Negócios

Por que Graça se saiu melhor que a Petrobras, após um ano

Lucros caem, ações despencam, mas a presidente da estatal ganha voto de confiança dos investidores por sua franqueza

Graça Foster, presidente da Petrobras: horizonte difícil para 2013 (Marcello Casal Jr./ABr)

Graça Foster, presidente da Petrobras: horizonte difícil para 2013 (Marcello Casal Jr./ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 10h43.

São Paulo - Há cerca de um ano, Maria das Graças Silva Foster assumia a presidência da Petrobras. Os meses passaram e o leme de uma das maiores empresas do país parece ter ficado mais pesado: em 2012, a Petrobras viu seu lucro líquido cair 36% chegando a 21,2 bilhões de reais, seu pior resultado em oito anos.

E não foi só isso. A produção de petróleo diminuiu, o endividamento rompeu o limite estabelecido como ideal pela própria empresa e a importação de gasolina e diesel sangrou o caixa da companhia. Como o governo não deu sinal verde para o reajuste integral dos combustíveis com medo de alimentar a inflação, a Petrobras acabou pagando a conta do subsídio.

Uma fatura, aliás, que superou os próprios ganhos da estatal: no ano passado, o prejuízo na área de abastecimento, responsável pelo refino e importação, foi de 22,9 bilhões de reais - uma escalada de 130% sobre o ano anterior.

Se a olhada pelo retrovisor assombra os investidores, o horizonte vindouro não é dos mais róseos: em teleconferência de resultados, a própria Graça admitiu que 2013 será um ano difícil, em especial no primeiro semestre. Com paradas programadas nas plataformas, a Petrobras deverá novamente enfrentar problemas na produção.

Transparência

Como se vê, o clima não é de festa na companhia. Mas, no mercado, muita gente parece ver motivos para comemorar o aniversário de Graça à frente da estatal. "Pelo lado positivo, há a franqueza e a coragem dela de falar a verdade sobre o que está realmente acontecendo na empresa. Não é o que víamos em gestões anteriores", afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Publicamente, Graça continua levantando a bandeira pela paridade no preço dos combustíveis e pelo aumento da eficiência dentro da Petrobras. A partir de abril, a empresa contará com um data-room com informações sobre seus ativos à venda. Tudo para fazer o programa de desinvestimento enfim deslanchar, reforçando o caixa da companhia. Para preservá-lo, a Petrobras também decidiu pagar um dividendo menor para as ações ordinárias. Historicamente, os papéis recebiam o mesmo percentual das ações preferenciais.


"A Petrobras é um navio muito grande, conseguir virá-lo demora um pouco", afirma Pedro Galdi, analista da SLW. "A empresa sempre foi utilizada como um mecanismo político. O problema é que o valor da companhia foi destruído nos últimos anos. Agora, estão tentando arrumar a casa, com uma pessoa técnica na presidência para capitalizar a empresa através desses movimentos."

Sem dia fácil

Para Lucas Brendler, da Geração Futuro, Graça está atravessando um período de ajustes para colher os frutos lá na frente, entre 2014 e 2015. Até lá, a presidente terá uma tarefa hercúlea pela frente. "Agora é trabalhar a questão do fornecedor, o cumprimento de cronogramas, racionalidade de metas, principalmente em termos de produção, e a financiabilidade dos investimentos", opina.

Em sua primeira coletiva como presidente da Petrobras, Graça afirmou que ninguém na companhia trabalhava com conforto. "Aqui é desconforto 365 dias por ano, 24 horas por dia", chegou a dizer. Ao que parece, a tônica continuará a mesma para seu próximo ano no comando da gigante de petróleo brasileira. 

 

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasExecutivos brasileirosGás e combustíveisgestao-de-negociosGraça FosterIndústria do petróleoMulheres executivasPetrobrasPetróleo

Mais de Negócios

Ford aposta em talentos para impulsionar inovação no Brasil

Fortuna de Elon Musk bate recorde após rali da Tesla

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem