Bruno Kelly/Reuters (Bruno Kelly/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2021 às 16h17.
Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 13h01.
Talita Assis
A poucos dias do início da Conferência do Clima da ONU, a COP26, intensificam-se as discussões sobre a importância da Amazônia. Uma das metas brasileiras no Acordo de Paris é zerar o desmatamento ilegal até 2030 e o mundo pressiona por medidas de conservação da floresta. Mas de que formas o desmatamento da Amazônia impacta o clima?
Além de possíveis impactos no clima local, devido a mudanças na estrutura na floresta, como o aumento de temperatura e a diminuição da umidade, o desmatamento da Amazônia pode afetar o clima em escalas mais amplas.
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A umidade trazida da Amazônia para o centro-sul do Brasil exerce um papel fundamental no regime de chuvas do país. Essa umidade é resultado de uma combinação da elevada evapotranspiração das árvores (evaporação da água do solo mais a transpiração das plantas) com a grande capacidade de formação de nuvens na floresta. Como um rio aéreo, as nuvens se deslocam em direção ao oeste e depois curvam-se para o sul, conduzido pelos Andes.
A elevada evapotranspiração que faz com que parte significativa da água das chuvas retorne à atmosfera, ocorre porque as raízes profundas das árvores da floresta conseguem acessar grandes quantidades de água do solo, mesmo que estejam armazenadas a mais de 10 metros de profundidade. Assim, mesmo nas épocas mais secas, quando há pouca água disponível, as árvores conseguem captar água do solo profundo e manter altos índices de retorno da umidade à atmosfera.
Portanto, quando uma área é desmatada essa capacidade é comprometida, afetando o transporte de umidade da região amazônica para o centro-sul do país. Alterações neste transporte podem impactar os mananciais e, consequentemente, a agricultura, a produção energética e abastecimento de água do país.
Quando uma árvore morre, o carbono nela armazenado é liberado para a atmosfera. Esse processo é natural e parte do ciclo do carbono, que envolve todos os seres vivos. Porém, quando ocorre a mortalidade expressiva de árvores, como no desmatamento, há grande emissão de CO2. Esse processo é potencializado quando essa mortalidade acontece em uma mata densa, composta de muitas árvores de grande porte, que possuem enorme quantidade de carbono que foi sendo armazenado durante seu crescimento ao longo de muitos anos, como no caso da Amazônia.
Este aumento das emissões é um grande problema em um momento em que as mudanças climáticas são uma realidade e a redução das emissões é urgente. Segundo o novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a concentração de CO2 na atmosfera é maior agora do que foi em qualquer outro momento dos últimos 2 milhões de anos. Essa concentração tão elevada de CO2 e outros gases de efeito estufa tem desencadeado um processo de aumento da temperatura média do planeta, causando um desequilíbrio que, além da elevação dos níveis dos oceanos, aumento de temperatura e redução das chuvas, levará a aumento da ocorrência de eventos extremos como enchentes, furações e extremos de calor em diversas regiões.
Combinados, estes fatores se somam as preocupações dos especialistas quando o assunto é desmatamento da Amazônia e fomentam as discussões da sociedade como um todo, conduzindo estratégias de mercado e escolhas de consumo. É importante lembrar, no entanto, que a importância da Amazônia vai além da regulação climática. Nós, da EXAME, acreditamos que o conhecimento é central para despertar o interesse em preservar. E por isso iremos mostrar toda a diversidade e desafios que envolvem a Amazônia brasileira através de um portal dedicado ao assunto. Conheça o Amazônia em EXAME.
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