados relativos ao primeiro trimestre do ano: a paranaense Positivo, que produz computadores e celulares.

Os investidores que vêm apostando que a companhia se beneficiou da corrida para o home office que fez profissionais e empregadores comprar e trocar notebooks, desktops e celulares em busca de melhor conexão e maior produtividade saberão se acertaram na aplicação.

Desde 23 de março, quando atingiu o menor valor do ano em meio ao pânico provocado pela pandemia da infecção respiratória covid-19, a ação da Positivo já avançou 146%, tendo fechado vendida a 5,39 reais na sexta-feira, 5. No mesmo intervalo, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa B3, subiu 51%.

Os analistas do mercado de ações apontam que o otimismo sobre o desempenho da Positivo vem primeiro da situação financeira confortável que a empresa de tecnologia exibia no início do ano. Depois de um prejuízo de 500.000 de reais em 2018, a paranaense registrou lucro de 20,8 milhões de reais em 2019, revertendo ao longo do ano o prejuízo de 4,6 milhões que havia registrado no primeiro trimestre. Com uma dívida de 271,5 milhões de reais, ao final de janeiro captou 354 milhões de reais por meio de uma oferta de ações. Os recursos seriam usados na expansão do negócio, mas reforçaram o caixa em um momento de forte turbulência.

Outro ponto forte é o domínio do seu mercado-alvo em computadores, que é o dos notebooks de até 1.200 reais: ao final do ano passado, a Positivo tinha 89,1% de participação nesse segmento, tendo ganhado quase 40 pontos percentuais em quatro trimestres. Como muitos brasileiros não estavam preparados financeiramente para de uma hora para outra ter de trabalhar de casa – especialmente os de renda mais baixa que nunca viveram a experiência, como os operadores de telemarketing – os computadores baratos devem ter levado vantagem na hora da compra de urgência.

A habilidade e rapidez da Positivo em aproveitar a oportunidade apresentada pela pandemia pode gerar bons dividendos não só enquanto dura a fase aguda da crise mas no longo prazo, com a conquista de novos consumidores que podem se interessar pelos demais produtos de seu portfólio. Os detalhes dessa estratégia os investidores também querem ver no balanço que sai hoje.

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