Negócios

Por que o IPO do Groupon não é só alegria

Maior site de compras coletivas do mundo deve enfrentar um cenário cada vez mais difícil, segundo especialistas

Sede do Groupon: empresa é a próxima da fila de IPOs nos EUA (Scott Olson/Getty Images)

Sede do Groupon: empresa é a próxima da fila de IPOs nos EUA (Scott Olson/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2011 às 18h25.

São Paulo - Na carta em que convida investidores a participar do IPO do Groupon, seu presidente, Andrew Mason, afirma que o maior site de compras coletivas do mundo é o que está mais bem posicionado para remodelar o comércio. O otimismo, porém, não é compartilhado por todos. Para alguns especialistas, o Groupon deve enfrentar um cenário cada vez mais difícil de concorrência e mercado.

O Groupon apresenta taxas de crescimento exponenciais desde que foi criado há três anos em Chicago. Em 2009, por exemplo, a empresa faturou 30 milhões de dólares, ante 713 milhões no ano passado. A empresa vendeu 1,2 milhão de cupons no ano retrasado, frente a 30,3 milhões em 2010.

O desempenho é o principal argumento de quem afirma que o Groupon tem tudo para repetir a meteórica trajetória de outra empresa pontocom na bolsa: o Linkedin. A rede social focada em relações profissionais viu o valor de suas ações mais do que dobrar no primeiro dia de negociação na bolsa.

E o lucro?

Mesmo os mais céticos não descartam um salto no valor das ações do Groupon nos primeiros meses de movimento na bolsa, mas o problema é o que a direção da empresa fará para tornar esse valor sustentável no longo prazo.

O primeiro desafio é bastante básico: tirar o site do vermelho. No ano passado, o prejuízo líquido do Groupon foi de 389 milhões de dólares. No primeiro trimestre deste ano, as perdas foram de 102 milhões.

A empresa confia que seu modelo de negócios pode cumprir a tarefa sem problemas, mas há quem diga que não é bem assim. Um dos motivos seria a facilidade com que os concorrentes podem imitar o modelo de negócios do Groupon. Somente nos Estados Unidos, estima-se que haja mais de 400 sites de compras coletivas em operação.


Outra novidade da internet que vai dificultar a vida do Groupon são os agregadores de ofertas. Do mesmo modo que, nos primórdios do comércio eletrônico, surgiram ferramentas de comparação de preços, agora já se vêem os primeiros agregadores de promoções de compras coletivas, como o Kalood, uma start-up gerada na Universidade do Texas.

Essas ferramentas tendem a drenar parte da audiência cativa do Groupon – e nada garante que o site conseguirá, sempre, oferecer as melhores ofertas. O internauta pode, simplesmente, clicar no desconto proposto por um concorrente.

Roteiro conhecido

Para alguns, como o professor de Economia da Melbourne Business School Joshua Gans, o Groupon está seguindo um caminho já conhecido. Em um post de blog na Harvard Business Review, reproduzido pelo The Wall Street Journal, Gans é taxativo.

“Posto de modo simples, a nova indústria de cupons de desconto está seguindo um caminho comum a muitos segmentos, com um líder com sucesso inicial, uma enxurrada de estreantes e, finalmente, uma grande chacoalhada.”

É por isso que Gans e outros observadores defendem que o melhor para o Groupon seria ter aceito a oferta de 6 bilhões de dólares do Google pelo seu controle “enquanto tinha chance.”

Dar respostas convincentes para esses desafios e sustentar bons resultados nos próximos meses será crucial para o sucesso do Groupon na bolsa. Afinal, os investidores não costumam dar descontos para empresas que lhes trazem prejuízos.

Acompanhe tudo sobre:Andrew MasonComércioCompras coletivasConcorrênciae-commerceEmpresasEmpresas de internetGrouponIndústria digitalIPOsMercado financeiro

Mais de Negócios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é

Imigrante polonês vai de 'quebrado' a bilionário nos EUA em 23 anos

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira