Sede do IRB: Polícia federal faz buscas (Divulgação/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 12 de março de 2020 às 12h29.
Última atualização em 2 de agosto de 2021 às 10h17.
A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira operação de buscas na sede da resseguradora IRB Brasil RE, em São Paulo. As buscas fazem parte da operação Suitcase, e estão relacionadas à delação premiada de duas pessoas que citaram o ex-vice-presidente executivo do IRB, Fernando Passos.
No inicio deste ano, o Superior Tribunal de Justiça anulou por completo a busca e apreensão. O tribunal entendeu que faltou fundamentação jurídica para justificar a operação. "Na hipótese dos autos, verifica-se, sem necessidade de revolvimento de fatos e provas, mas pela simples leitura do decreto de busca e apreensão, que, realmente, a decisão que decretou a busca e apreensão em desfavor o paciente se encontra deficientemente fundamentada [...]”
O caso em investigação se refere ao período em que Passos foi diretor do Banco do Nordeste. As buscas também ocorrem em Fortaleza, no Ceará. Em nota, o IRB afirma que a operação da PF não tem relação com a empresa.
As ações do IRB caíram 75% desde janeiro, o que levou à renúncia do presidente da companhia, José Cardoso, e do vice-presidente executivo, financeiro e de relações com investidores, Fernando Passos. Werner Suffert foi eleito pelo Conselho de Administração para a posição de vice-presidente executivo, financeiro e de relações com Investidores do IRB Brasil. Ficará como presidente interino até que outro executivo seja escolhido. Até então, ele que ocupava o cargo de CFO e IRO da BB Seguridade.
Na terça-feira, Antonio Cassio dos Santos foi indicado como novo presidente do conselho de administração da companhia. A presidência do conselho do IRB está sendo ocupada de forma interina pelo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, após a saída repentina do ocupante anterior do cargo, Ivan Monteiro, alegando problemas de saúde.
A troca do comando da companhia se deve a uma crise de confiança do mercado. Na semana passada, a Berkshire Hathaway, empresa do bilionário Warren Buffett, divulgou um comunicado negando que tenha comprado ações da resseguradora. Disse ainda que as informações de que faria parte do quadro de acionistas estão incorretas e que não é acionista do IRB, nunca foi e também não tem intenção de se tornar investidor da companhia brasileira.
Uma reportagem publicada pelo Estado de São Paulo afirmou que entre os dias 6 e 18 de fevereiro, a Berkshire Hathaway aproveitou a baixa das ações da resseguradora para ampliar a sua participação, já que as ações da companhia acumulavam queda de mais de 30% na Bolsa até aquela data.
O recuo dos papéis se deu depois que a gestora fluminense Squadra publicou duas cartas aos acionistas afirmando que estava operando short [vendido] na IRB, ou seja, estava na posição vendida, visando obter lucro com a desvalorização do ativo.
As ações da IRB Brasil entraram em trajetória de queda desde que a gestora Squadra publicou a primeira carta, no início de fevereiro, questionando os números apresentados pela empresa em demonstrações financeiras. Hoje a companhia vale 11,8 bilhões de reais na bolsa de valores B3.
*A matéria foi atualizada para incluir desdobramentos do processo judicial.