Poderosos se permitem quebrar regras devido ao peso do cargo e à sensação de impunidade (.)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2010 às 15h51.
São Paulo - Além de corromper, o poder também aumenta a hipocrisia. É o que aponta uma pesquisa da Tilburg University, nos Estados Unidos. O trabalho, publicado no periódico Psychological Science, pretendia descobrir se o poder está diretamente ligado à falsidade e ao jogo-duplo por parte de presidentes de empresas. O resultado não foi animador.
Os estudiosos concluíram que autoridade e influência estão realmente relacionados à hipocrisia, na qual os poderosos se encaixam no clichê "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" para com seus liderados.
O experimento envolveu mais de 300 pessoas de diferentes níveis dentro das organizações. Os participantes foram submetidos a diferentes tipos de dilemas morais, como, por exemplo, a validade de burlar as leis de trânsito quando se está atrasado.
Dois pesos
Os executivos que tinham um cargo mais alto tendiam a avaliar as transgressões de subalternos de forma muito dura, mas consideravam que essas regras eram mais maleáveis consigo mesmos. Eles também condenavam severamente quem praticava traições, mas eles próprios também assumiram trair.
Assim, os estudiosos perceberam que, quanto maior o cargo, mais os participantes se sentiam no direito de quebrar as regras, principalmente pela sensação de que seu posto assim permitia e pela garantia de impunidade. Mas, de acordo com os pesquisadores, esse caminho tem volta.
Nos casos em que o líder não se sente mais merecedor ou capaz de preencher a posição que ocupa, a tendência é que ele se iguale aos outros níveis e se autoavalie de forma parecida. E os pesquisadores alertam: se o líder não tem essa consciência, seus subordinados podem colocar sua reputação em risco, com fofocas e desrespeito, ao expor suas falhas de caráter.