Negócios

Porto de São Gonçalo tem dificuldade para sair do papel

Obra da Petrobras no Rio de Janeiro está com as obras atrasadas e ameaça poluir a última área ainda preservada da Baía de Guanabara

O porto consiste em um píer que avançará cerca de 80 metros mar adentro, no formato da letra "T" (Germano Luders)

O porto consiste em um píer que avançará cerca de 80 metros mar adentro, no formato da letra "T" (Germano Luders)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2011 às 10h22.

Rio de Janeiro - Fundamental para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) receber os grandes equipamentos de suas instalações industriais, o porto que a Petrobras construirá no município de São Gonçalo (RJ) está com as obras atrasadas, apavora comerciantes e moradores prestes a ser desapropriados e ameaça poluir a última área ainda preservada da Baía de Guanabara.

Orçado em R$ 240 milhões pela companhia, o porto consiste em um píer que avançará cerca de 80 metros mar adentro, no formato da letra "T", a partir da praia da Beira. Haverá ainda uma área de apoio e guarda de aparelhos, chamada de retroporto. Apesar de o início das obras ter sido inicialmente marcado para meados de 2010, o projeto ainda não começou a sair do papel.

A praia da Beira é um reduto ainda bucólico do segundo maior município fluminense em termos populacionais. São Gonçalo tem 999.728 habitantes, de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O píer terá capacidade, quando pronto, para receber simultaneamente até sete embarcações de grande porte, que trarão parte da maquinaria pesada do Comperj. O material seguirá até a sede do complexo petroquímico, no vizinho município de Itaboraí, em carretas e caminhões que percorrerão 22 quilômetros por uma estrada a ser construída entre os dois destinos.

Para que a obra do porto em São Gonçalo seja iniciada, é preciso que sejam feitos os serviços de dragagem que permitirão a chegada das embarcações ao ponto de atracação. Sem a dragagem de 5 metros de profundidade entre o canal central de navegação da Baía de Guanabara e o píer, nenhum barco carregado conseguirá aproximar-se do porto, por conta da quantidade de lama acumulada.

Complexo

Um dos principais empreendimentos da história da Petrobras, o Comperj também sofre atrasos. Quando lançado, em 2008, divulgou-se que já estaria funcionando ainda em 2011. Agora, a previsão é concluir o projeto em 2014. O investimento total no empreendimento é estimado em R$ 20 bilhões.

Integrarão o Comperj uma refinaria e unidades geradoras de produtos petroquímicos de primeira geração (como propeno e benzeno) e de segunda geração (polietilenos e estireno, entre outros). Deverão ser refinados 165 mil barris diários de óleo pesado, com a construção de uma segunda unidade com a mesma capacidade de três a quatro anos após a inauguração.

Mesmo com o atraso, a Petrobras assinou em janeiro dois acordos para o uso do porto. Com a Prefeitura de São Gonçalo, a companhia se compromete a realizar a dragagem e a construir o píer, a área de apoio e a estrada. Firmado com o governo estadual e a prefeitura, o segundo documento trata da possibilidade de o porto vir a ser usado não só pela Petrobras.

Função

Em mensagem eletrônica transmitida pela assessoria de imprensa da estatal, o diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, disse que a meta é fazer com que a área se transforme em um polo de investimentos, com indústrias e estaleiros.

Se o governo estadual concluir pela viabilidade do empreendimento, a Petrobras se compromete a aumentar a dragagem para 8 metros de profundidade, de modo a permitir a atracação de barcos de maior porte.

"O governo do Estado e a prefeitura vão procurar atrair investidores privados para fazer o investimento", afirmou Costa, para quem, caso haja o uso compartilhado do porto, será necessária aumentar o píer para 500 metros de extensão.

"Não é a Petrobras que vai fazer. As pessoas confundem. A Petrobras vai auxiliar a prefeitura e o governo do Estado para viabilizar esse projeto. Entretanto, (o projeto) tem que confirmar se é viável, se tem empreendedor para executar o projeto. A Petrobras não vai construir um porto para São Gonçalo", acrescentou o executivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da Petrobrascidades-brasileirasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoInfraestruturaMetrópoles globaisPetrobrasPetróleoPortosQuímica e petroquímicaRio de JaneiroTransportes

Mais de Negócios

Azeite a R$ 9, TV a R$ 550: a lógica dos descontaços do Magalu na Black Friday

20 frases inspiradoras de bilionários que vão mudar sua forma de pensar nos negócios

“Reputação é o que dizem quando você não está na sala”, reflete CEO da FSB Holding

EXAME vence premiação de melhor revista e mantém hegemonia no jornalismo econômico