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Pós-queda da Avianca Brasil e briga por Congonhas, Gol está otimista

A queda da rival levou passageiros a buscarem outras companhias aéreas, ajudando a impulsionar os números da Gol

Avião da Gol (Gol/Divulgação)

Avião da Gol (Gol/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 2 de agosto de 2019 às 06h00.

Última atualização em 2 de agosto de 2019 às 06h00.

Depois de reportar resultados fortes e recorde de receita para o segundo trimestre de 2019, a companhia aérea Gol está otimista. Ela ajustou suas projeções para 2019 e 2020, esperando aumentar sua frota média, a demanda de passageiros e a receita líquida. O mercado viu os planos da companhia aérea com olhos positivos e a ação subiu 4,7% durante o dia. Desde o começo do ano, a alta foi de mais de 70%.

A previsão de receita para o ano, que era de 13 bilhões de reais, foi ajustada para 13,5 bilhões de reais. Para o ano que vem, a projeção de receita, antes de 14,5 bilhões de reais, foi alterada para 15,5 bilhões de reais. 

As mudanças se devem em parte à recuperação econômica e em parte à queda da competidora Avianca Brasil, em recuperação judicial. No curto prazo, a queda da Avianca afetou os custos da Gol. Depois que a Avianca foi impedida de operar, outras aéreas acomodaram os passageiros em seus voos. Para a Gol, o custo acumulado foi de 35 milhões de reais. Daqui para a frente, esse custo deve subir apenas marginalmente.

Passageiros voltam a voar

A queda da rival, no entanto, levou passageiros a buscarem outras companhias aéreas, ajudando a impulsionar os números da Gol. Depois de anos de crise e de contenção na oferta dos assentos, a Gol espera voltar a aumentar o número de voos oferecidos. 

O índice ASK, que indica os assentos disponíveis a cada quilômetro voado e representa a capacidade da empresa, chegou a 11,4, aumento de 6,5% em relação ao ano passado. 

Até o fim do ano, a companhia prevê que o crescimento da demanda será de 9% a 11% - a previsão anterior era de 7% a 10%. O maior aumento na demanda deverá vir do mercado internacional, de 35% a 40%. Para 2020, o aumento da demanda deve ser de 5% a 6%, prevê a companhia.

Apesar do otimismo, a Gol está cautelosa em suas previsões de aumento de oferta, afirmou Paulo Kakinoff, presidente da aérea. Segundo ele, o aumento de capacidade das outras companhias deverá repor o número de passageiros que a Avianca transportava no país. Além disso, a alta da oferta também segue o crescimento do PIB, que nas análises mais otimistas deverá ser de 1% no ano, diz o presidente - e pode levar a oferta a crescer entre 3% a 4%.

A reserva da companhia tem motivo: "vimos o que acontece quando uma empresa tem adição acelerada de capacidade para aumentar a participação de mercado, com a trajetória da Avianca", afirmou o presidente.

A briga por Congonhas

A queda da Avianca também irá alterar a distribuição dos voos nos principais aeroportos do país. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou a redistribuição dos slots (horários de pouso e decolagem) do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para a Azul, MAP e Passaredo. A Gol e a Latam, que ficaram de fora dessa distribuição, buscaram se apossar dos slots em um leilão, não aceito pela Anac. 

Apesar de perder esses espaços para as concorrentes, a Gol afirma que o resultado não deve ter maiores consequências para ela. "A distribuição dos slots não irá influenciar a capacidade do setor, pois repõe exatamente o que a Avianca operava. Isso já foi considerado em nosso guidance para o resto do ano", disse Kakinoff.

MAP e Passaredo são companhias aéreas menores, com menos de 0,5% do mercado de aviação somadas e aviões de menor porte. Elas têm até o dia 9 de agosto para provar para a Anac que conseguem operar no aeroporto com a qualidade e as condições exigidas pela agência. 

"Não acreditamos que as novas entrantes no aeroporto de Congonhas terão escala para impactar significativamente a estrutura do mercado e esperamos que os players maiores se mantenham disciplinados", afirmou o banco BTG Pactual em relatório sobre o resultado da Gol.

Melhora nos resultados

A companhia encerrou o trimestre com 38% de participação no mercado, segundo dados da Anac. A taxa de ocupação chegou a 82%, aumento de quase 4 pontos em relação ao mesmo período do ano anterior. As aeronaves também voaram mais durante o trimestre: o tempo de utilização dos aviões foi de 11,7 horas por dia, aumento de 5%.

A empresa terminou o trimestre com 127 aviões em operação, oito a mais que no ano passado. A previsão para 2020 é  chegar a 131 a 136 aeronaves em operação. 

A companhia aérea reportou um resultado forte, acima do esperado pelos analistas. A receita líquida no segundo trimestre do ano atingiu um recorde para o segundo trimestre, normalmente mais fraco, de 3,24 bilhões de reais, aumento de 33% em relação ao ano anterior. Além da melhora na economia e da absorção dos passageiros da Avianca, o resultado também foi influenciado pelo efeito de comparação, já que ano passado esse período havia sido impactado pela greve dos caminhoneiros.

O lucro operacional da companhia atingiu cerca de 400 milhões de reais. É o 12° trimestre consecutivo que a companhia reporta lucro operacional. No entanto, o prejuízo líquido foi de 194 milhões de reais. O número representa uma melhora significativa em relação ao mesmo trimestre do ano passado, quando o prejuízo líquido foi de 1,9 bilhão de reais. 

Com uma parcela maior do mercado e otimismo para os números do próximo trimestre, a companhia espera voos tranquilos nos próximos trimestres.

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