Pedro Parente: "o que não achamos razoável é que essa política possa trazer a quantidade de problemas que trouxe para a nossa empresa”, disse presidente da Petrobras (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABR)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2016 às 20h36.
O presidente da <a href="https://exame.com.br/topicos/petrobras"><strong>Petrobras</strong></a>, Pedro Parente, disse hoje (26) que a política de conteúdo local foi “mal desenhada” e precisa ser aperfeiçoada para evitar prejuízos à estatal. </p>
“Somos a favor da política de conteúdo local. O que não achamos razoável é que essa política possa trazer a quantidade de problemas que trouxe para a nossa empresa, inclusive de atrasos de entrega de equipamentos”, disse o executivo a empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Criada para estimular a indústria nacional, a política de conteúdo local para o setor de petróleo e gás prevê um percentual mínimo de compras de bens e serviços brasileiros na atividade de exploração.
A exigência, segundo Parente, além de atraso na entrega de equipamentos, tem elevado o custo de aquisições da Petrobras. “Tivemos um problema recente agora de uma plataforma que recebemos, que por força da exigência do conteúdo local, veio com um preço 40% acima do preço que foi da avaliação que nós fizemos que custaria. “Não dá. Qualquer um dos senhores que fosse proprietário dessa empresa não aceitaria isso”, disse.
Na reunião na Fiesp, Parente apresentou aos empresários o Plano Estratégico e Plano de Negócios e Gestão 2017-2021 da Petrobras.
O presidente da estatal disse que não é contra a política de conteúdo local, mas reforçou que o mecanismo precisa ser aperfeiçoado. “Tem que ter uma política de conteúdo local e queremos participar desse processo, mas não dá para aceitar uma coisa como essa. Não dá para pagar 40% acima de um preço porque a política foi mal definida, mal desenhada. Essa política é ruim”, acrescentou.
Braskem
Em entrevista após a reunião com os empresários, Parente comentou a intenção da Petrobras de vender sua participação na petroquímica Braskem, mas disse que a saída precisa ser mais bem discutida com os acionistas. “Nosso desejo é sair da participação da petroquímica e isso inclui a Braskem.
No entanto, a Braskem tem uma questão importante que é a discussão de um acordo de acionistas que precede a decisão de venda. Precisamos encontrar solução que preserve os interesses da Petrobras”, disse o gestor, sem especificar prazos para a operação.
Corrupção
Sobre os esquemas de corrupção envolvendo a estatal, investigados pela Operação Lava Jato, Parente disse que a empresa é a vítima das irregularidades apuradas na ação.
“Nós, como vítimas que fomos, fomos assistentes de acusação em todos os processos”, disse. Segundo ele, a Petrobras criou uma estrutura na companhia para lidar com as demandas ligadas às investigações.