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Por que um CEO global está otimista com o turismo no Brasil

Olivier Chavy, liderança da RCI, de turismo compartilhado, espera uma alta de 40% nas receitas de viajantes do Brasil em 2022

Chavy, da RCI: "Esperamos 1,4 bilhão de dólares em vendas no Brasil, uma expansão de 40%. É um desafio ousado, mas possível." (Divulgação/Divulgação)

Chavy, da RCI: "Esperamos 1,4 bilhão de dólares em vendas no Brasil, uma expansão de 40%. É um desafio ousado, mas possível." (Divulgação/Divulgação)

LB

Leo Branco

Publicado em 3 de maio de 2022 às 15h10.

O francês Olivier Chavy é um entusiasta do turismo no mundo — e, em particular, no Brasil. Chavy é CEO da RCI, empresa global de turismo compartilhado, um mercado de 20 bilhões de dólares em vendas globais e algo perto de 1 bilhão de dólares no Brasil.

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Pelo sistema, viajantes pagam mensalidades a uma gestora de viagens como a RCI capaz de oferecer um rol de milhares de hotéis e resorts com preços promocionais. Quem possui imóveis vagos também pode colocá-los em oferta nessas plataformas — daí o nome "compartilhado" para esse setor.

Formado em hotelaria, e com experiência em redes hoteleiras de luxo como Hilton e Waldorf Astoria, Chavy aposta na popularização do turismo no Brasil num cenário de pandemia perdendo força.

Os sinais para o otimismo vêm da fase mais aguda da crise sanitária: de 2019 para cá, para dar conta da alta demanda dos brasileiros, a RCI estreou a oferta de hospedagem em destinos badalados como Jericoacoara, no Ceará, e Canela, no Rio Grande do Sul. Em 2022, prevê expansão de 40% no Brasil.

Na entrevista a seguir, Chavy detalha os planos para o Brasil e os motivos para aquisição de uma marca editorial, a Travel + Leisure, pelo grupo que lidera.

Qual é a importância do Brasil e da América Latina para o segmento de turismo compartilhado e para a RCI?

A RCI tem 3,7 milhões de sócios pelo mundo. Esse contingente tem acesso a mais de 4.200 resorts afiliados em 110 países. Temos posição de liderança no setor de propriedade compartilhada. Isso não é diferente no Brasil. Claro que fomos afetados pela pandemia, como o setor todo.

No entanto, fomos os primeiros a sair da crise. Para você ter uma ideia da força da nossa marca na região, entre 2019 e 2021 ampliamos em 46 os hotéis e resorts afiliados à RCL no Brasil. Entramos em destinos muito importantes durante a pandemia, como Jericoacoara, no Ceará, e Canela, no Rio Grande do Sul. Na América Latina e no Caribe hoje contamos com mais de 1.720 resorts afiliados.

Há motivo para ser otimista com o turismo no Brasil?

A indústria de turismo compartilhado vem crescendo no Brasil ao longo das últimas décadas — e, em particular, no período da pandemia. As pessoas querem viajar para recuperar a experiência de liberdade perdida, em boa medida, durante a quarentena.

Em 2021, no segundo ano de pandemia, o mercado de turismo compartilhado atingiu um recorde de 1 bilhão de dólares em vendas no Brasil. O número mostra a força da nossa indústria. Por trás desse número está a expansão do número de hotéis e resorts afiliados.

Ou seja, cada vez mais empreendimentos veem relevância do turismo compartilhado para garantir a rentabilidade da operação. Para 2022, esperamos 1,4 bilhão de dólares em vendas no Brasil, uma expansão de 40%. É um desafio ousado, mas possível.

Por que esse mercado cresce no Brasil?

A grande maioria das propriedades compartilhadas alugadas no Brasil são para brasileiros que planejam viajar internamente. Isso se deve novamente a uma classe média crescente. Apesar das dificuldades econômicas, o Brasil tem uma classe média com mais de 100 milhões de brasileiros. Estamos bem posicionados para atender essa demanda.

No ano passado, a Panorama, companhia do mesmo grupo da RCI, comprou a Travel + Leisure, uma das principais revistas sobre turismo nos Estados Unidos e em outros países. Como a aquisição mudou a estratégia das empresas?

A Panorama é a principal empresa no mundo atuando com a premissa de clube de benefícios voltada para o turismo. Isso inclui a RCI, dedicada ao turismo compartilhado, e a Panorama Travel Solutions, que desenvolve programas de adesão a funcionários de empresas.

Esse segundo nicho está operando com a marca Travel + Leisure desde a aquisição da marca, em janeiro do ano passado. Para além de editar a publicação que leva esse nome, a Travel + Leisure tem 20 negócios de viagens — resorts, clubes de viagens, entre outros.

O objetivo de usar essa marca é ampliar o apelo do turismo compartilhado para outros mercados. É importante sinalizar que o braço editorial segue sendo tocado por uma equipe dedicada e sem relação com as demais áreas da Panorama, de modo a preservar a independência editorial.

Qual é o tamanho da indústria de propriedade compartilhada no mundo? Qual é o tamanho da participação da RCI no setor?

A indústria global de propriedade compartilhada de férias é de aproximadamente 20 bilhões de dólares. Cerca de metade disso está nos Estados Unidos. A RCI tem mais de 3,7 milhões de membros e 4.200 resorts afiliados em todo o mundo. Ninguém tem mais números do que a gente nesse setor.

A propriedade de férias está crescendo rapidamente em toda a América Central e do Sul como um todo. Esta região teve o maior número de novas propriedades inauguradas no ano passado, somando cerca de 2.400 unidades totais, de acordo com dados da Oxford Economics.

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