Fachada do escritório da Locaweb, na zona sul de São Paulo (Locaweb/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 15 de julho de 2019 às 10h00.
Última atualização em 15 de julho de 2019 às 14h26.
A Locaweb é uma das mais antigas empresas da internet brasileira. Surgiu em 1998, em uma das primeiras ondas de lançamentos de sites e produtos voltados para o meio online, inicialmente voltada para hospedagem de sites e operações digitais de empresas.
O negócio de hospedagem ainda é responsável por 39% do faturamento da companhia, que foi de 400 milhões de reais em 2018, alta de 10% em relação ao ano anterior. No entanto, para se manter relevante nas últimas duas décadas, a empresa precisou ampliar sua atuação e hoje oferece 21 serviços para seus mais de 300 mil clientes, de e-mail marketing a suporte para comércio eletrônico e meios de pagamentos. Para chegar aos novos mercados, investiu na aquisição de diversas startups.
Apesar do crescimento, enfrenta fortes concorrentes em cada uma de suas novas áreas de atuação, como Amazon e Microsoft, em seus serviços de nuvem, e PagSeguro e Mercado Pago, em meios de pagamento.
Novo espaço
A representação das transformações na Locaweb é o seu novo escritório, na zona sul de São Paulo. Chegou ao novo prédio em 2008. Depois de mais de dez anos, o escritório foi modernizado para refletir o espírito das startups adquiridas, com ambientes mais abertos e benefícios para os funcionários. Agora, há refeitório interno e lanchonete, espaços de descontração e ambiente de trabalho aberto.
No antigo escritório, havia mais divisórias entre as mesas e entre diretores e funcionários. A empresa adotou o conceito de espaço aberto para as estações de trabalho e a presidência fica em uma sala central com paredes de vidro. A nova configuração facilita o diálogo entre diretores e facilita o andamento das questões mais estratégicas - antes, para tomar uma decisão, era preciso enfrentar a burocracia de marcar reuniões.
Nesse espaço, ficam 950 funcionários, de um total de 1.500. A companhia tem ainda escritórios em Porto Alegre, Curitiba, Recife e Marília.
Servidores potentes
O prédio onde a Locaweb se encontra, na zona sul de São Paulo, já tinha estrutura para abrigar uma empresa de tecnologia. Por isso, a Locaweb conseguiu instalar o seu centro de dados e servidores no meio do prédio.
O espaço tem capacidade para mais de 20 mil servidores, que ficam protegidos por salas blindadas, com estrutura reforçada e temperatura constante em 21°C. No centro, há ainda um cofre que abriga estruturas financeiras e bancárias.
Os servidores no local hospedam cerca de 20% de toda a internet brasileira, segundo dados da Hostmapper. São centenas de sites pequenos e grandes e quase 300 mil clientes. Além de pequenos e-commerces, há grandes operações funcionando no local, como a Smiles e o programa Quilômetro de Vantagens dos Postos Ipiranga.
Além dos sites de empresas e de suas operações digitais, a Locaweb também armazena mais de 6 milhões de contas de email corporativas.
Segundo Fernando Cirne, presidente da companhia, nem todos os servidores são usados ao mesmo tempo: sempre há espaço ocioso no data center, necessário em épocas de maior movimentação no comércio eletrônico, como Black Friday, Dia das Mães ou Natal.
Comprar para crescer
Parte dos avanços da Locaweb vieram de aquisições recentes de startups, que ajudam a complementar o portfólio de produtos oferecidos.
Comprou a All iN em 2013, para entrar no segmento de marketing e relacionamento digital, que cresce 25% ano contra ano. Hoje, hospeda e gerencia milhares de contas de email corporativo, além de ser responsável pelo envio de campanhas de marketing.
Para acompanhar as mudanças no mercado digital e o crescimento de diversas plataformas de comércio eletrônico, a Locaweb adquiriu a startup Tray. A empresa ajuda pequenos lojistas que querem vender por meio de plataformas de marketplace. A partir da Locaweb, o lojista pode entrar de uma só vez nos comércios eletrônicos do Mercado Livre, do Magazine Luiza e da B2W. Diesel, Northface e FutFanatics são alguns dos clientes desse serviço.
A Yapay, meio de pagamento que fazia parte da Tray, começou a atuar de forma independente em 2017. Segue a tendência do Mercado Pago, Magalu Pagamentos e Ame, da B2W, plataformas de meio de pagamentos criadas dentro dos comércios eletrônicos.
Na nuvem
Já no segmento de computação em nuvem, a companhia ganhou grandes concorrentes. A Azure, da Microsoft e a AWS, da Amazon são algumas das empresas que chegaram para tirar mercado da brasileira.
Para não ser esmagado pelas concorrentes, a Locaweb firmou uma parceria com elas. Grandes empresas fazem a gestão de seus sistemas na nuvem diretamente, mas empresas pequenas e médias não têm funcionários dedicados a isso. Foi nesse nicho que a Locaweb enxergou espaço para desenvolver um serviço de gestão de nuvem. Para isso, comprou a startup Cluster2Go e oferece suporte para empresas que queiram migrar para a nuvem.
Para expandir seu negócio principal, de hospedagem de sites, comprou a King Host em maio deste ano, que era um dos maiores competidores no segmento.
Mais do que novos serviços e clientes, as startups adquiridas trouxeram novos talentos para a companhia. Segundo Cirne, todos os fundadores das empresas ainda fazem parte do time.
A companhia conseguiu manter o crescimento nos últimos anos ao expandir sua atuação para além do negócio de hospedagem de sites. Com a aquisição de diversas empresas - e a atração de talentos - entrou em novos serviços e mercados.
No entanto, cada um desses novos segmentos tem grandes concorrentes, nacionais e internacionais, com mais capital e poder de barganha. O desafio dos próximos anos da Locaweb será se estabelecer nos novos nichos, concorrendo ou formando parceria com as gigantes.