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Por que a Endeavor acredita que teremos "decacórnios" em 2035 — e o plano para chegar lá

Uma das principais redes globais de empreendedorismo planeja captar US$ 300 milhões para o fundo Catalyst V em 2025

Anderson Thees, diretor-geral da Endeavor Brasil, e Linda Rottenberg, cofundadora e presidente global da Endeavor (Beto Lima/Divulgação)

Anderson Thees, diretor-geral da Endeavor Brasil, e Linda Rottenberg, cofundadora e presidente global da Endeavor (Beto Lima/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 27 de janeiro de 2025 às 14h13.

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A Endeavor, uma das principais redes globais de apoio ao empreendedorismo, traçou um ambicioso plano para os próximos anos: até 2035, a organização pretende ter 50 empresas avaliadas em mais de US$ 10 bilhões — os chamados "decacórnios" — em seu portfólio. A organização planeja captar US$ 300 milhões para o fundo Catalyst V em 2025, com meta de alcançar US$ 1,5 bilhão sob gestão na próxima década.

O objetivo faz parte da visão estratégica apresentada por Linda Rottenberg, cofundadora e presidente global da Endeavor, durante um encontro com a imprensa em São Paulo na última sexta-feira, 24. A americana não visitava o Brasil há oito anos.

Atualmente presente em 45 países, a Endeavor já apoia 2.600 empreendedores em 345 empresas, que geram US$ 67 bilhões em receita anual e criaram mais de 4,1 milhões de empregos globalmente. Das empresas apoiadas, 94% continuam ativas; 58 são "unicórnios" (avaliadas em mais de US$ 1 bilhão), 26 foram adquiridas e 11 realizaram IPOs.

No Brasil, o terceiro país a receber uma operação da Endeavor após Argentina e Chile, a organização já investiu em 47 empresas, incluindo nomes como Wellhub (antiga Gympass), Pismo, Brex e Kavak. Com US$ 131 milhões em investimentos na América Latina, a Endeavor reforça seu papel como catalisadora da inovação em mercados emergentes.


O caminho até 2035

Para a Endeavor, o caminho até os "decacórnios" é baseado em quatro pilares principais: apoio aos fundadores, expansão para 100 países, fortalecimento das "máfias" de empreendedores — redes de ex-funcionários e fundadores que criam novos negócios a partir de empresas bem-sucedidas — e o fundo Endeavor Catalyst.

O fundo Catalyst, parte central da estratégia, opera em um modelo único de investimento 50/50: metade dos retornos vai para os investidores e a outra metade é reinvestida na organização, garantindo sua sustentabilidade. Os fundos de venture capital, no geral, focam em dar o máximo de retorno para os investidores, e só reinvestem quando levantam novas rodadas.

Desde sua criação, o Catalyst já realizou 330 investimentos em 30 países, com 60 empresas do portfólio avaliadas acima de US$ 1 bilhão.

"Não queremos levantar bilhões de dólares e arriscar diluir a qualidade dos investimentos. Nosso foco é continuar apoiando os melhores empreendedores, onde quer que estejam", afirma Rottenberg.


Mais ou menos globalização?

Em um contexto de constantes mudanças geopolíticas — intensificado por tarifas comerciais impostas por Donald Trump, que ampliam a incerteza econômica global —, Rottenberg acredita que a Endeavor tem um papel crucial como rede de confiança para empreendedores ao redor do mundo.

"Estamos em um momento em que o capitalismo e a globalização são questionados. Mas os fundadores mostram que é possível construir pontes e criar impacto positivo, independentemente de fronteiras", afirma.

Ela também destacou que os EUA, embora ainda sejam uma referência, não são mais o único polo de inovação. A nova geração de empresas brasileiras, por exemplo, está cada vez mais internacionalizada para Rottenberg, com expansão para mercados como México, Colômbia e até regiões fora da América Latina, como Oriente Médio e África. A Nubank, por exemplo, já conta com uma operação em solo mexicano.


'Jeitinho brasileiro'

Linda Rottenberg destacou que a cultura empreendedora brasileira é marcada por uma característica única: os fundadores estão investindo ativamente nas novas gerações. "Isso é raro em outros mercados, onde muitas vezes os "pioneiros" sentem ressentimento pelo destaque das novas lideranças", afirmou.

Rottenberg ainda destacou o papel do Brasil como um dos maiores escritórios da rede global da Endeavor, representando 20% das operações globais. "O Brasil não é apenas um dos primeiros mercados a receber a Endeavor, mas também um dos mais relevantes. Hoje, cerca de 47 empresas brasileiras fazem parte do portfólio global, demonstrando a força do país como polo de inovação e crescimento", diz.

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