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Por que os motoristas da Amazon estão pendurando celulares em árvores

Um estranho fenômeno tem ocorrido nos arredores das estações de entrega da Amazon.com e supermercados Whole Foods nos distritos de Chicago

O fato de os motoristas recorrerem a métodos tão extremos é emblemático sobre a forte competição por trabalho na economia americana (Christopher Dilts/Bloomberg/Getty Images)

O fato de os motoristas recorrerem a métodos tão extremos é emblemático sobre a forte competição por trabalho na economia americana (Christopher Dilts/Bloomberg/Getty Images)

Janaína Ribeiro

Janaína Ribeiro

Publicado em 1 de setembro de 2020 às 18h28.

Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 19h55.

Um estranho fenômeno tem ocorrido nos arredores das estações de entrega da Amazon.com e supermercados Whole Foods nos distritos de Chicago: smartphones pendurados em árvores. Motoristas de entrega terceirizados estão colocando celulares em árvores para conseguir vantagem sobre os rivais em busca de pedidos, segundo pessoas a par do assunto.

Uma pessoa coloca vários aparelhos em uma árvore localizada perto da estação de origem das entregas. Os motoristas que participam do esquema então sincronizam seus próprios telefones com os da árvore e esperam nas proximidades pela coleta do pedido. A razão para a localização ímpar, de acordo com especialistas e pessoas com conhecimento direto das operações da Amazon, é aproveitar a proximidade dos aparelhos com a estação, combinada com um software que monitora constantemente a rede de despacho da Amazon, para obter uma fração de segundo de vantagem em relação a motoristas concorrentes.

O fato de os motoristas recorrerem a métodos tão extremos é emblemático sobre a forte competição por trabalho na economia americana, devastada pela pandemia e com desemprego de dois dígitos. Da mesma forma que milissegundos podem significar milhões para hedge funds que usam robotraders, um smartphone pendurado em uma árvore pode ser a chave para obter uma rota de entrega de 15 dólares antes de outra pessoa.

Motoristas postam fotos e vídeos em salas de bate-papo de redes sociais para tentar descobrir qual tecnologia está sendo usada para receber pedidos mais rapidamente do que aqueles que não têm a vantagem. Alguns se queixaram à Amazon de motoristas inescrupulosos que encontraram uma maneira de fraudar o sistema de despacho de entrega da empresa.

Em um e-mail interno visto pela Bloomberg, a Amazon disse que investigaria o assunto, mas não poderia divulgar o resultado da investigação aos motoristas de entrega. A empresa, por meio de uma porta-voz, não quis comentar.

A Bloomberg analisou fotos e vídeos de smartphones em árvores nos arredores do Whole Foods e estações de entrega da Amazon. Os arquivos mostram motoristas se aproximando dos telefones e sincronizando-os com seus próprios aparelhos, sentados ou parados próximos às unidades à espera de um alerta sobre uma rota.

Um aplicativo semelhante ao Uber, chamado Amazon Flex, permite que motoristas façam entregas em seus próprios carros. Para muitos com outros empregos, é uma forma de ganhar um dinheiro extra nas horas vagas. Mas, com o aumento do desemprego e a redução de benefícios, a competição por esse tipo de trabalho se acirrou e mais pessoas dependem disso como principal fonte de renda.

Para aumentar a pressão, menos pessoas estão usando serviços como Uber e Lyft, por isso mais motoristas precisam entregar pedidos de compras online para ganhar dinheiro. Como resultado, algumas unidades do Whole Foods agora se assemelham aos estacionamentos da Home Depot, onde trabalhadores diaristas há muito tempo se reúnem para conseguir bicos de reparos domésticos.

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