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Por que este fundador da Netflix achou melhor sair do negócio

Em entrevista a EXAME, Mitch Lowe conta como o medo de perder tudo fez com que ele deixasse um negócio que hoje vale 130 bilhões de dólares.

Pessoa assiste à Netflix na televisão (Daniel Acker/Bloomberg)

Pessoa assiste à Netflix na televisão (Daniel Acker/Bloomberg)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 20 de agosto de 2018 às 08h42.

Última atualização em 10 de outubro de 2019 às 16h26.

São Paulo – A Netflix vale hoje cerca de 130 bilhões de dólares. Mas um dos seus fundadores, Mitch Lowe, decidiu sair do negócio pouco depois que a empresa abriu capital. Por quê?

Em entrevista, Lowe explicou que a saída  ocorreu por uma mistura de medo do fracasso e busca por outras oportunidades. Ele falou a EXAME durante o evento Zendesk Presents: O Futuro da Experiência ao Cliente”, realizado em São Paulo.

“Nós abrimos capital em 2002. Em 2001 o mercado havia entrado em colapso, e muitos amigos meus que estavam em startups perderam tudo. Em um momento estavam ricos e dois minutos depois estavam pobres. Deviam impostos para o governo sobre um dinheiro que eles nem tinham mais”, conta Lowe.

“Quando abrimos o capital da Netflix, em maio de 2002, ela estava em 15 dólares por ação. Em novembro, o preço caiu para 9 dólares por ação. Era a primeira vez que eu tinha qualquer tipo de dinheiro, fiquei com medo de perder tudo. Só que eu não poderia vender ações da Netflix fazendo parte da empresa, porque isso seria insider trading. Então e eu o Marc Randolph decidimos sair, vender ações e guardar algo para os nossos filhos.”

Hoje as ações da Netflix são negociadas a 316 dólares, uma valorização de 3.500% em relação aos 9 dólares citados por Lowe...

Mitch Lowe, um dos fundadores da Netflix, no evento Zendesk Presents

Mitch Lowe, um dos fundadores da Netflix, no evento Zendesk Presents (Zendesk/Divulgação)

Além de temer que o negócio não desse certo, Lowe recebeu na mesma época uma proposta para atuar em outro empreendimento em parceria com o Mc Donald’s: a Redbox. “Na década de 1980 eu tive um negócio de vending machines que alugava filmes VHS e falhou miseravelmente. Eu sempre achei era um negócio que havia surgido cedo demais. Então o Mc Donald’s me chamou e perguntou se eu não queria tocar um negócio de vending machine de DVDs, no Mc Donald’s”, lembra o empresário.

“Saí por uma combinação de medo de achar que a Netflix iria para o mesmo caminho que todos foram e de uma outra oportunidade que surgiu”, resume.

Hoje, Lowe está à frente de outro negócio envolvendo entretenimento: a startup Movie Pass, um serviço de assinatura para quem quer ir ao cinema.

A empresa ainda precisa mostrar a que veio. Recentemente o negócio teve de pedir 5 milhões de dólares emprestados para colocar seu aplicativo de volta ao ar – derrubado por, possivelmente, falta de dinheiro para sustentar as idas de seus usuários aos cinemas. Mas não é de se ignorar que, com nove meses no mercado, ela tenha 3 milhões de assinantes nos Estados Unidos e uma taxa de cancelamento de 1% ao mês.

É evidente que Lowe gosta de criar novos negócios. Mas sair da Netflix em 2002 não parece ter sido a opção mais rentável...

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