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Por que paralisação da Volkswagen pode valorizar seu carro usado

Falta de componentes tem puxado preços para cima e momento é boa oportunidade para fazer dinheiro

Valorização: não foram apenas os seminovos da VW que passaram a valer mais na pandemia (Chevrolet/Divulgação)

Valorização: não foram apenas os seminovos da VW que passaram a valer mais na pandemia (Chevrolet/Divulgação)

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Gabriel Aguiar

Publicado em 27 de setembro de 2021 às 19h22.

Última atualização em 29 de setembro de 2021 às 17h34.

Paralisações nas fábricas de carros se tornaram comuns desde o início da pandemia – e a Volkswagen já anunciou, de novo, a interrupção de duas linhas de montagem no país. Como isso afeita o consumidor? Para começar, pelo bolso: os preços devem se manter nas alturas por meses e é pouco provável que voltem a baixar. Mas também é o melhor momento para se desafazer do carro que está na garagem.

Com valorização acima da inflação, os modelos zero-quilômetro têm puxado para cima todo o mercado (inclusive de seminovos). Só que o problema não está apenas na falta de componentes para a produção, porque também há outros fatores, como aumento das commodities e do dólar, segundo Cássio Pagliarini, especialista da consultoria Bright Consulting. Veja o que mais poderá mudar para os clientes.

Como a paralisação das linhas de montagem afetam os consumidores?

“Para começar, afeta pela disponibilidade e pelo preço. Porque existe o risco de o consumidor querer comprar determinada versão ou cor e essa opção não estar disponível. Isso pode acontecer com mais facilidade nas versões simples ou modelos com menos rentabilidade. Diante da falta de componentes, as empresas priorizam veículos mais rentáveis.

Em relação aos preços, quando existe plena concorrência, também há mais descontos, financiamentos com melhores condições e ofertas especiais. Porém, quando faltam produtos no mercado, ninguém faz isso e é o consumidor que acaba pagando mais caro”.

E de que forma pode afetar o mercado automotivo?

“Os preços subiram tanto pelo aumento de commodities, como aço, alumínio, vidro, borracha e derivados de petróleo, como pela valorização do dólar, pois existe uma quantidade considerável de componentes importados nos carros.

Somente no período da pandemia, os modelos já ficaram cerca de 18% acima da inflação. E, com esses aumentos dos carros novos, também há valorização proporcional dos usados. No momento em que falta disponibilidade, isso fica ainda mais evidente”.

Quais mudanças realmente serão definitivas para o mercado?

“Os preços de commodities e conteúdos importados provavelmente não voltarão ao patamar de antes, já que dependem da valorização do real e é pouco provável que isso aconteça. E os carros estão cada vez mais equipados, seja por questões regulatórias como exigências do mercado.

Por esse motivo, carros menores, como Chevrolet Onix, Fiat Argo e Volkswagen Polo, já têm preços que encostam nos SUVs. E os utilitários têm levado a preferência do consumidor.

Por isso, acredito que talvez exista espaço para modelos de entrada, como Fiat Mobi e Renault Kwid. Só que o segmento logo acima será impactado. Prova disso é que o novo Citroën C3 é inspirado nos SUVs, mais ou menos como Caoa Chery Tiggo 3X, Fiat Pulse e Volkswagen Nivus”.

E como o consumidor deve agir nesse momento?

“Quem tem um carro usado e pode ficar algum tempo sem, é melhor vender. Nunca teve um momento melhor para vender carros usados que agora. Para quem tem dois na garagem e puder abrir mão de um, a dica é vender aquele que tiver melhor avaliação de mercado e fazer caixa.

É provável que daqui seis meses já esteja regularizado abastecimento de componentes. E, durante a pandemia, muito dinheiro que não foi gasto com viagens e lazer serviu para comprar carros. Com esses recursos de volta aos lugares de origem, os preços podem ficar mais competitivos”.

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